sábado, julho 30, 2005
Uma revista excelente para se ler nas férias. A revista Atlântico.
 
posted by Jose Matos at 22:13
Já estou a ver daqui a um ano os socialistas a correr na nova pista de atletismo a pensar assim: como é que nos deixamos enganar desta maneira? E vão de facto precisar de correr muito para ganhar alguma coisa em Outubro.

 
posted by Jose Matos at 00:49
sexta-feira, julho 29, 2005
Já sabia que na blogosfera iam surgir teorias mirabolantes sobre a nova lista à Câmara. Já sabia que o meu amigo Vladimiro Jorge as ia alimentar no seu blogue. Mas digamos que são teorias um pouco na senda de totoloto de nomes que houve na última semana. Ora como ninguém acertou no totoloto, o mesmo se passa com o resto.

Para os mais curiosos, que não sei porquê gostam muito de saber coisas sobre nós, vou contar-vos que a história da nova lista é muito simples e não tem nada de especial. A saída do José Cláudio Vital, veio obviamente obrigar a uma pequena mexida na lista prevista. Já agora sobre as razões da saída de José Cláudio (que são dele e pessoais), posso já dizer-vos que nada tem a ver com questões políticas, como tanto se diz por aí. E tanto assim é que ele vai continuar ligado a este projecto político, mas exercendo outras funções que a seu tempo saberão quais são. Mas voltando à lista com a saída do José Cláudio houve necessidade de convidar uma nova pessoa para esse lugar. A escolha de João Alegria foi muito bem feita, pois como já expliquei noutro post é o homem certo para o lugar certo.

Relativamente ao quarto nome, já há quatro anos tinha sido sondado para integrar a lista à Câmara. Na altura, não aceitou, mas agora perante nova insistência acabou por ceder e integrar esta nova equipa. A passagem do elemento do CDS/PP para 5º lugar deveu-se apenas a um acerto no acordo da coligação, nada mais do que isso.

É claro que fico satisfeito em saber a admiração que o Vladimiro Jorge tem pelo José Fernando Correia e pelo José Cláudio Vital. Como nunca o tinha visto tão fã destes dois nomes, achei estranho tanto elogio. É claro que se os dois nomes citados fizessem parte da lista em questão, os mesmos que agora dizem que é pena eles não estarem lá iam dizer uma coisa ligeiramente diferente, ou seja, que eram cartas batidas e que a coligação estava velha e acabada, pois apostava sempre nos mesmos do costume. Portanto, eu já conheço este discurso. Tanto dá para um lado como para o outro. Mas registo a simpatia.
 
posted by Jose Matos at 22:24
Continuando na notícia que saiu no Jornal da Ria a propósito da reunião do PS com atletas do concelho começo a notar outras coisas estranhas e mal planeadas. Quando vamos para uma reunião destas os candidatos devem falar do que lhes compete. Ora esta era uma reunião, onde apenas a Catarina e o Teixeira da Silva deviam de falar e apresentar propostas, além obviamente dos convidados. Portanto, quem devia ter apresentado as propostas para o desporto era a Catarina e não o Manuel Pinho Ferreira. A não ser que o Manuel Pinho venha a ser o vereador com competências no desporto, mas se é esse o caso, então porque razão apresentam a Catarina como responsável por essa área? Há aqui alguma coisa que não bate certo? Ou será mais um daqueles erros na estrutura da campanha?

Bem, das medidas propostas há duas que me saltam à vista. Um pavilhão multiusos e uma estrutura para a prática de atletismo. O pavilhão multiusos é uma velha ideia da coligação que se tornou inviável financeiramente por causa da construção da nova piscina municipal. Portanto, ou se fazia uma coisa ou se fazia outra. E parece-me mais importante uma nova piscina do que um pavilhão multiusos. Ora, mas se o PS ganhar as eleições suponho que continuará com o projecto da nova piscina. Ora se vai continuar com o projecto da nova piscina, onde é que vai arranjar dinheiro para o pavilhão multiusos? É que estamos a falar de duas obras na casa dos 2 milhões de euros. Portanto, ou se faz uma coisa ou se faz a outra. Ora como não é possível fazer as duas, calculo que o PS com esta medida esteja a dizer-nos que não vai fazer a nova piscina e que vai dar prioridade ao novo pavilhão. Ora como penso que isso é inconcebível só posso concluir que quem promete um pavilhão multiusos para Estarreja no actual momento, só pode estar a brincar ou então meteu lá isso sem saber o que estava a fazer. E eu aqui inclino-me mais para a última hipótese, ou seja, na sua inocência o PS está mesmo a falar a sério, só que não sabe o que está a prometer. E esta minha conclusão confirma-se na próxima medida.

A ideia de uma estrutura para a prática de atletismo apareceu nesta reunião por intermédio de alguém ligado ao Centro Recreativo de Estarreja (CRE). Só que a pessoa que apresentou a ideia esqueceu-se de dizer que já tinha apresentado a mesma ideia ao actual executivo e que a câmara já tinha um projecto aprovado e orçamentado no Plano de Actividades de 2005 para este efeito. Quem pegar no Plano de Actividades de 2005, pode reparar no projecto G2/2005, onde aparece referido a construção de uma pista de atletismo durante o período 2005/2006. Ora o PS embora aqui tenha sido induzido em erro pelo elemento do CRE, tinha obrigação de conhecer o Plano de Actividades e de saber que essa estrutura já estava mais do que prevista no Plano. É claro que o elemento do CRE não teve aqui um comportamento muito correcto nem com o PS nem com a actual câmara, pois devia ter dito que já tinha apresentado o projecto à Câmara em 2004 e que mesmo fora objecto de planeamento no executivo tendo tido várias reuniões com o vereador responsável sobre essa questão. Assim fez com que o PS apresentasse um projecto que está prestes a ser executado. Ora o Partido Socialista fica agora numa posição muito aborrecida, pois está apresentar uma medida como sendo sua, que afinal de contas está planeada e orçamentada no actual plano da câmara. Portanto, mais uma vez na sua inocência promete uma coisa sem saber o que está a prometer. Penso que o PS em relação a esta questão só tem um caminho a seguir. É retirá-la do seu programa.
 
posted by Jose Matos at 21:51
É sempre um pouco injusto comparar pessoas, mas em política é pela comparação e pela confrontação que se podem formar escolhas.

Ora quem votar em Outubro vai fazer algumas comparações simples entre o PS e a coligação. E muita gente vai comparar pessoas ligando pouco ao programa eleitoral. Ora neste momento em que é conhecida a lista da coligação essas comparações são fáceis de fazer. Vou apenas comparar os 3 primeiros, pois desconheço quem é o 4º elemento na lista do PS.

1- José Eduardo Matos/António Teixeira da Silva
O primeiro é presidente, o segundo vereador. Têm ambos experiência autárquica executiva, mas o segundo tem uma falha terrível contra o primeiro nesta comparação. É que em dois mandatos seguidos não conseguiu concluir as obras que seriam os maiores trunfos do PS nas últimas eleições. Deixou tudo para o primeiro acabar e inaugurar. Ainda por cima, em vários casos, eram obras com atraso que demoraram algum tempo para acabar. O segundo nunca modernizou a câmara, o primeiro já fez isso. Desconfio mesmo que durante algum tempo a ideia de modernidade do segundo para Estarreja fosse uma incineradora. O primeiro nunca defendeu isso. O segundo defendeu o IC 1 a nascente, o primeiro sempre o defendeu a poente. Portanto, há diferenças significativas entre um e outro. Em suma, o primeiro está mais capacitado para liderar um projecto de governo camarário do que o segundo.

2- Abílio Silveira/Manuel Pinho Ferreira
O primeiro é vereador, o segundo nunca teve funções executivas numa câmara. Logo aqui a experiência do primeiro é superior à do segundo. O primeiro foi mostrando ao longo do tempo que tinha ideias para Estarreja na área que tutelava, do segundo nada sabemos sobre o que defende para o concelho. Portanto, o segundo é neste momento uma incógnita, enquanto que o primeiro já sabemos com o que podemos contar. A grande vantagem do segundo sobre o primeiro é só mesmo o bigode. Mas ainda está por apurar junto do eleitorado qual a real vantagem da exibição de pêlos sobre o lábio superior.

3- João Alegria/Catarina Rodrigues
São os dois professores, mas o primeiro é presidente de um conselho executivo há 10 anos, enquanto que a segunda não tem qualquer experiência na gestão de escolas. A experiência política de um e outro é reduzida, mas a segunda tem mais vivência política, ganhando aí ao primeiro. Os dois têm experiência na área da juventude, mas são uma incógnita na cultura. A grande vantagem do primeiro é realmente no sector escolar que conhece bem e dará concerteza nessa área um excelente vereador. Outro aspecto que também o favorece é a sua maior experiência em gestão pública. Em suma, é um candidato mais velho e mais experiente e aí ganha à candidata do PS. Mas há uma coisa onde a candidata do PS ganha sempre. É na postura fotográfica. O casaco fica-lhe sempre bem e nisso é imbatível.

Portanto, uma comparação simples permite perceber perfeitamente quem é que está melhor preparado para governar. Mas também sabemos o que o PS fez em 8 anos e a coligação em 4. E se compararmos vemos que o PS ficou muito aquém das expectativas. Por isso, aquele lema de “mãos à obra” não lembra nem ao diabo.

Sobre a lista à Assembleia, Alcides Esteves é um candidato que já deu mostras das suas qualidades como Presidente da Mesa. O do PS é uma incógnita a esse nível. Nos restantes membros das listas, suponho que ambas as forças apresentam no essencial os mesmos candidatos, embora existam algumas novidades. Marisa Macedo em 2º lugar é uma novidade e mais uma mulher na lista do PS. A coligação vai ter Isabel Simões Pinto, mas tem obviamente falta de elementos femininos. De resto, os elementos da coligação serão pessoas com capacidade de intervenção e com vontade de fazer mais e melhor. Acredito que no PS também seja esse o espírito. Esperemos, por isso, que não se perca muito tempo com os pequenos casos do quotidiano ou as pequenas birras políticas que encravaram muitas vezes os períodos antes da ordem do dia. Agora o que não se percebe é como é que Aníbal Teixeira aparece em 3º lugar na lista do PS, quando no último mandato, por razões profissionais, pouca disponibilidade teve para a Assembleia? Será apenas para dar peso à lista ou para exercer mesmo o lugar de deputado?
 
posted by Jose Matos at 17:17
Lendo agora o “Jornal da Ria” tenho finalmente notícias do famoso encontro organizado pelo PS que trouxe Rosa Mota e um membro do governo a Estarreja. Não vou falar das propostas, pois teremos oportunidade no futuro de as comparar com as da coligação. Vou só falar desta foto, pois é uma foto muito bem tirada. Não conhecia o Arlindo Cunha nem o Manuel Pinho Ferreira. Estão os dois na ponta da mesa e reparem que partilham uma coisa em comum muito típica nos homens portugueses: o bigode. Já não se usa muito, mas eles lá gostam de exibir aquele conjunto de pêlos sobre o lábio superior. A Rosa Mota não usa bigode, mas na sua magreza aparece um pouco compactada entre o Teixeira da Silva e o Manuel Pinho Ferreira. É uma mulher em forma, vê-se logo que é atleta e deve estar a pensar em alguma coisa. Talvez no que está ali a fazer. O Laurentino Dias é um peso pesado na foto. De magro tem pouco e salta mais à vista do que o Teixeira da Silva. Não tem aspecto de ser atleta e deve estar a pensar no governo da nação. Mas quem está impecável é a Catarina. Salta à vista pela postura. Esta candidata é da minha idade, mas vejam o ar fresco que tem. Vê-se logo que é atleta nas horas livres. O casaco fica-lhe bem e tem um olhar confiante. Parece uma verdadeira executiva. Esta mulher é que devia ser a nº 2 da lista. Só aquela presença vale mil votos. Quando ao Teixeira da Silva não sei porquê, mas este homem tem cara de ser bom homem. Também tem cara de advogado. Deve ser da barba. E lá fundo o lema da campanha “Mãos, de novo, à Obra”. Uma brincadeira que nos vai dar imenso jeito.

 
posted by Jose Matos at 17:11
Devo confessar que fiquei decepcionado ao ver o lema de campanha do PS: “Mãos, de novo, à Obra!”. E fiquei porque reparei que ninguém deu a atenção à minha boa sugestão lançada aqui em tempos. Acho que ficava bem um lema na linha da “ A Mudança Tranquila!” e não um “Mãos, de novo, à Obra!”. É que o PS jamais devia ter apostado num lema com a palavra “Obra” em destaque. É um erro de palmatória e um trunfo para o adversário. É que quem olhar nos próximos tempos para o material de campanha vai pensar assim: “então esta malta que não conseguiu terminar em 8 anos uma única obra emblemática deixando tudo para os outros acabar, vem agora dizer mãos à obra?” Que diabo! Há aqui qualquer coisa que não bate certo, dirá o eleitor mais atento. Ora como é que um partido que em dois mandatos seguidos não conseguiu pôr o Parque Industrial a funcionar, que não conseguiu terminar a Biblioteca, nem o Cine-Teatro, vem agora dizer “mãos, de novo, à obra”? Olha agora obrigadinho, vai dizer o povo. Agora que os outros já as terminaram e inauguraram é que vocês vêm dizer mãos à obra. Agora é tarde demais para esse discurso. Mas o que me preocupa mais é como é que um lema destes passou dentro da comissão de campanha? Como é que não perceberam que isto era dar munições para o pessoal da coligação usar?
 
posted by Jose Matos at 17:09
quinta-feira, julho 28, 2005
Muito se jogou ao totoloto na blogosfera sobre qual seria a lista da coligação à Câmara e Assembleia. Afinal de contas, ninguém acertou. Mas cá vão então os nomes mais relevantes. Um dia destes farei a comparação com a do PS para verem as diferenças.

1- José Eduardo Matos
2- Abílio Silveira
3- João Alegria
4- Alexandre Fonseca
5- Armando Correia

Para a Assembleia o cabeça de lista é naturalmente Alcides Esteves. Os restantes nomes da lista são no essencial os que já estavam na actualidade com algumas entrada novas que a seu tempo serão conhecidas.

E não podia terminar sem obviamente dizer que aqueles que apostaram em mim na lista da câmara estavam obviamente enganados ou mal informados, pois não tenho a mínima vocação para essas andanças, nem ninguém no seu perfeito juizo convidaria um deputado útil como eu para uma coisa dessas. Mas agradeço o palpite.
E já agora lembro novamente aos críticos e aos insatisfeitos, que o prazo para a entrega de listas de independentes termina no dia 15 de Agosto e, portanto, façam favor de concorrer, pois certamente muita gente conta convosco para mudar Estarreja. O povo está todo à vossa espera. É claro que quem tem medo fica em casa. É mais confortável eu sei. Não há nada como o calor do lar. Não há nada como ser inconsequente naquilo que dizemos.
 
posted by Jose Matos at 22:56
quarta-feira, julho 27, 2005
Eu sei que anda muita gente roída para saber qual vai ser a lista à Câmara e a Assembleia da coligação. O blogue do Vladimiro tem sido muito fértil nesse tipo de especulação e para quem conhece a lista motivo de divertimento. Mas descansem que amanhã vão saber tudo aqui em 1ª mão quando forem 19h00. É óbvio que nº1 já é conhecido, mas o resto está no segredo dos deuses.
 
posted by Jose Matos at 15:48
terça-feira, julho 26, 2005
Um dos problemas que existe na actual discussão blogosférica a respeito do PS e do seu candidato é que muita gente está a tentar esconder fragilidades que são evidentes e que devem ser melhoradas.

O que tenho escrito a respeito do PS e do seu cabeça de lista são apenas chamadas de atenção que eu acho que têm sentido e que os dirigentes do partido em questão deviam levar em linha de conta. É claro que não fica bem ter que ser eu a dizê-lo, mas percebo que os próprios dirigentes não as possam dizer publicamente, sob pena de se enfraquecerem.

Como já disse noutro post acho que o PS deve fazer todas as reuniões com desportistas que entender. Mas não é assim que se elabora um programa eleitoral no meio da confusão e de declarações de apoio triunfalistas. Um programa eleitoral exige mais recato e mais método de trabalho. Exige reuniões por sector, estruturação de objectivos, definição de missão e linhas estratégicas e etc… Já o disse como o podem fazer. Cabe a vós seguir ou não o meu conselho.

Também percebo que nenhum dirigente socialista possa dizer publicamente que o António Teixeira da Silva como orador tem dificuldades de discurso e que isso é um factor contra ele. Percebo isso perfeitamente, mas eu posso dizê-lo para o caso de alguém ainda não ter reparado nisso. E penso que podem melhorar isso.

Como também já disse noutro post desejo a maior das sortes para os candidatos e bem sei que no PS vão precisar dela. Espero que ganhe o melhor. No entanto, já sei que na noite das eleições, muitos socialistas vão dizer que o povo é burro e que escolhe mal. Enfim, já estou à espera.

E para terminar gostaria de dizer que toda a especulação que existia na blogosfera a respeito dos nomes na lista da coligação à Câmara não passava disso mesmo: de pura especulação. Dentro de dois dias vão ser revelados os nomes das pessoas que vão integrar a referida lista e penso que muita gente vai ficar surpreendida com os nomes que vão surgir. E quem tiver a noção da influência que esses nomes podem ter na captação de determinado tipo de eleitorado vai perceber que são nomes bem escolhidos para a lista em questão. E que obviamente em termos comparativos com a do PS (e sem querer desmerecer ninguém, pois acho que a lista do PS também tem o seu valor intrínseco), a lista da coligação é uma lista com pessoas melhor preparadas para governar e para intervir nos sectores de vereação que vão ter. Mas um dia destes fazemos a comparação. Essa e a do programa eleitoral.
 
posted by Jose Matos at 22:00
segunda-feira, julho 25, 2005
Mais um dia
a uma hora de crepúsculo qualquer,
quanto mais sós nos encontrámos,
raiou de súbito nas praias
um fulgor de fogo.

E debruçados sobre os mares
dissemos
que foram feitos
não para o abandono
mas para neles florir
a grande e turva flor
desse fogo ainda por abrir.

Carlos de Oliveira
In Cem Poemas Portugueses sobre Portugal e o Mar
 
posted by Jose Matos at 20:31
sábado, julho 23, 2005
Afinal de contas, onde estão as listas de independentes que tinham agora uma excelente oportunidade de concorrer às autarquias do nosso concelho e contribuir para mudar o que está mal? É que noutros concelhos deste país, ali e acolá, apareceram listas de candidatos independentes, dispostos a mudar alguma coisa. Mas aqui em Estarreja nada. Não se percebe como é que pode haver tanta gente insatisfeita com a actual câmara e mesmo com os partidos e depois quando chega a hora em que podiam mudar alguma coisa não fazem nada. Preferem ficar em casa a ver televisão ou ir para café dizer mal deste ou daquele. É mais fácil eu sei. É mais fácil falar da bancada do que ir para dentro do campo jogar. Mas ao menos podiam ser consequentes e coerentes e assumir o que dizem, candidatando-se. Mas nada. Nem uma palha mexem nesse sentido. É pena, mas já estava à espera.
 
posted by Jose Matos at 01:17
sexta-feira, julho 22, 2005
O que me separa, por vezes, do Vladimiro Jorge, é que antes de escrever costumo falar com as pessoas que projectaram as coisas ou que estiveram directamente envolvidas no projecto. E quem fez o projecto, os tais técnicos que à partida percebem do assunto, dizem justamente que não podia ser de outra forma. É claro que qualquer pessoa que passa por lá pode dizer que lhe parece que a rotunda está sobredimensionada. Qualquer pessoa pode criticar o projecto, pode mesmo dizer que o bem lhe apetecer. Só que muita gente que fala do assunto não é técnico, nem sabe do que está a falar, nem nunca projectou nenhuma rotunda na vida, nem fez qualquer obra. Eu, por acaso, não percebo nada de rotundas, nem de obras, nem de projectos de estradas. Por isso, tive a preocupação de falar com quem percebia. E percebi, por isso, que o projecto concebido não tinha grandes alternativas em ser de outra forma.

Mas como sempre, nestas e noutras coisas, somos um país cheio de treinadores de bancada. Sabemos imenso de tudo, mas a verdade é que raramente sabemos do que estamos a falar. E raramente falamos com as pessoas que percebem do assunto. Essa coisa de que parece que está sobredimensionada é bonita de se dizer. Também parece que as estrelas à noite são todas iguais, não parece? Pois é, mas não são.

Também parece que o Gen. Ferreira do Amaral é uma boa escolha para o cargo que ocupa. Pois parece, mas não é.

Também parece que o candidato do PS é um excelente orador. Pois parece, mas não é. Parece que tem ideias para o desporto no concelho. Pois parece, mas não tem. E é pena que tenha que ser alguém da oposição a dizer isto, pois parece-me que dentro do PS já deviam ter percebido isto há muito tempo. E também me quer parecer, que um programa eleitoral não se faz em grandes reuniões.

Um programa eleitoral faz-se com pequenos grupos ouvindo as pessoas certas e seguindo métodos de gestão de reuniões e de projectos que se usam hoje em qualquer empresa moderna. É assim que as coisas funcionam nos tempos modernos. É claro que eu posso estar enganado e tudo o que eu diga pode não valer nada para vocês, meus caros camaradas. Mas dou-vos um conselho de amigo. Em vez de andarem em reuniões para fazer número porque é que não compram um manual desses que há por aí no mercado sobre planeamento e gestão de projectos em equipa e não começam a fazer um programa eleitoral a sério? Será que não há ninguém aí na vossa equipa que tenho estudado isso na universidade? Ou que tenha um amigo que trabalhe numa empresa e que saiba fazer isso? Ou não conhecem ninguém lá no Largo do Rato que saiba fazer isso? É que PS nacional tem muita gente que percebe disso. Peçam lá um técnico à sede que vos venha ajudar. Mas que diabo! Ter que ser eu a dizer-vos isto é que não me parece bem.

Ah e fico obviamente contente que a lista da coligação à Câmara e à Assembleia suscite tanta curiosidade e tanta especulação na blogosfera, porque diga-se de passagem não suscita em mais lado nenhum. É um bom sinal. Estou convencido que muitos dos curiosos estão mortinhos por saber novidades. Estão mesmo roídos para saber quem vai em 2º, 3º, 4º, 5º e etc… Mas tenham paciência. Esperem mais um bocadinho, pois como vimos tanta curiosidade decidimos deixar-vos a roer mais um pouco. Só por simpatia, para vocês ficarem ainda mais roídos.
 
posted by Jose Matos at 21:57
quarta-feira, julho 20, 2005
Já o tinha dito aqui há meses. Este ano vamos passar um mau bocado com a seca que está aí aos olhos de toda a gente. Muitos não esquecerão este Verão.

E já agora sobre o general que está à frente da Autoridade Nacional para os incêndios espero que o ministro António Costa acorde a tempo e que perceba que fez um má escolha. O homem não tem jeito para aquilo e muito menos para falar para a TV.
 
posted by Jose Matos at 22:45
Hoje ao passar na nova rotunda do Hospital lembrei-me das árvores que lá estavam e do exagero que foi a discussão à volta disso. Apetece-me agora perguntar, dado que a obra já está feita, qual era a solução que os defensores das árvores tinham para as árvores não serem cortados. Olhando agora no terreno gostava de saber como é que tinham feito aquela obra (ou outra qualquer) sem cortar as árvores. E a minha resposta é que os defensores das árvores não tinham alternativa alguma, pois não se podia ali fazer a obra de outra forma. Por outro lado, o corte não teve de ponto vista da sombra ou visual grandes consequências. Acho que este acesso a Estarreja melhorou de forma considerável. Mas nesta como noutras questões fala-se por falar
 
posted by Jose Matos at 22:44
Como já tinha dito há tempos, António Teixeira da Silva tem um problema terrível quando fala em público. Não é bom orador. A reunião das colectividades no último fim-de-semana foi um sinal claro disso. Quem esteve presente notou perfeitamente isso. E isso é terrível, pois quem anda na política tem que ser capaz de fazer vibrar as pessoas. E o candidato em questão não consegue isso.
 
posted by Jose Matos at 21:57
Não estava à espera que o governo entrasse em instabilidade tão depressa. Mas os últimos dias já apontavam nesse sentido. A saída de Campos e Cunha é obviamente uma perda significativa, embora o seu substituo seja um homem experiente e com ideias do que deve ser feito nas finanças. Mas Campos e Cunha não era um ministro qualquer. Era ministro de estado e o homem que dava a cara pelas medidas de contenção e rigor. A sua saída deixa um certo vazio. E o ministro que se segue não tem obviamente o mesmo peso académico que Campos e Cunha. E não sei também que peso terá no governo?

Mas Campos e Cunha não era político. Dava a entender o que pensava e o que ele pensava é que projectos como a Ota e TGV deviam ser estudados com muito cuidado e não deviam ser objecto de aventuras nem de anúncios triunfantes como fez o primeiro-ministro. Aliás, neste como noutros assuntos, o governo está a seguir a linha de Santana Lopes. Anuncia coisas que foram mal estudadas. O caso do alargamento dos horários das aulas do 1º Ciclo é outra coisa igual. Ninguém estudou o assunto a sério e depois toca anunciar de forma triunfal. O mesmo acontece numa outra escala com a questão da energia eólica. Muito triunfalismo e pouco estudo. A este propósito leiam o que diz este blogue.

Mas voltando a Campos e Cunha, o homem foi dizendo o que pensava. O artigo de Domingo no Público foi o tiro fatal. Também foi o seu testamento.
Mas é estranho que Freitas de Amaral também não tenha saído? Afinal já deu a entender que os sonhos dele são outros, ou seja, concorrer à Presidência da República.

Mas vamos ver os estragos desta saída de Campos e Cunha. Vamos ver o que se segue. A Comissão Europeia já avisou que o país tem 3 anos para meter as contas em ordem. Vamos lá ver se levamos a sério o aviso.
 
posted by Jose Matos at 21:54
quinta-feira, julho 14, 2005
As Quintas com o BioRia que começam hoje no Bar Tomázia são uma excelente iniciativa para conversar sobre a Ria de Aveiro. Terminam no final deste mês. Infelizmente não vou poder estar presente a não ser na última.
 
posted by Jose Matos at 20:05
Ao contrário da malta mais nova sou contemporâneo de um mundo onde o terrorismo estava muito mais diversificado do que agora. Sou contemporâneo de um tempo em que existiam 800 organizações terroristas em 88 países diferentes. Sou contemporâneo de uma época em que existiam por ano cerca de 800 incidentes envolvendo acções terroristas. Este tempo era o mundo dos anos 70 e 80, onde o terrorismo foi particularmente activo. Entre 1970 e 1984 o número de mortos chegou a 41 mil e o de feridos a 24 mil. Uma boa parte desse terrorismo era islâmico e visava já na altura interesses americanos e israelitas como agora, embora não fosse um terrorismo global como actualmente é. Era um terrorismo mais concentrado na Europa ou no Médio Oriente. Era um terrorismo localizado em função de problemas nacionais. Não tinha o espírito global da Al-Qaeda.

Mas além da nuance global, uma outra diferença é que os americanos não eram atacados no seu próprio território como foram no 11 de Setembro. De resto, ataques a embaixadas, aviões, discotecas, tropas estacionadas aconteciam com maior frequência do que agora. Eram mesmo o prato do dia. Portanto, não tenho a memória curta de muitos que acham que só agora é que o terrorismo bateu na porta da Europa. O terrorismo sempre andou por cá, fosse ou não fosse islâmico. Só que muitos desses movimentos terroristas foram desmantelados com o passar do tempo e a Europa começou a sentir-se mais segura e achou que o terrorismo global era mais um problema dos Estados Unidos. Achou que os americanos é que estavam em guerra.

Também na altura os terroristas da OLP ou de outras organizações islâmicas queriam acabar com o apoio americano a Israel e a eliminação definitiva deste Estado e a criação de um estado palestiniano. Também como agora achavam que a política americana na zona era contrária aos interesses do povo muçulmano. Só que em muitos casos estes movimentos de resistência islâmica estavam divididos e até combatiam entre si. Não tinham o grau de coesão que a Al-Qaeda tem neste momento e que lhe permite ter sucesso à escala global.

Mas estes combatentes árabes também não queriam os soviéticos no Afeganistão e foi por isso que muitos mujahideen foram para lá combater, não porque os soviéticos fossem ateus e comunistas, mas sim porque tinham invadido e ocupado um território mulçumano. É claro que o facto dos soviéticos serem ateus e comunistas não era algo bem visto pelos combatentes árabes, mas se fosse só por isso há muito que teriam lançado uma Jihad contra a União Soviética. O que os motivava mesmo eram as acções do Exército Vermelho. E foi contra ele que lutaram, não contra o comunismo e o ateísmo soviético.

Foi neste viveiro que se formaram muitos elementos da Al-Qaeda. Foi neste viveiro que muitos viram que aqueles que lhe forneciam armas, comida, dinheiro e treinamento eram os mesmos que apoiavam políticas e acções contra muçulmanos noutros lugares do mundo, que davam apoio a regimes islâmicos tirânicos e corruptos, que queriam controlar os recursos petrolíferos da Península Arábica, que apoiavam invariavelmente a política israelita em relação à Palestina e etc… Era por isso natural que ganhassem ódio aos seus patrocinadores, não por os americanos serem cristãos ou terem um regime democrático ou por terem mulheres a posar nuas nas capas das revistas. Embora isso fosse ofensivo para um mulçumano devoto, desde que isso não chegasse a território mulçumano tudo bem.

Portanto, essa história de que os terroristas querem acabar com o nosso modo de vida é um disparate e que tem sido difundido por agentes políticos e comentadores pouco perspicazes. Essa história que os terroristas são uns loucos que querem matar toda a gente sem razão nenhuma é outro disparate. É óbvio que eles querem matar em grande escala, mas não são loucos e tudo o que fazem é pensado e calculado ao milímetro. E não é por nenhuma pulsão niilista como já li várias vezes. O ódio que têm pelo Ocidente tem razões, mas não são concerteza niilistas.

É claro que muitos muçulmanos devotos não gostam obviamente do nosso modo de vida e acham que vivemos em pecado e que o Estado não pode estar separado da religião. Mas acham também que isso é um problema nosso e não vão fazer nenhuma Jihad por causa disso, senão já a tinham feito há muito tempo. Agora o que acham é que ao tentarmos exportar os nossos modelos para países árabes estamos a atacar o Islão e os seus costumes. Estamos a exportar a corrupção e o pecado, estamos a contaminar o mundo islâmico com os nossos vícios e depravação. E isto aflige obviamente muitos devotos.

Também acham que Israel não tem direito a existir e que o objectivo judeu é promover a criação do “Grande Israel” do Nilo ao Eufrates e que actual ocupação do Iraque serve esses planos. Também acham que a presença americana no Iraque é pelo petróleo, o mesmo acontece em vários países da Península Arábica. Acham mesmo que é uma vergonha vários países desta zona terem tropas americanas no seu território, nomeadamente a Arábia Saudita, onde estão os dois santuários mais importantes do Islão. Acham também que por todo o mundo, os muçulmanos são atacados em vários países com a complacência do Ocidente e mesmo com o seu apoio. Ah, e acham também a presença de tropas ocidentais no Afeganistão uma afronta.

Em suma, acham que o Ocidente está em guerra contra o Islão e que por isso devem defender-se. É isto que passa na cabeça de muitos suicidas, que também acham que depois da morte como mártires possuem 70 virgens à espera deles no Paraíso (é óbvio que nem todos pensem isto, mas não deixa de ser uma boa motivação para a malta mais nova).

É claro que nós na nossa ignorância temos tendência a reduzi-los a um bando de fanáticos cheios de ódio pelo Ocidente que querem acabar com a nossa democracia. Mas muita desta gente até estudou cá até viveu o nosso modo de vida sem nunca protestar. O que realmente os motiva não é o que somos é o que fazemos fora das nossas fronteiras.

Se lermos os comunicados da Al-Qaeda, as entrevistas de Bin Landen percebemos isso facilmente. Ora Bin Landen soube de forma muito hábil captar este ressentimento contra o Ocidente e usá-lo a favor da Al-Qaeda transformando-a num símbolo e numa filosofia. Conseguiu mesmo criar a seu favor uma simpatia global pela sua causa, o que faz com que jovens muçulmanos nascidos e criados na Inglaterra ataquem o seu próprio país como aconteceu agora em Londres. Os jovens que atacaram no metro e no autocarro eram jovens perfeitamente integrados. Os próprios vizinhos ficaram admirados. Mas por algum motivo acharam que as causas da Al-Qaeda tinham sentido e que eles deviam sacrificar a sua vida por isso. E é este tipo de militância em causas que para nós são absurdas que devia ser analisado e compreendido. E não me digam que os autores do acto eram loucos ou que estavam animados pelo niilismo ou queriam destruir o modo de vida britânico e outros disparates do género.

Mas talvez o mais notável na acção de Bin Landen (além da militância e da adesão que consegue produzir em pessoas insuspeitas) é o facto de ter conseguido concentrar o ressentimento de muitos muçulmanos sobre os Estados Unidos, algo que nunca tinha sido conseguido antes de uma forma tão direccionada. Daí que o seu terrorismo tenha adquirido uma dimensão global, pois tornou-se uma boa causa para muitos grupos islâmicos radicais, que combatiam os governos dos seus países e que agora estão também receptivos a combater interesses americanos. Mas tornou-se também um herói para muitos muçulmanos pelo mundo inteiro que acham que o mundo islâmico está ser constantemente vítima de ataques ocidentais.

É claro que o Ocidente já devia ter agido há mais tempo contra este tipo de ameaças. O 11 de Setembro podia ter sido evitado, caso o poder político americano tivesse levado a sério as informações que tinha sobre Bin Landen e a Al-Qaeda. Caso tivesse levado a sério os ataques da Al-Qaeda nos anos 90 e as ameaças de Bin Landen de fazer mais e melhor. Aliás, é interessante como as políticas de combate ao terrorismo têm sido reactivas e não activas. Ainda agora com os atentados de Londres, o ministro britânico das Finanças veio dizer que os países da União Europeia têm que ser mais incisivos no controlo das fontes de financiamento do terrorismo e que devem tomar outras medidas. Ora pelo menos desde o 11 de Setembro que isso devia ser assim. O espantoso é que venha agora um ministro dizer isso. O espantoso é que medidas que estavam agendadas há anos só agora comecem a ganhar forma. Ou seja, afinal parece que a Europa pouco tem agido a esse nível. Como é que isto é possível depois de tudo o que já aconteceu? Bem, é possível porque a Europa ainda não percebeu que isto também lhe diz respeito.

É claro que a pressão militar é importante e a captura de líderes também e o controlo dos financiamentos também. Mas a Al Qaeda tem facilidade em substituir os líderes mortos ou capturados e mesmo que Bin Landen morra a organização continuará. Também arranjará dinheiro de alguma forma, pois tem muitos simpatizantes e alguns deles bem ricos. Por isso é necessário ir mais longe. E ir mais longe é perceber de uma vez por todas o que pensam os muçulmanos e o que devemos fazer para alterar esse pensamento. É claro que isto não significa diminuir a pressão militar e policial que deve continuar de forma séria e incisiva. O combate que travamos deve continuar a todos os níveis e é um combate para muitos anos. Portanto, deve ser um combate em duas frentes. Uma militar e outra política, diplomática, financeira e cultural. Agora pensar que vamos resolver o problema unicamente de forma militar é um erro. Mas pensar que podemos prescindir de actuar de forma militar também é outro erro.

Portanto, as causas para este tipo de ameaça estão de facto no modo como o Ocidente tem agido no mundo islâmico e na percepção que os muçulmanos possuem dessa acção. É claro que em várias das linhas aqui enunciadas a percepção pode ser distorcida e facilmente manipulada pelos líderes religiosos ou pelos líderes terroristas. Mas não deixa de ser verdade o apoio incondicional americano à política israelita esteja ela certa ou errada, a presença de tropas americanas nos lugares mais sagrados do Islão, a influência política, económica e militar dos americanos nos estados do Golfo, a complacência em relação a regimes árabes corruptos e ditatoriais, o fechar de olhos à guerra na Tecthénia e etc…

É claro que tudo isto acontece porque os Estados Unidos defendem obviamente os seus interesses na região e que em muitos casos estão para além da tão apregoada democracia e liberdade nos países islâmicos.

Por isso, a guerra avizinha-se interminável, pois não podemos ceder naquilo que a Al-Qaeda quer. Nem podemos num curto espaço de tempo mudar a percepção que muito árabes têm das políticas ocidentais em relação ao Islão. É uma mudança lenta e é por isso que a pressão militar não pode diminuir. É claro que invadir o Iraque foi um disparate enorme que só piorou a situação. Portanto, a pressão militar tem que ser feita de forma inteligente e ponderada e não de forma aventurosa e irresponsável.

Já agora para os menos atentos a estas questões, aconselho vivamente a leitura do livro do Michael Scheuer, um antigo analista da CIA, que escreveu o “Orgulho Imperial” traduzido agora para o português pela Edições Sílabo.

 
posted by Jose Matos at 15:02
quarta-feira, julho 13, 2005
Não é um tema habitual neste espaço, pois nos fóruns de defesa em que participo é que gosto de discutir isso. Mas prometo postar em breve em resposta ao Vladimiro Jorge, que fez uma grande salada sobre o texto que escrevi a propósito dos atentados de Londres.
 
posted by Jose Matos at 21:08
Como chegamos a este ponto? Há várias razões para que o crescimento da nossa economia seja apenas 0,5% este ano. Algumas imediatas como aumento do IVA (que afecta a inflação) e as medidas de consolidação orçamental que não permitem que o estado faça grandes investimentos públicos para relançar a economia. Mas não é tudo. O endividamento considerável dos portugueses, que retrai o consumo interno e a dificuldade das nossas empresas em exportar por falta de competitividade agravam obviamente a situação. Mas há também erros do passado. Os governos de Guterres em tempo de fartura não consolidaram as contas públicas e as empresas endividaram-se de forma considerável aproveitando taxas de juros baixas. Tudo isto teria consequências mais tarde ou mais cedo. Depois a mudança de discurso em 2004, de que a economia estava a recuperar e de que o problema do défice estava controlado e que não havia mais razões para preocupação. Se juntarmos a tudo isto o preço do petróleo temos as razões porque chegamos a este ponto.
 
posted by Jose Matos at 20:57
segunda-feira, julho 11, 2005
Agora que os candidatos às próximas eleições são conhecidos acho que vale a pena falar mais um pouco sobre as pessoas que vão dar cara em Outubro.

Gosto sempre de começar pelo PS. Quem tem boa memória sabe bem que o PS começou mal nesta história. A trapalhada à volta da escolha de Vladimiro Silva foi um mau tiro de partida e as hesitações de Teixeira de Silva também não foram um bom sinal. Mas perante a falta de outros candidatos interessados o seu nome acabou por se impor com alguma naturalidade. Não me espanta por isso que tenha sido uma solução consensual perante a falta de outros nomes fortes.

Mas há que reconhecer que deu a cara num momento difícil mesmo sabendo lá no fundo que as hipóteses de vencer em Outubro são praticamente nulas. Mas é bom que se lembrem disso dentro do PS para que no dia seguinte às eleições não exista a tentação de crucificá-lo por causa dos resultados. Como já disse aqui em tempos está a prestar um grande serviço ao partido e é bom que não se tente apagar isso.

É claro que para nós, foi o melhor candidato que a coligação podia desejar. É um homem sereno e tranquilo e estou certo que conduzirá uma campanha com elevação e simpatia, sem grandes polémicas nem picardias. E isso cria bom ambiente e permite discutir o que é essencial, que são as propostas e a capacidade das pessoas para as realizar.

É claro que os primeiros discursos públicos de António Teixeira da Silva não mobilizaram muito o eleitorado e acredito que continuem a não mobilizar no futuro, pois o candidato não é um grande orador e isso é algo que joga sempre contra ele. Mas houve um capítulo em que António Teixeira da Silva mostrou que o PS não está apenas nestas eleições para segurar o seu eleitorado tradicional. E esse capítulo foi na escolha dos candidatos às juntas do concelho. Devo confessar que me surpreendeu a sua capacidade em renovar o partido e em apresentar caras novas. O mesmo se aplica em relação à lista para a Câmara. Mas vamos primeiro às juntas.

Dos sete candidatos, cinco são caras novas sendo mesmo um deles (o candidato à junta de Veiros), um jovem de 28 anos. Ora esta dinâmica de renovação foi um bom caminho que o PS tomou. O partido sempre teve dificuldades no passado em encontrar nomes fortes para candidatos às juntas e em alguns casos insistiu mesmo em soluções gastas e pouco mobilizadoras.

Talvez seja estranho aquilo que vou dizer aqui, mas a escolha do candidato em Fermelã era crucial em todo este processo como sinal para o exterior. Fermelã sempre foi uma terra de forte implantação do PSD. O PS chegou a ter aqui resultados desastrosos e nunca conseguiu arranhar muito o PSD. Ora um partido da oposição perante tal situação acaba sempre por cair numa certa resignação e numa certa desmotivação, pois cansa-se de perder eleições.

Mais uma vez, o PS podia resignar-se e escolher um candidato só para as pessoas terem alguém em quem votar. Mas ao escolher quem escolheu, foi capaz de se renovar e de dar um sinal importante, ou seja, de que não se acomoda mesmo sabendo que vai perder. O candidato escolhido é uma pessoa com qualidade, (o mesmo acontece com o nº 2 da lista) e embora não tenha qualquer hipótese de vitória contra Sílvio Marques e a sua equipa, nem diga-se de passagem qualquer projecto relevante para Fermelã é possível que mesmo assim possa ter um resultado curioso em Outubro e que seja um óptimo elemento na Assembleia de Freguesia elevando assim a qualidade na representação do PS.

Ora este tipo de escolha foi uma boa escolha e penso que esta filosofia também vingou noutras freguesias. É claro que as hipóteses de vitória do PS são mesmo assim reduzidas, pois os candidatos da coligação são sobejamente mais conhecidos do que os candidatos do PS e possuem uma outra vantagem enorme. É que estão no poder e podem mostrar obra feita. Mesmo em Avanca, onde o PS apresenta sem sombra de dúvidas o seu melhor candidato a uma junta de freguesia, será difícil lutar contra uma coligação unida que desta vez não vai ter divisão de votos como aconteceu em 2001. José Artur Pinho sabe disso e sabe também que as condições que lhe permitiram alcançar a vitória há quatro anos não se vão repetir novamente.

É claro que esta renovação traz consigo fragilidades. A aposta em candidatos jovens como o caso de Veiros (ou numa escala ligeiramente diferente em Fermelã) é boa para revitalizar o partido, mas ao mesmo tempo tem o problema das pessoas serem inexperientes. O caso de Veiros é típico. Nota-se que o candidato não está ali para concorrer contra a coligação, nem para ganhar o poder, mas sim para marcar posição no terreno e no fundo dar o tal sinal de que o PS não se acomoda apesar de saber que vai perder.

E é neste sinal contra a acomodação e contra a resignação, que António Teixeira da Silva se revelou pela positiva. Ele sabe que não pode vencer, mas mesmo assim não se resigna e vai à luta.

Em relação à equipa da câmara a escolha de Manuel Pinho Ferreira e de Catarina Rodrigues são também escolhas que apontam no sentido da tal renovação. Devo confessar que não conheço o Manuel Pinho Ferreira. Não faço a mínima ideia de quem seja e como eu muita gente no concelho também não. Pode ser conhecido em Estarreja, mas fora da urbe penso que não. Portanto, não posso dizer nada sobre ele. Quanto à Catarina é uma pessoa da minha geração e do meu tempo de escola. A sua escolha foi uma boa piscadela de olho à juventude e é uma pessoa com experiência nessa área e também na área da Educação.

É claro que em Outubro poderão acontecer em princípio duas coisas. A coligação pode vencer em todas as freguesias e conquistar a câmara com um resultado histórico (5 vereadores?) ou então o PS pode inverter esta tendência e ter um resultado mais equilibrado com o mesmo número de vereadores que tem actualmente e além disso roubar uma junta ou duas à coligação. Mas mesmo que a coligação domine tudo o que há para dominar, a verdade é que o PS não se deixou resignar nem abater nestes tempos difíceis e será concerteza uma força válida na oposição.

Qualquer observador atento, sabe que nesta terra os tempos são e sempre foram adversos para o PS. O PSD sempre teve do seu lado, bons recursos humanos, sempre teve do seu lado as melhores equipas e só perdeu o poder por desgaste e cansaço. E durante o tempo em que esteve no poder, o PS falhou em algo que era importante para sua credibilidade como poder executivo. Não foi capaz de concluir as grandes obras que podiam deixar uma marca visível da sua passagem pelo poder. Ou seja, teve que ser a coligação a terminá-las, um facto que nos deixa muito agradecidos. Mas falhou também naquilo que eu poderia chamar um discurso e uma prática de modernidade. Vejam que a modernidade do PS pelo menos durante algum tempo era ter uma inceneradora em Estarreja. Eu sei que já ninguém se lembra disto, mas foi um discurso que existiu.

Ora uma das faces visíveis dessa incapacidade foi justamente António Teixeira da Silva. Sei que fez concerteza o melhor que sabia, mas o melhor que sabia não foi suficiente. Ora se ele e os seus camaradas de partido não foram capazes no passado de terminar obras importantes, será que agora merecem outra oportunidade? Qualquer eleitor atento sabe que não. Mas mais importante do que isso é olharem daqui a uns tempos para as propostas do PS e para as propostas da coligação e logo aí notarão uma diferença significativa. E essa diferença está obviamente nas equipas e nas pessoas que a coligação tem do seu lado. São pessoas preparadas para governar, com experiência nesse sector e que sabem ao que andam. E há também um discurso mais moderno e mais preocupado com a inovação e com a melhoria dos serviços camarários. Mas este tema da modernidade fica para um próximo post.
 
posted by Jose Matos at 19:55
A questão do nuclear lançado há pouco tempo por um empresário em Portugal é daquelas falsas questões que se lançam de vez em quando para semear confusão e servir certos interesses como o caso do empresário Patrick Monteiro. O nuclear é uma opção complicada principalmente por causa dos resíduos e dos perigos inerentes à operação deste tipo de energia e num país que nunca teve nenhuma opção a esse nível é um pouco extemporâneo levantar o debate sobre isso. Senão vejamos:

1- O nuclear é uma opção que só serve para produzir electricidade e embora não sejamos auto-suficientes a esse nível há outras formas de produzir electricidade mais limpas do que nuclear.

2- A relação entre o actual preço do petróleo e o nuclear é uma falsa relação, pois o petróleo que usamos para a produção de energia não é muito significativo. A electricidade representa apenas ¼ da energia fóssil que consumimos no país. Muito do petróleo que consumimos é no sistema de transportes e não na produção de electricidade.

Ora o que Portugal deve fazer é apostar obviamente nas energias renováveis e aproveitar as boas condições que tem para isso para gerar electricidade. Quanto ao resto passamos bem sem isso.
 
posted by Jose Matos at 19:54
Quando acontecem atentados como o de Londres é habitual ouvirmos dizer que os terroristas querem atacar a democracia, querem atacar a nossa cultura e o nosso modo de vida. Quem diz isto obviamente não percebe nada do mundo islâmico, nem do que está por trás deste tipo de terrorismo. O ataque a Londres, que tem alinhado com a política externa norte-americana, é uma represália pela presença britânica no Iraque e pela aliança que tem com os americanos. O mesmo já tinha acontecido em Espanha e acontecerá em todos os países europeus que continuarem a apoiar os Estados Unidos em termos de política externa e de intervenção no mundo islâmico.

Os americanos são odiados não por aquilo que são, mas sim pelo que fazem. Se por hipótese os americanos deixassem de intervir no Médio Oriente, retirassem todas as suas forças do mundo árabe e abandonassem o apoio a Israel, tenho a certeza que deixaria de haver terrorismo. Mas isto é obviamente uma coisa que os americanos não podem fazer, pois deixariam um vazio de poder perigoso e também colocariam em causa os seus próprios interesses na região. Daí que a guerra vai continuar, enquanto pelo menos os americanos não saírem do Iraque e os palestinianos não tiverem uma pátria e as tropas americanas não deixarem os lugares mais sagrados do Islão. É assim que o mundo árabe vê o problema e não da forma como nós queremos que o problema seja visto.

Ora isto significa que vamos ter guerra ainda por muitos anos. É por isso preciso que a política americana e britânica em relação ao mundo islâmico mude radicalmente para não termos uma guerra interminável. Ora este tipo de atentados não ajuda nada e só endurece as posições de ambos os lados. É claro que não vamos negociar com terroristas, mas há medidas políticas e económicas que devem ser tomadas para que os muçulmanos não sintam o ódio que sentem em relação à América e aos seus aliados. E uma delas é obviamente a questão palestiniana. É uma questão que tem que ser resolvida o mais breve possível. Mas não é tudo. O Iraque é outro caso terrível. Como tudo isto é difícil de fazer vamos continuar a ter terror por muitos e longos anos. Esperemos que não se lembrem cá de nós, mas com as falhas de segurança que temos é possível que um dia também nos façam uma visita.
 
posted by Jose Matos at 19:48
quinta-feira, julho 07, 2005
Num dia como o de hoje os super-heróis davam jeito...

É o Super-Homem dando voltas
contrárias ao redor da Terra
para retroceder o tempo

São os ponteiros dos relógios
refazendo horas nas paredes dos escritórios

São as oito longas arestas
que ressurgem das ruínas, uma a uma
entre os pavimentos, até atingir o céu

É Mandrake com a cartola nas mãos,
olhos e dentes cerrados,
encadeando as sílabas mágicas numa cabala doída

É e. e. cummings construindo sobre o
tablado duas sílabas, o Homem-Borracha
esticando para alcançar as letras que caem

É o mantra-gerúndio. Que o passado ressurja
Agora: dominós se ergam, cartas de baralho
e lajes de concreto retornem ao lugar

São Withman, Thoreau e Ginsberg
escrevendo a palavra: V I D A

soprando-a em uníssono das colinas,
sobre as pradarias
do topo das sequóias
à ponte do Brooklyn

O vulto veloz de Kal-El rasga o céu da ilha,
o planeta gira ao contrário,
centenas, milhares, milhões de vezes
até os aviões pousarem de ré, prata silente
nos aeroportos de origem, sua fuselagem
sob os primeiros raios do sol,

e os passageiros, um a um,
aos fartos breakfast, aos beijos de bom dia
às suas camas, aos seus sonhos
do dia anterior

Joca Reiners Terron
 
posted by Jose Matos at 15:41
Em breve prometo dedicar alguma análise à lista de candidatos do PS às Juntas e Câmara. Enquanto não arranjo tempo para isso fica a sugestão de verem Estarreja do espaço. Este serviço do Google permite seleccionar imagens de satélite do nosso concelho com um pormenor admirável.
 
posted by Jose Matos at 15:25
terça-feira, julho 05, 2005
Já agora como não tive hipótese de postar nos últimos dias, um pequeno comentário sobre a última assembleia. Tive a oportunidade de confirmar que a grande testemunha do despejo de lixo no terreno do Presidente da Junta de Freguesia de Salreu, foi um deputado municipal do PS. Ora este deputado assistiu por diversas vezes a essa situação e em vez de ter avisado o dono do terreno (que ele sabia muito bem quem era) deixou a situação correr e depois foi avisar o jornal do que se estava a passar. Ora o referido deputado concerteza que viu que além das viaturas da câmara, andaram por lá outras viaturas particulares a despejar lixo. Sabia também muito bem que tipos de lixo despejaram as viaturas da câmara e que tipos de lixo despejaram as outras viaturas. Ora concerteza que terá passado essa informação ao jornal e se o jornal tivesse sido sério na sua abordagem tinha na sua reportagem distinguido uma situação da outra. Mas não, preferiu meter tudo no mesmo saco, quando sabia perfeitamente o que uns e outros andavam por lá a despejar. Ora isto mostra que houve obviamente má-fé na forma como as coisas foram denunciadas. Ou seja, preferiram ignorar que quem lá despejou o lixo impróprio foram particulares e não as viaturas da câmara. E preferiram ignorar porque lhes dava jeito para a notícia que queriam fazer. É pena, mas já calculava que fosse assim.
 
posted by Jose Matos at 22:08
Quem tinha templates personalizados como eu foi vítima nos últimos tempos de um bug que deixou a todos com problemas. Tive que me valer de um amigo (o José Nunes do Contra Indicado) para resolver o problema. Aproveitei para dar também um pequeno arranjo gráfico neste espaço. Espero que gostem.
 
posted by Jose Matos at 21:08