quinta-feira, setembro 30, 2004
Não deixa de ser caricato ter que ser um deputado do PSD a dizer ao PS os pontos fracos do seu grupo parlamentar. Eu até nem me importo que eles continuem assim. Sei também que já se habituaram à falta de liderança e à máxima de cada um por si. Mas ao menos podiam melhorar a coordenação e preparar melhor as assembleias e as intervenções de fundo. Deviam também ter a noção de que nem sempre vale a pena votar contra as propostas da câmara. O caso do modelo de gestão do parque industrial é flagrante. Como já disse é um tema difícil de atacar pela oposição. Uma via tentantada foi lançar suspeitas sobre a atitude da APIParques no futuro, mas é uma via difícil, pois não existe nada nem no passado nem no presente da APIParques que seja suspeito de poder lesar os nossos interesses neste negócio. Outra via foi atacar a ALE, mas é óbvio que é mais fácil captar investimento para o parque com ALE do que sem ela. Outra foi atacar o acordo celebrado, mas é a lei que o define assim e há ainda as salvaguardas do acordo parassocial. A via mais fácil é que devia ser a câmara a gerir tudo mesmo sem ALE. Mas parece também um caminho com pouco benefícios em comparação com aquilo que foi decidido deixando sempre de fora o problema da Quimiparque. Portanto, o que o PS devia ter feito era ter optado pela abstenção. Qualquer pessoa que tivesse estudado o assunto a fundo tinha percebido isso. E o problema está justamente aqui. Falta de estudo, falta de preparação. Pergunto-me quantas reuniões terá feito o PS para preparar esta assembleia? Quantas vezes terão os deputados discutido entre si para definir a estratégia a seguir? Provavelmente nenhuma. Por isso, é que o grupo do PS vai andando à deriva. Prevejo que não mudem nos próximos tempos. Com a falta de um líder claro ou de alguém que assuma de forma efectiva a coordenação do grupo pouco há a fazer. Talvez o melhor seja mesmo esperar pelas próximas eleições e fazer uma lista com outro sentido político. E como calculo que vão continuar na oposição durante os próximos anos é bom que se cuidem.
 
posted by Jose Matos at 15:23
Tal como era de prever o IC 1 vai ter portagens. Portanto, vamos ter mais uma autoestrada. Não é para já, mas no próximo ano devem ser implantadas. Portanto, quando estiverem a funcionar andar pela A 1 ou pelo IC 1 vai dar no mesmo. O condutor que vier do Porto não vai ter grandes vantagens em vir pelo IC 1 e vice-versa. E nós também não vamos ter grandes vantagens em ter o troço Estarreja-Angeja na mesma situação. Ou seja, para isso ficamos com a A 1 que vai ter 6 faixas no futuro. E se o governo for simpático e justo faz uma diferenciação positiva na A 1, o que quer dizer que qualquer condutor que entre em Albergaria ou Estarreja não paga portagem. E tínhamos assim o problema resolvido sem ser preciso mais uma estrada.
 
posted by Jose Matos at 13:47
Não posso deixar de fazer um último comentário à última assembleia municipal e à intervenção do Vladimiro Jorge reproduzida no seu blogue. Concordo realmente com ele quando diz que a coisa lhe correu mal, mas correu mal por culpa dele e do grupo dele. É que tinham sido combinadas duas rondas de intervenções a propósito do parque industrial. Uma primeira com uma intervenção de fundo por cada grupo parlamentar e uma segunda ronda de intervenções curtas. Ora, o PS escolheu o deputado Drumond Esmeraldo para essa primeira ronda (logo aqui está o 1º erro) onde fez uma curta intervenção. Depois na 2ª ronda aparece o Vladimiro Jorge com aquela longa intervenção violando completamente tudo o que tinha sido combinado. Portanto, houve razão em cortar-lhe a palavra ao contrário do que ele diz. Além disso, várias das questões referidas na intervenção dele já tinham sido respondidas na intervenção inicial da câmara e pela intervenção de fundo do Presidente da Mesa. Portanto, não tinha qualquer sentido muito do que estava a ser dito. Ou seja, além de violar o que tinha sido combinado estava outra vez a repetir questões que já tinham sido respondidas. Foi isto que correu mal na sua intervenção ao contrário do que ele dá a entender. Depois ao ler agora a sua intervenção vejo que foi mal preparada. Demasiado longa, questões fáceis de rebater, pormenores a mais e que mostram que a discussão travada em tempos na blogosfera de nada adiantou. Esperava uma coisa mais sintética, mais incisiva e com menos pormenores. Mas esperava também menos deturpação naquilo que aconteceu na verdade durante a assembleia. Aqui fica a retificação.

Mas há outra coisa que tenho que acrescentar e que não posso deixar passar em claro. A falta de preparação dos deputados do PS (excepto o Vladimiro Jorge) para discutir a fundo este tema foi notória. Nenhum preparou as intervenções em casa e o único que o fez foi relegado para a 2ª ronda de intervenções quando devia ter logo falado na primeira. Ou seja, o único deputado do PS que ao longo dos últimos tempos se tinha preocupado com a questão, que a tinha debatido no seu blogue e que se tinha dado ao trabalho de escrever aquele testamento foi desterrado para a 2ª ronda onde não podia obviamente fazer qualquer intervenção de fundo. Podemos chamar a isto uma gestão desastrosa das oportunidades de intervenção. Penso que isto também se deve ao facto de não haver uma coesão sólida no grupo do PS. Não há um líder claro, não há coordenação. Cada um fala e age por si. Porque se houvesse um líder forte jamais uma coisa destas acontecia. Ou falava o líder ou quem estivesse devidamente preparado. E este é um problema grave que o PS tem e que tem deixado andar. Numa matéria que era relevante para o futuro do concelho, foi isto que aconteceu na bancada do PS. Falta de coordenação, falta de disciplina, falta de preparação e cada um por si. E sendo um assunto já por si difícil de atacar, o resultado foi o que se viu. Aqui está uma boa citação para os meus leitores que são jornalistas. Dava um bom título em qualquer jornal: Confusão na bancada do PS. Podem usá-lo à vontade.

Outra coisa que não posso deixar passar em claro foram as intervenções dos vereadores do PS na assembleia. A mesa sempre foi compreensiva em relação a tais intervenções e, mesmo assim, as pessoas abusam e falam como se estivessem no mercado do peixe. E isto fica mal a pessoas que tem o estatudo de vereador e que deviam ter um comportamento exemplar.
 
posted by Jose Matos at 13:08
A presença dos MESA em Estarreja na próxima Segunda-Feira é um acontecimento digno de nota. Aliás, saiu recentemente a 3ª edição do 1º disco deste grupo. Para além do alinhamento original incluído nas duas anteriores edições, a 3ª edição oferece um cd-extra onde se inclui o tema «Luz Vaga» regravado com Rui Reininho e ainda 4 faixas em formato semi-acústico gravadas para o programa «3 pistas» de Henrique Amaro na Antena 3. A não perder em Estarreja.
 
posted by Jose Matos at 11:59
terça-feira, setembro 28, 2004
É curioso como nesta altura do ano já se vê claramente qual será a solução final para o IC 1 no traçado Estarreja-Angeja. Quem olhar um pouco para o futuro que aí vem e juntar as peças apercebe-se facilmente do que eu estou a falar. Está lá escrito em letras bem gordas. Na próxima Quinta, o homem que via o futuro nas estrelas vem cá inaugurar os dois troços já construídos. Não sei se dirá alguma coisa sobre o resto que falta? Talvez diga que está escrito nas estrelas.
 
posted by Jose Matos at 03:14
Hoje de madrugada votou-se em assembleia municipal a famosa constituição da sociedade gestora do futuro Parque Industrial. A discussão teve momentos acessos e de alguma agitação, mas a intervenção do Presidente da Mesa foi importante e até me roubou muito do que ia dizer. Por isso, calei-me para não repetir o que já tinha sido dito. Mas depois de tanto discurso até me apetece dizer mais alguma coisa.

O projecto que hoje foi aprovado é um projecto cujos frutos só serão visíveis a médio e a longo prazo. Por isso, muitas das críticas que ouvi hoje não terão qualquer sentido daqui a uns anos quando tudo estiver a funcionar 100%. Do imenso rio de críticas poucas terão actualidade no futuro. E cá estarei para as lembrar daqui a uns anos.

Sei que sempre foi uma velha aspiração ter um parque industrial do município. E esta é uma aspiração de todos, tanto de quem governa agora como de quem governava no passado. Só que no passado a aspiração ficou por cumprir e a herança passou para o actual executivo. Como já disse há dias, esta câmara optou por um modelo de gestão diferente daquele que se vislumbrava no passado. Um modelo capaz de garantir uma melhor promoção, captação e gestão de investimentos para o parque. Acho que há uma certa inocência em pensar que a câmara algum dia teria capacidade de fazer o mesmo. Além disso, se o quisesse fazer por sua própria conta ou contratando uma empresa exterior perdia a vantagem da ALE. E parece-me que a ALE é um factor importante como incentivo à captação e instalação de investimento. E aquela história de que quem está fora da ALE é prejudicado não cola lá muito bem, quando sabemos que qualquer empresa que esteja fora da ALE pode mudar para lá. Competirá a cada empresa analisar as vantagens e as desvantagens de estar dentro ou fora da ALE.

Em relação ao parceiro estratégico é a própria lei que define que tinha que haver um parceiro com experiência na área. E foi um bom parceiro aquele que a câmara arranjou. Um parceiro com experiência e com capacidade de visão neste sector. E já agora parece-me óbvio que a câmara contactou várias entidade para esta possível parceria, se escolheu a APIParques é porque era o parceiro que oferecia melhores condições. Daí que o ataque a APIParques só podia ser pela sua diabolização. Enquanto ouvia este e aquele pareceu-me que a APIParques não era uma pessoa de bem. Pareceu-me que a câmara tinha feito um acordo com um bando de mafiosos. E é pena falar assim de uma entidade que está neste negócio de boa fé, assim como a câmara e as restantes entidades. Aliás, seria um absurdo pensar que a APIParques não quer fazer desta parceria um sucesso. Só terá vantagens se for bem sucedida. Um sucesso em Estarreja dar-lhe-á credibilidade para outras parcerias noutros empreendimentos. E esse sucesso passa obviamente pela satisfação de todos os envolvidos na ParqueEsta.

Ainda nesta relação com a APIParques existe a vantagem de uma gestão integrada para a zona da Quimiparque, que durante anos foi uma coutada fora de qualquer gestão da câmara.

Olhando para tudo isto custa-me ver tanta crítica contra um modelo que embora não sendo o do PS podia ao menos merecer a sua abstenção. Não foi isso que aconteceu. Mesmo depois de esclarecidos votaram contra. Daí que muita da discussão que decorreu hoje acabou por ser inútil, pois ninguém queria realmente ser esclarecido. Fosse qual fosse o discurso, o voto seria sempre o mesmo. Por isso, também não valia a pena eu ir lá dizer isto. Votavam contra na mesma. É assim a nossa oposição. Teimosa até ao fim.
 
posted by Jose Matos at 02:30
domingo, setembro 26, 2004
O ozono é um gás manhoso. Tanto serve para nos proteger dos ultravioletas do Sol, como para nos envenenar quando anda rente ao solo. Os níveis elevados que se verificam com frequência em Estarreja, nada tem a ver com o concelho, mas sim com concelhos mais a norte e mais industrializados que provocam o seu aparecimento. Os ventos depois encarregam-se de o trazer para cá. Além de recebermos o veneno dos outros ainda somos mal falados por isso. Daí que não esteja muito em desacordo com o Fernando Mendonça, quando ele diz que a estação de medida devia ser mudada para outro concelho. Não sei se tal mudança terá o efeito esperado, mas não perdemos nada em tentar. Agora é preciso garantir que tal mudança não ponha em causa a possibilidade de continuarmos a ter dados sobre os níveis de ozono. É que são dados essenciais para a nossa segurança. Só assim é que poderei estar de acordo com tal mudança. Mas também é preciso saber se algum concelho vizinho a quer lá? É que podem ficar eles com a má fama.
 
posted by Jose Matos at 15:09
Entre pinheiros três casas
Uma azenha parada
Uma torre erguida
de fraga em fraga
contra o céu de cal

E o silêncio talhado
para um voo de moscardo
alastra de casa em casa
sobe à torre abandonada
e sobre a azenha parada
tomba desamparado.

Eugénio de Andrade
 
posted by Jose Matos at 15:03
Não é uma casa qualquer que abre esta semana. Quem não a conhece talvez não perceba logo o que é, mas quem a conhece sabe que é uma casa cheia de livros. Era numa casa assim que gostava de viver. Cercado de livros, de amigos fiéis e silenciosos, mas que a cada página nos abrem novos mundos, que alteram a nossa vida, que nos apontam novos caminhos. Foi uma casa que esteve muito tempo em obras e que custou abrir, como se tivesse uma espécie de maldição, como se fosse assombrada, mas que agora está ali de coração aberto à espera de nos receber. Há uma voz que nos chama lá dentro. A voz dos livros. A voz do desassossego.

P.S. Já agora custa-me ver que a ministra da cultura tenha delegado num secretário de estado a sua presença na inauguração da biblioteca. Fica-lhe mal. Afinal não é todos os dias que se inaugura uma biblioteca.
 
posted by Jose Matos at 14:39
quinta-feira, setembro 23, 2004
Afinal de contas, Portugal não foi o primeiro país da União Europeia a violar o limite do défice imposto pelo PEC, quando, em 2002, apresentou um défice de 4,4 por cento do PIB, fruto da gestão socialista. Já antes de nós, a Grécia, o estava a violar, só que manipulou as contas para apresentar um défice abaixo dos 3 por cento. Uma auditoria às contas públicas encomendada pelo actual governo grego, revelou que desde 2000, os gregos estão violar o PEC. Em 2000, o verdadeiro défice terá sido de 4,1 por cento do PIB, bem acima dos então divulgados dois por cento. Os resultados indicam ainda que, em 2001 e 2002, os números chegaram aos 3,7 por cento, quando o valor apresentado a Bruxelas foi de 1,7 por cento. E em 2003, o buraco deve andar na casa dos 5,3 por cento, em consequência das elevadas despesas relacionadas com os Jogos Olímpicos. Portanto, andaram a enganar a UE este tempo todo. Sempre achei estranho os gregos serem tão cumpridores do défice, despesistas como são e mal organizados. Agora estou a ver que era tudo uma brincadeira de números.
 
posted by Jose Matos at 15:10
O calor cola. A tarde arde e arqueja.
Ela arfa, sem querer, nas leves vestes
e num étude enérgico despeja
a impaciência por algo que está prestes

a acontecer: hoje, amanhã, quem sabe
agora mesmo, oculto, do seu lado;
da janela, onde um mundo inteiro cabe,
ela percebe o parque arrebicado.

Desiste, enfim, o olhar distante; cruza
as mãos; desejaria um livro; sente
o aroma dos jasmins, mas o recusa
num gesto brusco. Acha que a faz doente.

Rilke "Exercícios ao Piano"
 
posted by Jose Matos at 13:53
quarta-feira, setembro 22, 2004
Só hoje fiquei a conhecer através do seu autor este novo contributo para a nossa blogosfera local. Tem um texto interessante sobre o esteiro de Estarreja.
 
posted by Jose Matos at 10:54
terça-feira, setembro 21, 2004
A espera a que 50 mil professores estão sujeitos neste momento é realmente agustiante. E deixa-me triste, pelo amadorismo dos responsáveis por todo este processo de colocação de professores. Em primeiro lugar, David Justino e Abílio Morgado, que não tiveram a capacidade para evitar a trapalhada em que tudo isto se transformou e em segundo pela actual ministra que avaliou mal todo o processo ao pensar que conseguia resolver o problema sem mexer muito no sistema, quando na verdade o sistema continua a dar erros atrás de erros. Reconheço que tem sido feito um esforço enorme para resolver todos os problemas do sistema informático com pessoas a trabalhar noite e dia, mas isto é um pouco como a história de um carro velho. Por muitos arranjos que se façam dá sempre problemas. E eu que tenho um sei bem o que isso é.

P.S. Já agora convém dizer que quem vendeu ao ministério este bonito produto informático foram estes senhores aqui.
 
posted by Jose Matos at 13:14
sexta-feira, setembro 17, 2004
Já agora outra coisa curiosa sobre este debate é que permite esclarecer muitas das questões que vão surgir na próxima assembleia municipal antes mesmo desta acontecer. Ou seja, quem ler o que foi escrito nos últimos dias pode facilmente ficar a par do que está em causa na questão do parque industrial. Isto sem precisar de ir assembleias. E até é possível que algumas destas polémicas voltem ao barulho na próxima assembleia pela mão de algum deputado incauto que não lê blogues e que não sabe o que se passa na blogosfera local. O que não deixa de ser caricato. E já agora sobre essa história desta questão da ParqueEsta ser ou não pública convém lembrar que desde 2002, se desenhava esta solução tendo o assunto sido falado em assembleia várias vezes. É certo que não se conheciam os pormenores da pareceria, mas em termos gerais a ideia estava definida. Quanto ao anterior executivo, como já disse a solução que tinham era ser a câmara a gerir tudo. Foi sempre isso que saiu cá para fora. E parece ainda ser essa a ideia. Outra curiosidade é assistirmos a um interessante processo de estigmatização da APIParques como se esta fosse um entidade pouca séria que vem para cá para roubar o pouco que temos. Aliás, afirmações de que é uma empresa de lisboetas que nada tem a ver com Estarreja mostram bem até que ponto chega este processo de estigmatização. Como se qualquer empresa neste sector não fosse sempre fora de Estarreja. E seria sempre lisboeta ou portuense e nada teria a ver com o concelho. Tudo isto para tentar descrediblizar a opção tomada pela câmara. É pena que não se diga também às pessoas quem é na verdade esta empresa e o que faz a este nível.

P.S. A APIParques na visão dos antigos profetas.
 
posted by Jose Matos at 10:34
São interessantes os ecos que esta polémica do parque industrial teve num jornal local e num site on-line. Mas falando do caso do jornal foi com base num blogue que a jornalista deu eco à contestação do PS e ao título da 1ª página. É claro que o artigo faz uma boa descrição do que está em causa neste assunto e é equilibrado na audição das duas partes, mas se fosse apenas pelas declarações de Vladimiro Silva à rádio Voz da Ria, se calhar não tinha o título que aparece na 1ª página. Este tipo de notícia mostra que os blogues são lidos com atenção pelos jornalistas e que servem mesmo de base para notícias. Um fenómeno que já acontece a nível nacional e que agora se começa a verificar a nível local. É claro que há algum perigo em usar blogues como inspiração de notícias, pois nem sempre o que lá vem é rigorosamente certo. Mas o seu uso por jornalistas não deixa de ser interessante, pois pode dar novos ângulos de aproximação a um assunto, que o jornalista não encontraria de outra forma. Podem mesmo dar acesso a notícias em 1ª mão quando os bloguistas têm actividade propícia a isso. Por isso, tenho sempre muito cuidado com aquilo que escrevo aqui. Mas o facto de sermos lidos por jornalistas dá-nos também uma projecção que seria impossível de outra forma. Curiosamente aconteceram recentemente casos de notícias que saíram em jornais nacionais que tinham como fonte blogues, embora nem sempre isso seja citado pelo jornal. Mas isto dá obviamente aos blogues e aos bloguistas um certo poder de produzir factos e notícias. Será interessante acompanhar em termos de futuro como é que esta relação se vai desenvolver a nível local entre os nossos jornais e os nossos blogues. Para já teve este desenvolvimento curioso.
 
posted by Jose Matos at 10:32
quinta-feira, setembro 16, 2004
Penso que começa a ficar claro que a intervenção que o Vladimiro Jorge tem tido a propósito do parque industrial é na sua origem uma precipitação motivada pela vontade de fazer oposição à câmara. Uma precipitação que já teve, entretanto, ecos na nossa imprensa local como constato hoje ao ler o Jornal da Ria. Mas cá vai a minha resposta.
Para começar nunca ouvi do anterior executivo qualquer proposta de gestão do parque industrial que não fosse a câmara a gerir e a promover. Nunca me chegou outra ideia que não fosse essa. Aliás, seria um modelo de gestão como muitos outros que vemos em concelhos vizinhos. Portanto, desconheço que entidades eram essas de que se fala agora? Gostava de saber os seus nomes, que contactos foram feitos, que resultados obtidos?
Em relação à questão das percentagens da câmara e da APIParques constata-se claramente que quem critica não leu o que a lei diz. E o que a lei diz é simplesmente isto:

Os promotores das ALE serão sociedades anónimas especificamente constituídas para o efeito, denominadas «sociedade gestora das ALE», assumindo uma estrutura de capital adequada à sua função, tendo como accionista maioritário uma entidade que comprovadamente tenha experiência no domínio da concepção, da instalação, da promoção e da gestão de parques empresariais e que tenha essa como única ou principal actividade. Decreto-Lei nº 70/2003 de 10 de Abril de 2003.

Depois tenta-se fazer passar a ideia que a câmara se auto-excluiu da gestão do parque quando isso não tem qualquer sentido. Basta ler o acordo Parassocial e o documento que regula a constituição da ParqueEsta para ver que a CME participa obviamente na gestão da ParqueEsta tendo mesmo a seu cargo a nomeação do presidente do conselho de administração. Portanto, nunca a câmara vai estar afastada das decisões que forem tomadas. É claro que muita coisa será esclarecida na próxima assembleia municipal, mas houve obviamente uma precipitação nas críticas feitas a este acordo sem conhecer os documentos. E quando se argumenta que se falou apenas com base na informação disponível, convém dizer que o actual executivo sempre esteve disponível para prestar esclarecimentos sobre este assunto. Bastava ter passado pela câmara ou ter telefonado ou ter enviado um mail ao presidente ou mesmo vice-presidente para muitas dessas dúvidas deixaram de fazer sentido. Como deputados até temos direito a essas pequenas deferências. Aqui fica a sugestão para o próximo episódio.
 
posted by Jose Matos at 13:42
quarta-feira, setembro 15, 2004
Já agora aqui fica uma referência às famosas ALE (Áreas de Localização Empresarial), que será aplicada no caso do nosso parque industrial. E uma vénia ao ex-ministro Carlos Tavares que neste e noutros dossiers teve visão para acabar com muitas burocracias.
 
posted by Jose Matos at 14:10
A notícia parece não dizer-nos muito. Mas é perfeitamente possível que o IC 1 venha a ter portagens. Dessa forma, passará a ser mais uma auto-estrada. Ora isto seria ainda uma maior aberração num hipotético traçado a nascente, pois teríamos uma auto-estrada à beira da outra. Se o projecto das portagens for para a frente (como parece) deixa de fazer qualquer sentido qualquer solução a nascente e o poente passa a ser mesmo a única solução viável e lógica. E para aqueles que estão contra o traçado a poente (ambientalistas e outros) a única coisa que poderão defender será a suspensão pura e simples de qualquer traçado entre Estarreja e Angeja. Ou seja, teríamos o IC 1 com portagens até à saída da A1 em Estarreja e depois um troço de auto-estrada até ao IP5. Vamos ver até que ponto estas intenções do governo podem ou não baralhar toda a questão. E vamos ver também nos próximos tempos como é que o governo vai conseguir ultrapassar o problema da ZPE a poente. É que não é nada fácil de resolver.
 
posted by Jose Matos at 13:56
Não podia deixar passar em claro o aniversário do Estarreja Efervescente. Ele é o percursor de outros blogues locais e um dos mais resistentes. Ao fim de um ano, muitos dos blogues que surgiram nessa vaga estão parados havendo apenas actividade assinalável neste e no que agora faz 1 ano. Daí os meus parabéns ao autor que soube resistir. E penso que a resistência foi compensada por um certo reconhecimento à esquerda e pelas citações noutros blogues e mesmo em jornais. O Estarreja Efervescente transformou-se assim numa tribuna que o autor tem usado bem para promover os seus pontos de vista e para fazer oposição à câmara e com vantagem de ter muito mais audiência do que numa assembleia municipal. E está obviamente no seu direito e acho que faz muito bem em aproveitar o espaço de antena que tem. Mas o Estarreja Efervescente não foi apenas política neste último ano. Também teve outras coisas que lhe deram uma abrangência maior. E foi essa imagem de “blogue de autor” e não de blogue ao serviço de uma força externa que lhe deram credibilidade.
 
posted by Jose Matos at 13:52
Um outro profeta da desgraça (que é também vereador do PS e candidato à câmara nas próximas eleições) disse em reunião de câmara há pouco tempo que em relação à gestão do parque industrial a actual câmara tinha posto a raposa a tomar conta das galinhas. É claro que mais uma vez estamos perante uma metáfora muito estranha. É que eu pensava que nesta sociedade era tudo galinhas (ou raposas) só que umas mais gordas do que as outras. Mas houve quem olhasse para a galinha mais gorda e visse nela uma raposa, o que é realmente espantoso. Ao menos podia ter visto um outro animal de penas. Agora uma raposa! Que diabo! É uma ofensa contra todas as raposas. E só por isso votou contra a proposta da maioria. Logo aqui se vê que este vereador não gosta nada de raposas. Mais sensato foi vereador Teixeira da Silva que disse logo que não tinha nada contra um animal tão simpático e que optava pela abstenção. Homem sensato e que cada vez admiro mais. Mas esta história das raposas deixou-me a pensar. Sabemos que estas visões são típicas nos profetas que podem ver uma raposa numa galinha, um milhafre num passarinho ou um gato no lugar do rato. Sabemos que a arte da profecia tem destas coisas. Talvez um dia quando as galinhas estiveram todas a produzir ovos, o profeta deixe de ver raposas e passe só a ver galinhas. Mas aí vai dizer que os ovos não são de qualidade ou que estamos a vender os ovos aos estrangeiros.

 
posted by Jose Matos at 13:49
A profecia era, em tempos antigos, uma arte bem apreciada. Os profetas viam acontecimentos futuros em sonhos, ou através de visões. Quase sempre falhavam nas suas previsões, mas como as visões tinham sempre múltiplos sentidos, ninguém notava os erros de previsão. Por cá, também temos alguns, mas em vez de usarem pincéis e pergaminhos para escreverem usam a net. Um deles tem mesmo um blogue onde estranhamente profetiza contra o futuro do Parque Eco Empresarial de Estarreja. Digo estranhamente por que ele próprio diz que não conhece os contornos do negócio. Sendo assim, como é que pode fazer profecias tão sombrias sobre o futuro do parque, quando mal conhece o processo? Mas vamos aos factos. Quando esta câmara tomou posse já a câmara anterior tinha comprado alguns terrenos para tentar fazer o parque industrial. Tinha grandes planos para o dito, mas a verdade é que durante 8 anos não passou da fase da tentação. Sei que não é fácil gerir um processo tão complicado com uma enorme quantidade de pequenas parcelas a comprar e a registar, mas o processo de compra e registo de terrenos terá ficado certamente abaixo das expectativas. É o azar de tentar comprar coisas muito divididas e na mão de pequenos proprietários. Portanto, quando este executivo tomou posse herdou mais uma obra por terminar e com muito trabalho ainda por fazer. Mas além do problema dos terrenos havia também um problema no modelo de gestão. Os antigos profetas queriam gerir tudo à velha maneira, ou seja, a câmara fazia tudo desde a venda de terrenos até à promoção e gestão do parque. O actual executivo percebeu logo que tal modelo de gestão não servia para gerir um parque moderno e capaz de atrair bons investimentos. E tratou logo de fazer contactos com várias entidades para arranjar um parceiro estratégico, nomeadamente com a Agência Portuguesa para o Investimento (API) e a Associação Empresarial Portuguesa (AEP). Acabou por decidir fazer uma parceria com a APIParques da API, que ficou com 51% do capital da sociedade ParqueEsta, entrando também na sociedade a AIDA, a SEMA e talvez no futuro a Universidade de Aveiro, mas com quotas menores. Ora os 51% da APIParques podiam assustar a câmara caso não existisse um acordo Parassocial que impede qualquer desvio em relação às questões mais importantes, ou seja, ordenamento, ambiente, definição da política de preços dos terrenos, nomeação do presidente do Conselho de Administração e posse dos terrenos por parte da CME. É este acordo que protege a câmara de qualquer abuso por parte da APIParques no seio da ParqueEsta. E logo aqui há uma diferença grande entre esta câmara e a anterior, que é o ter percebido que a autarquia não tinha estrutura nem pessoal para promover e gerir um parque industrial de qualidade. Portanto, quando ouço os antigos profetas falarem de um parque ultramoderno no passado, um parque com um modelo de gestão de há 10 e 20 anos, só posso perceber tal afirmação num contexto de êxtase ou de estado alterado da consciência. Mas vamos a mais factos. Quem é que vai mandar no Parque? É óbvio que é a sociedade gestora, na qual a APIParques tem a maioria do capital. Mas convém dizer que a sociedade gestora vai fazer isso mesmo gerir cabendo sempre à autarquia a última palavra como proprietária dos terrenos a vender. Aliás, o regulamento para a venda dos terrenos será aprovado pela autarquia em função de critérios já definidos no acordo Parassocial. Portanto, a ParqueEsta será apenas o gestor do condomínio sendo a CME a dona dos apartamentos. Isto mostra que houve obviamente a preocupação por parte desta câmara em defender os seus interesses no futuro parque ao contrário do que dizem os profetas da desgraça. Por outro lado, a presença da APIParques na sociedade gestora pode trazer no futuro para a gestão da ParqueEsta os terrenos da Quimiparque, proporcionado assim uma gestão integrada para toda a área. Ora perante este cenário parece-me óbvia a razão pela qual a actual câmara abandonou o testamento deixado pelos antigos profetas. É que era um projecto ultrapassado que a câmara nunca conseguiria gerir de forma eficiente. Perceber isto é fundamental nesta discussão. Outro ponto importante foi o faseamento da empreitada. O anterior executivo queria fazer tudo de uma vez só. Não digo que fosse impossível, mas o esforço financeiro que a câmara ia fazer em tal empreitada seria tremendo comprometendo certamente outros projectos ou obras. Este executivo teve o bom senso de moderar isso e de fazer de forma faseada as coisas. E este é outro corte com o passado. Em resumo, esta câmara percebeu 3 coisas essenciais. Que o modelo de gestão que o anterior executivo queria não era compatível com a gestão de um parque moderno e de qualidade, que a pareceria com a APIParques pode trazer no futuro para a gestão do parque a zona da Quimiparque e que toda a obra devia ser feita por partes de forma a moderar o esforço financeiro. É nestes três pontos que a acção do actual executivo marca a diferença em relação ao passado. E penso que é este o caminho que deve ser seguido.
 
posted by Jose Matos at 13:41
sexta-feira, setembro 10, 2004
Estava um dia de Sol. Um calor de fim de Verão como agora. Um calor de Setembro. A tarde começava serena. Estamos em 1976 e são quase três da tarde. Carlos Rebelo conduz um camião cisterna pela estrada 109, na companhia do filho em direcção á Figueira da Foz. Passam por Salreu sem grandes problemas, mas perto do fim das casas, quando a estrada começa a descer travam um pouco por causa de alguns carros na faixa contrária. De repente perdem o controle do camião. Desgovernados batem num muro e num poste de electricidade que derrubam e continuam sem rumo até baterem num carro estacionado junto a uma casa. A casa tem uma pequena rampa que o camião sobe arrastando o carro à frente. Em poucos segundos, o camião tomba na estrada. Dentro da cisterna estão 13 mil litros de gasóleo e 24 mil de gasolina, que se espalham pelo pavimento. De repente, talvez devido a uma faísca do poste eléctrico, o combustível incendeia-se e as chamas deslizam pela estrada e envolvem o camião. Carlos Rebelo consegue fugir mais o filho, embora as chamas lhes causem algumas queimaduras. Dentro da casa está o dono, a mãe do dono, a esposa, dois filhos pequenos e um médico que consultava o dono da casa por este se encontrar doente. Não podem fazer nada senão fugir. O calor começa a estalar os vidros das janelas a derreter os estores. O dono embrulha-se num cobertor que tinha na cama e foge mais a mulher e os filhos. Só a mãe do dono fica para trás, agarrada à casa e a tudo o que tinha lá dentro. A gasolina e o gasóleo correm pelas valetas da estrada. Invadem o rés-do-chão da casa e queimam tudo à sua passagem. O carro do médico é também consumido pelo fogo. Tudo arde no calor da tarde. Um cão numa propriedade ao lado ladra em aflição. Preso à casota tem o destino selado. Não escapará às chamas. Os bombeiros sem grandes meios tentam afastar o fogo das restantes casas. Só ao meio da tarde terão os produtos apropriados para despejar sobre a cisterna do camião. Entretanto, um dos tanques do camião explode provocando vários ferimentos entre os bombeiros. Um deles, em estado mais grave, é evacuado de helicóptero para o Hospital de Aveiro. A tarde termina pesada com uma imensa coluna de fumo negro espalhada pelo céu. O fumo vê-se a dezenas de quilómetros. O calor do fogo foi tanto que derreteu os paralelos da estrada. Da casa nada resta a não ser as paredes. Ao longe o dono olha para ela. Ficou sem nada em poucas horas. Tem 34 anos, mas não sabe o que fazer. Espera obviamente que os responsáveis por semelhante tragédia assumam as consequências do sinistro. O camião tinha um seguro no valor de mil contos, que não chega para cobrir todos os prejuízos. O dono do camião esquiva-se no seguro e deixa o caso ir para Tribunal. Sete anos depois é condenado em tribunal, mas recorre da sentença e não paga nada. Entretanto, o dono da casa à custa de um empréstimo bancário compra uma casa nova e continua à espera que se faça justiça. Morre em 1987 sem receber nada. Dois anos depois, o dono do camião chega a um acordo extrajudicial com os herdeiros do dono da casa. Dá-lhes mil contos, ou seja, mais ou menos o dinheiro que custaria a reconstrução da casa em 1976. Compra-lhes assim o silêncio e alivia a consciência. E a justiça com a sua balança na mão assiste a tudo impávida e serena. O dono do camião ainda tem a sua empresa à beira do Antuã. Vive bem. Talvez se lembre de vez em quando do sinistro. Da falta de responsabilidade que teve. Da justiça que o ajudou e favoreceu com a sua lentidão e ineficácia. Não creio que se lembre do dono da casa e da família que lá morava. Coisa do passado, que convém enterrar. Talvez queira esquecer tudo aquilo. Aquela tarde quente de Setembro. O camião tombado. As chamas. Os rolos de fumo negro. A casa queimada.
 
posted by Jose Matos at 17:45
terça-feira, setembro 07, 2004
Há coisas que me soam mal quando falamos de ambiente e do IC 1. Devo confessar que sou uma criatura ligada à terra, ao verde da erva, aos montes, aos campos. Devo confessar que não gosto de estradas a estragar-me a paisagem e que os super-heróis ainda são precisos para salvar o mundo. Mas tenho carro e preciso de estradas para chegar onde quero. Sei que um dos grandes problemas do IC 1 a poente é sua passagem pela ZPE da Ria de Aveiro. De forma simples, é uma zona de protecção especial que protege a nossa ria de qualquer tipo de agressão, seja ela aérea, marítima ou terrestre. Neste contexto, as espécies que lá vivem são protegidas e devem ser conservadas a todo o custo. Sabemos que a ria é um sítio aprazível e ponto turístico obrigatório para muitas aves. Calcula-se que 20 mil passem por lá férias todos os anos com a família. Digamos que é uma espécie de Algarve para as criaturas de penas. Algumas têm lá casa permanente, outras passam só férias e vão-se embora. No entanto, a espécie mais importante da ZPE é obviamente esse hominídeo chamado Homem. Um animal de porte e marcha erecta que gosta de carros e de construir estradas. É que um bocadinho de Fermelã faz parte da ZPE, o que significa que alguns dos seus habitantes são espécies de conservação prioritária. Portanto, também têm uma palavra a dizer a respeito deste problema, assim como as aves. Sou, por isso, a favor da consulta popular. Que se faça um referendo entre as aves a ver o que elas têm para dizer. Sei que algumas dizem que não querem cá mais barulho. Outras que não se importam, pois conhecem várias cegonhas que vivem perto da estrada e que não se chateiam muito com o barulho dos carros. Há também o comboio, mas em relação a esse já estão habituadas. E depois dizem que a zona de lazer é muito extensa e que cada uma pode passar férias onde bem quiser. É certo que muitas delas gostam mais do barulho das rãs do que dos carros ou do comboio, mas como podem facilmente mudar de casa e não falta por aí espaço resolvem facilmente o problema. Quanto aos outros habitantes da ZPE também gostam das rãs e da companhia das aves. Vivem com elas há muito tempo e habituaram-se à sua presença. Gostam mesmo de as ver por cá a passar férias. Mas também gostam de estradas e de andar de carro. Já se habituaram a ver o comboio a passar pelo meio do campo e acham que uma estrada à beirinha da linha não vai fazer mal nenhum. Mas há depois os ecologistas que não são aves nem espécies de conservação prioritária, mas que gostam sempre de preservar. Sei que são criaturas bem intencionadas e que são importantes para o equilíbrio do planeta e do meio ambiente. Devo confessar que também gosto deles. Como eu também gostam das aves, da terra, da erva, dos montes e das espécies protegidas. Gosto do seu radicalismo, dos slogans, da sua forma verde de ver o mundo. Sei que por vontade deles não havia carros, nem estradas, nem fábricas, nem efeito de estufa, nem aquecimento global, nem buraco de ozono e que o mundo seria certamente muito melhor do que é. Sei que tudo está ligado a tudo numa complexa teia de relações como defendia o velho Haeckel. Que gozamos as árvores dos outros. Que não podemos viver isoladamente da natureza. Que uma pequena mudança num ecossistema pode ter implicações profundas no global. Que os super-heróis ainda são precisos para salvar o mundo. Mas o que fazer então? Decepcionar o povo, os autarcas, os políticos, que andaram a contar com uma estrada a poente e sai-lhes outra coisa a nascente? Obrigá-los a comer um sapo, quando o sapo também é uma espécie de preservação prioritária e venenosa segundo sei? Não é fácil convencer as várias espécies em jogo disto. Dos interesses da natureza, dos desequilíbrios ambientais, do problema do buraco de ozono. É que para muitos hominídeos a estrada tem mais sentido a poente do que a nascente. E saber se o sentido deles está ou não certo é uma questão complicada.
 
posted by Jose Matos at 15:17