Também fiquei surpreendido com a revelação no fim da assembleia de que havia uma queixa no IGAT sobre a situação legal das empresas presentes no parque industrial.
Não sabia da notícia e segundo o Presidente da Câmara a queixa foi feita pelo PS de Estarreja. Em assembleia, a líder do PS falou depois desta intervenção e não desmentiu a informação dada, o que é estranho, pois se tinha a certeza que não foi o PS porque razão não disse logo isso? Penso que será importante esclarecer isto.
Mas tudo isto é muito estranho, pois foi também numa outra assembleia que a líder do PS perguntou se as empresas que estão instaladas no parque industrial, estão legalizadas ou não? Ora se perguntou é porque desconfiava de alguma coisa. E, por isso, é muito estranho que apareça agora uma queixa destas. Talvez seja apenas coincidência, quem sabe?
Mas também é muito estranho que apareça uma queixa no IGAT sobre uma questão tão específica e que a mesma não tenha sido feita por nenhuma força política? Seria a primeira vez na história do município que isto aconteceria.
É claro que se a queixa não foi feita pelo PS, o Presidente da Câmara errou e terá que pedir desculpas pela acusação que fez. Mas se o PS de Estarreja possui alguma ligação à queixa então a acusação do Presidente da Câmara tem alguma razão de ser.
Gostava também de dizer que não tenho nada contra as pessoas ou os partidos fazerem queixas. Estão no seu direito legítimo. O PSD a seu tempo também as fez e a oposição tem obviamente todo o direito de as fazer. Portanto, não condeno ninguém por isso. E no caso em análise (dado o desmentido do PS) aguardo que se apure de facto quem foi o autor da queixa.
Por outro lado, a queixa feita nada tem a ver com o dossier do Ikea, mas sim com a situação actual das empresas instaladas.
Ora sobre isto tenho algumas coisas a dizer.
Todas as empresas que estão instaladas no parque receberam quando da sua candidatura toda a documentação sobre o estado do parque desde o documento caracterizador do parque até regulamento de venda dos terrenos e política de preços e por aí fora. Portanto, todas elas sabiam as condições do parque e quais as suas condições de instalação. Por outro lado, todas as empresas são alvo de um licenciamento industrial próprio autorizado pelo Ministério da Economia.
Portanto, acho difícil que alguma lei tenha sido violada em relação às empresas que já estão instaladas e por essa razão acho também difícil que o IGAT venha a descobrir alguma ilegalidade. É apenas a minha opinião e vale o que vale, ou seja, muito pouco, pois baseia-se apenas naquilo que observo. Ou seja, do meu ponto de vista parece-me difícil que as empresas instaladas estejam todas ilegais e que a câmara e o próprio ministério estejam a autorizar ilegalidades em cima de ilegalidades.
No entanto, se alguma irregularidade foi cometida é bom que seja apurada e corrigida. Compete ao IGAT descobrir isso. Como entidade fiscalizadora tem obviamente todo o direito de fiscalizar os actos da câmara e apurar responsabilidades caso existam. É para isso que existe.
Mas também não posso deixar de chamar a atenção para o esforço enorme que a câmara tem feito para ter o parque a funcionar de forma a trazer para cá novas empresas. E percebo, por isso, que não fique nada satisfeita quando constata que há queixas no IGAT contra aquilo que já foi feito.