sexta-feira, dezembro 30, 2005
Embora ligue pouco ao evento aqui ficam os desejos de Bom Ano. E não abusem muito na comida nem na bebida. Façam como eu. Pouca coisa à mesa e um gato como companhia.

 
posted by Jose Matos at 22:15
Quem olha para o título pensa que é algum Carnaval de fim de ano. Mas não. É mais o Carnaval que foi o programa que amanhã passa na RVR. O debate foi quente e animado e até divertido. Tenho ali duas mulheres que me fazem a vida negra. Mas vá lá que consegui finalmente perceber a razão do PS na câmara (mesmo concordando com o protocolo) ter votado contra. Pelo menos o debate foi esclarecedor aí.

Mas começando pelo princípio. A câmara aprovou recentemente um protocolo com a Associação de Carnaval que define claramente competências e responsabilidades no que diz respeito à organização e custos do Carnaval. Com este protocolo a câmara chama a si várias responsabilidades e assume um controle sobre o Carnaval que não tinha antes. Acho que é positivo este reconhecimento que as coisas nem sempre funcionaram bem no passado e que era preciso uma maior intervenção da câmara para que a gestão do Carnaval tivesse contornos mais profissionais. Até aqui o PS concorda, mas depois votou contra ao protocolo, segundo percebi porque além da verba protocolada em subsídio corrente (que pode ir até ao limite de 60 mil euros) existem outras verbas referidas em orçamento que também são canalizadas para o Carnaval e que não estão no protocolo. E era isso que o PS queria ver referido no protocolo. Todas as verbas gastas com o Carnaval. E isto porque acham que as verbas referidas em orçamento podem ser ratificadas para valores superiores. Percebo o ponto de vista, mas podiam ter optado pela abstenção fazendo uma declaração de voto que salientasse isso. Se concordam com o espírito do protocolo e não possuem uma solução alternativa, podiam ter optado pela abstenção. Mas votaram contra. Tudo bem. Estão no seu direito e percebo o voto.

Agora há também um pouco de história que é preciso fazer a respeito do Carnaval e que tentei fazer no programa, embora sem sucesso. Mas aproveito para fazê-la aqui para não ser amanhã mal interpretado. Durante os anos 90, quando Vladimiro Silva foi presidente da autarquia, o subsídio ao Carnaval era obviamente muito mais baixo do que agora. Andaria à volta de 10 mil a 15 mil euros salvo erro. Ora, mas o Carnaval funcionava e as pessoas faziam o que podiam para que as coisas corressem bem. No famoso ano do Zé Maria, quando a deputada Marisa Macedo entrou para a direcção da associação do Carnaval (por questões essencialmente políticas), o apoio da câmara aumentou de forma abrupta para 40 mil euros. É um facto que o Carnaval deu lucro nesse ano e teve uma projecção mediática elevada devido à presença do Zé Maria. Quem esteve à frente soube gerir bem o evento e aproveitou bem o apoio da câmara. Nunca critiquei isso e mesmo a tentativa de instrumentalização política do lugar sempre a entendi no contexto da época e como se sabe não resultou. Só que para além desse sucesso (e cujo crédito é obviamente das pessoas que estiveram na altura à frente da associação) criou-se um precedente que foi o apoio financeiro da câmara aumentar de forma repentina e ter criado um novo patamar de financiamento que nunca mais baixou.

Nos anos seguintes, este apoio financeiro mais elevado permitiu que a associação funcionasse de forma mais folgada em termos financeiros, o que até pode ser bom por um lado, mas por outro criou novos níveis de gastos que se calhar não existiam antes. Se associarmos a isto o facto de durante dois anos seguidos as condições meteorológicas terem sido más para o desfile e captação de receita começamos a ver porque razão há neste momento uma dívida acumulada de 40 mil euros. É um facto que a câmara devia ter actuado mais cedo neste sector e aí concordo com a crítica feita no programa a esse respeito. Mas agora que agiu, acho que merece um voto de confiança e merece uma palavra de apoio. Não sou obviamente defensor como a Carla que o apoio ao Carnaval volte a níveis mais baixos. Acho que isso foi um tempo que já passou e os custos que envolvem hoje um Carnaval como o de Estarreja não são comportáveis com esse tipo de apoios. Mas também acho que deve existir um limite financeiro que responsabilize a câmara e a associação e que não se passe daí.

Termino dizendo aquilo que já disse no programa. Que todas as pessoas que ao longo dos anos estiveram à frente do Carnaval e que fizeram o seu melhor para que o Carnaval não morresse merecem obviamente uma palavra de apreço. Mesmo cometendo erros de gestão ou tendo azar com o tempo (como aconteceu ultimamente) ou mesmo usando o evento com intuitos políticos (como aconteceu no tempo do Zé Maria) todas as pessoas sem excepção merecem uma palavra de reconhecimento pelo trabalho desenvolvido. De forma voluntária deram o seu melhor. E só quem lá esteve é que sabe o que aquilo custa. Portanto, não podia deixar de terminar esta pequena intervenção sem salientar isso. Quanto ao resto acho que o Carnaval já teve no passado política que chegue.
 
posted by Jose Matos at 21:46
Este foi também um ano de uma vitória histórica no concelho. Convém recordar que ficamos apenas a 30 votos de eleger o 6º vereador e que tivemos resultados muito bons nas freguesias. Foi uma espécie de onda que varreu o concelho. A derrota do PS foi enorme e vamos ver se daqui uns tempos, quando o partido tiver eleições internas, as pessoas envolvidas assumem o que lhes aconteceu e se os renovadores serão capazes de apresentar uma nova solução de liderança. Mas o PSD saiu extremamente reforçado destas eleições e os candidatos com responsabilidades acrescidas. O capital de confiança que tiveram não pode ser desperdiçado e tem que corresponder às expectativas. Vão ter 4 anos para mostrar que continuam em forma e que são capazes de continuar a melhorar esta terra. No obscuro já trabalham para uma nova vitória em 2009.
 
posted by Jose Matos at 18:00
O ano que acaba é também o final de um ciclo autárquico. O mandato que terminou este ano foi um mandato histórico pelo investimento realizado. Em apenas 4 anos duplicou-se o investimento de capital. Nunca tinha acontecido na história do município. Também nunca tinha acontecido um executivo em 4 anos investir mais do que nos 8 anos anteriores. Aconteceu com este. E até ficamos perto de conseguir em 4 anos investir tanto como nos 12 anos para trás. E isto deveu-se principalmente à capacidade de investir o dinheiro disponível e de captar fundos comunitários. E foi pena, o esquema de endividamento das autarquias ter mudado logo em 2002, senão estou convencido que o tal recorde histórico de em 4 anos investir tanto como em 12 tinha sido alcançado.

E reparem que durante este tempo todo a oposição andou sempre a votar contra aos vários orçamentos. Andou sempre a criticar a teoria "do maior orçamento de sempre" e que os orçamentos eram maus. Afinal passaram 4 anos históricos no concelho com valores de investimentos nunca alcançados no passado e segundo a oposição era tudo mau. Gostava de saber se o PS continuasse na autarquia qual seria o valor de verbas de capital investido? Será que também duplicava? Ou será que passava de 10 milhões de euros para 13,8 milhões como fez no seu primeiro mandato ou de 13,8 para 19,3 milhões como fez no segundo mandato? Ou seja em 8 anos conseguiu executar 33, 1 milhões de euros. Ora se em 8 anos não conseguiu passar dos 33 milhões de euros, que evolução conseguiria em mais 4 anos? Arrisco uma previsão. Talvez chegasse aos 25 milhões de execução num 3º mandato, isto seguindo a tendência que vinha de trás. Mas jamais conseguiria duplicar a tendência que trazia de trás como nós fizemos. E andaram 4 anos a criticar os nossos orçamentos como se no passado tivessem tido uma perfomance excelente. Agora que o tempo já lá vai e que os números saltam à vista podemos ver quem tinha razão. Se éramos nós quando votávamos contra os orçamentos deles ou se eram eles quando votavam contra os nossos?

Mas é também um mandato histórico porque nunca mais se volta a repetir. Nunca mais um executivo vai conseguir duplicar o investimento do anterior. No patamar em que estamos isso já não é possível. Os tempos que se avizinham são difíceis. Os orçamentos que nos esperam já não poderão ter o fôlego de outros tempos. Os grandes endividamentos à banca como no passado acabaram, os bons quadros comunitários de apoio já lá vão. O que aí vem será a última oportunidade para desenvolver esta terra e este país. Mas tinha que fazer aqui este balanço para que a pouca memória não apague aquilo que se disse no passado. É que é um filme que vamos voltar a ver em breve quando for discutido o próximo orçamento.
 
posted by Jose Matos at 17:56
O ano termina com vários blogues que ficaram pelo caminho. Surgem em força, mas depois vão esmorecendo e os autores vão desistindo. É um fenómeno comum por toda a blogosfera. Poucos resistem. Se olharmos para o nosso cantinho também vemos isso. Poucos estão activos e vamos ver daqui a um ano quantos continuam? Mas a influência que tiveram na política local foi diminuta, diria mesmo quase nula. Os blogues continuam a ser lidos apenas por uma pequena minoria de pessoas. Grande parte da população não sabe o que se passa na blogosfera. Portanto, o seu poder de influência neste pequeno canto é muito reduzido. E assim vai continuar. Daí que seja natural que mais alguns morram em 2006.
 
posted by Jose Matos at 14:04
quinta-feira, dezembro 29, 2005
É uma pergunta que faço muitas vezes em política. Como é que as pessoas pelo simples facto de estarem na oposição acreditam no que acreditam? Este livro do Michael Shermer tem sido o meu guia para tentar perceber estas crenças estranhas. Mas mesmo assim não é fácil.

 
posted by Jose Matos at 14:20
quarta-feira, dezembro 28, 2005
Uma das melhores canções de 2005 para ouvir neste final de ano. Tem uma letra que faz lembrar os cantores românticos, mas que soa bem lá isso soa. Para ouvir aqui.

So we in sleep in bed
We never make
Holding close to love
Love should fade
Holding on to this is the best thing we'll ever do

Morning sun is sweet and soft on your eyes
Oh my love, you always leave me surprised
Before my heart starts to burst
With all my love for you

I know how it rains
I know how it
I never could feel this way
For anyone but you

I know how it rains
I know how it
I never could feel this way
For anyone but you

So it takes some time
And slip away
Holding on to love
Love should stay
Holding on to you is the best thing I'll ever do

Evening sun is sweet and soft in your face
I never ever leave this place
I feel my heart starts to burst
With all my love for you

I know how it rains
I know how it
I never could feel this way
For anyone but you

I know how it rains
I know how it
I never could feel this way
For anyone but you

Moby
 
posted by Jose Matos at 20:50
A entrevista que saiu hoje no Diário de Aveiro com José Eduardo Matos é importante, pois esclarece várias dúvidas sobre 3 temas que considero essenciais. É uma entrevista extensa, mas que vale a pena analisar nos 3 pontos mais importantes.

Orçamento – De facto a câmara está dentro do prazo legal ao apresentar o orçamento em Janeiro. Mais importante que o prazo é que seja um bom orçamento. Ora a entrevista dá uma indicação clara de que o próximo orçamento vai ser de contenção e principalmente a nível interno vai haver uma maior contenção da despesa corrente. Mas a minha aspiração neste capítulo (além da contenção na despesa corrente) é que a taxa de execução nas despesas de capital suba dos valores actuais (na casa dos 45%) para valores um pouco superiores e que no próximo ano se chegue claramente à fasquia dos 10 milhões de euros em despesas de capital executadas. Como já vão perceber não é fácil, pois além de factores externos há factores internos que devem ser aperfeiçoados. É preciso mudar a “cultura em relação à orçamentação, sua elaboração, execução e indicadores de gestão”. Parece-me que aqui tem que haver um maior seguimento e controle na perfomance do investimento executado. É o que retiro destas palavras. Mas não é tudo. É óbvio que neste capítulo também estamos dependentes que o governo pague todos os anos, aquilo que nos deve. Actualmente anda à volta de 1 milhão de euros, o que significa que a câmara de Estarreja está a ser prejudicada com isso. Por outro lado, o quadro de endividamento é adverso (o famoso endividamento zero), o que também prejudica a taxa de execução. Mas temos que ser capazes de ultrapassar estas limitações, embora nem tudo dependa da nossa vontade. Mas o cenário é este e como se pode adivinhar os próximos tempos vão ser difícies. Os ditos factores externos afectam consideravelmente a capacidade de execução das câmaras. E é neste quadro que nos movemos.

Ecoparque – É claramente aposta para os próximos 4 anos. Como é dito na entrevista tem sido a câmara sozinha que tem suportado os custos de instalação do parque. É um peditório para o qual o governo ainda não deu nada. Mas em relação ao modelo de gestão, neste momento a situação depende do interesse da API e das orientações do próprio governo. Mas sempre defendi (e a câmara também) que era o melhor modelo de gestão para o ecoparque e espero obviamente que a API honre o acordo assinado. É o mínimo que se pode esperar de uma entidade que julgamos ser séria e cumpridora. Se o não fizer será um péssimo sinal para a sua credibilidade. Esperemos que percebam isso.

IC 1- Esta entrevista tem o seu quê de histórico neste ponto. Há uma ruptura clara com a solução que está ser cozinhada em Lisboa para voltar ao traçado a nascente. E acho bem que essa ruptura seja assumida. Por mim, acho que a solução deve de facto passar por uma variante a nascente alternativa à 109 ou então pela própria A1 com o seu alargamento e aumento da portagem em Estarreja. Essencial também uma boa ligação ao Ecoparque. Agora outra auto-estrada com portagens agradeço muito, mas não quero. E aqui o Presidente da Câmara é claro sobre isso e só lhe fica bem.
 
posted by Jose Matos at 17:49
Há dias, o 7 meses denunciava um caso de intervenção num poste de alta tensão onde um ninho de cegonhas foi destruído. Ora parece que afinal de contas nem a câmara, nem a EDP, sabem alguma coisa a respeito do assunto. Ou seja, quem fez o que fez não está identificado, nem se sabe quando o fez nem quais as razões? Um mistério à espera de resolução.
 
posted by Jose Matos at 16:43
terça-feira, dezembro 27, 2005
Há momentos na blogosfera em que temos que ser solidários. E este é um deles. O Vladimiro Jorge é se calhar o bloguista mais antigo que existe em Estarreja. É também dos mais resistentes e sempre deu a cara por aquilo que escreve. Pela persistência e pela frontalidade tornou o Efervescente num blogue de referência local. Mas desde que tem comentários, este blogue tornou-se também um espaço de calúnia e de insultos escritos por gente anónima. É claro que um insulto anónimo e rasteiro tem pouco valor e a melhor coisa a fazer é não perder tempo com quem o produz. Mas com o passar do tempo começa a cansar e um dia atinge o nosso limite de tolerância. E aí é preciso agir.

Por isso, compreendo perfeitamente e apoio a atitude que ele tomou no seu blogue em moderar os comentários. Os comentários continuam a existir, mas é preciso agora que os comentadores estejam registados para comentar. Vamos ver se os comentadores não voltam abusar. Porque se abusarem não resta outra coisa ao autor senão acabar com a secção de comentários.

Mas o que se tem passado naquele blogue mostra apenas uma coisa que venho aqui repetindo. É que as pessoas simplesmente não sabem discutir coisa nenhuma a não ser na base do insulto e da gozação. E a blogosfera tornou-se um triste exemplo disso.
 
posted by Jose Matos at 02:36
E já agora uma chamada de atenção para a entrevista que a Catarina Rodrigues deu ao Diário de Aveiro. Um aspecto que saliento na mesma é o facto da câmara dar pela primeira vez condições aos vereadores da oposição criando um gabinete só para eles na antiga Casa dos Magistrados. Tenho a impressão que poucas câmaras neste país oferecem este tipo de condições aos vereadores da oposição e é pena, pois todos os vereadores deviam ter condições para receber as pessoas. A nossa dá um bom exemplo ao fazê-lo.
 
posted by Jose Matos at 00:53
segunda-feira, dezembro 26, 2005
Mais uma mudança de visual a ver se fica com melhor aspecto. Nunca gostei muito do aspecto anterior. Mas foi o melhor que arranjei na altura para subsituir o original. Não é fácil encontrar o template certo. Mas acho que agora está melhor. Pelo menos está mais claro a condizer com o nome. Aliás, nunca esteve tão bem como agora. Finalmente há luz neste espaço.
 
posted by Jose Matos at 21:37
Migraram os pássaros
E faz, finalmente, frio.
Meu coração, inerte,
Debruça-se sobre espaços
Agora vazios

Lígia de Gomes Carneiro; Maio de 1992
 
posted by Jose Matos at 01:33
domingo, dezembro 25, 2005
Brilha, brilha, lá no céu
Brilha, brilha,
Lá no céu,
A estrelinha que nasceu.
Logo outra surge ao lado
E o céu fica iluminado.
Brilha, brilha,
Lá no céu,
A estrelinha que nasceu.
E já agora que estamos a falar do Pai Natal não podem perder este vídeo.
 
posted by Jose Matos at 13:52
sábado, dezembro 24, 2005
Votos de Bom Natal de paz e de concórdia pelo menos nesta altura do ano.

 
posted by Jose Matos at 00:37
sexta-feira, dezembro 23, 2005
Um texto muito interessante sobre o anonimato que saiu na revista Única do Expresso em Junho passado e que está no Bomba Inteligente. O texto vai ao encontro do meu texto de há dias sobre bullying. A ler com atenção. Não diria melhor.
 
posted by Jose Matos at 22:17
5 livros que ficam na memória de 2005.

1- O medo de Existir do José Gil

2- Álvaro Cunhal (3º volume) de Pacheco Pereira

3- Richelieu de François Bluche

4- Mao de Jung Chang e Jon Holiday

5- Operação Mar Verde de António Luís Marinho
 
posted by Jose Matos at 21:52
Uma das minhas preocupações nos juízos que faço é ser justo. E tenho que ser justo para com a última edição do Jornal "Voz Regionalista". Está bem feita e adequada ao tempo em que estamos. Se fosse sempre assim o jornal estava de parabéns. Só é pena é que depois do Natal voltem ao mesmo de sempre.
 
posted by Jose Matos at 21:29
Amanhã na RVR temos mais um programa semanal. Desta vez, o tema foi a última assembleia que já comentei aqui. Foi um programa divertido que mostra que 4 pessoas de tendências diferentes podem discutir política sem se atropelar uns aos outros. Os votos de Bom Natal para quem comigo todas as semanas troca ideias no éter.
 
posted by Jose Matos at 20:50
quinta-feira, dezembro 22, 2005
Como todos os blogues este também tem direito a um período de descanso pelo Natal.

 
posted by Jose Matos at 03:03
quarta-feira, dezembro 21, 2005
O que é que Malta tem que nós não temos? Para já sabemos que o nível de riqueza de quem vive em Malta é igual ao de Portugal. É claro que não é só isso que conta, mas mesmo no índice de desenvolvimento humano, Malta está apenas 5 lugares abaixo de nós. Se somarmos a isto o facto de estarmos há 20 anos a receber fundos comunitários (coisa que Malta não recebeu), começamos a ter dificuldade em perceber a razão de Malta estar tão perto de nós.
 
posted by Jose Matos at 19:45
Por falta de tempo e de motivação não tenho falado aqui de presidenciais. Vamos ver se ganho alguma vontade para isso nos próximo dias. Para já uma fotografia interessante de Soares que seria impensável em Cavaco. Estaria a brincar com alguém? Ou tinha comichão na orelha?


 
posted by Jose Matos at 13:49
Foi uma assembleia longa. Mas aqui ficam algumas impressões.

Não era para voltar a este tema do hospital, mas volto por que a intervenção do deputado Arlindo Cunha em assembleia deixou-me um pouco pensativo. É um facto que é um homem da saúde e tenho por ele alta estima e consideração. Sei que sabe mais do que nós sobre o assunto. Mas quando olho para os números no relatório acho difícil não admitir que o hospital está hoje melhor a vários níveis do que estava em 2003. Ora o deputado em questão não admitiu isso e até parece mesmo que disse o contrário.

É claro que ele como especialista no assunto pode ter dúvidas que nós não temos. São obviamente dúvidas legítimas. Mas o que eu mais estranhei foi o facto do mesmo deputado ter feito há tempos parte de um grupo do partido socialista que foi ao Hospital Visconde de Salreu falar com o Conselho de Administração para ser esclarecido. Nessa reunião estou certo que o Conselho de Administração terá tido toda a abertura para responder a qualquer dúvida ou pergunta que os elementos do PS colocaram.

Mas pelo teor da intervenção parece-me que o deputado Arlindo Cunha não veio nada esclarecido dessa reunião, o que é estranho, pois podia lá ter colocado as dúvidas que colocou em assembleia. Admito que não conhecesse o relatório na altura, mas quando o conheceu podia ter falado facilmente com a administração e pedir para ser esclarecido. Pelos vistos não o fez.

Outra coisa que me deixou também pensativo foi o deputado Arlindo Cunha ter dito que não havia metas claras no Hospital de Salreu. Ora o deputado em questão sabe tão bem como eu que os hospitais públicos já estão a entrar no sistema de gestão por objectivos e que assinatura de contratos programa em termos de orçamento estão dependentes dessa gestão por objectivos. Ora se isto é assim no Hospital de Salreu como é que o deputado Arlindo Cunha vem dizer que o hospital não tem metas claras?

Também devo confessar que não estava à espera no início da sessão daquela caução que passou às acusações da deputada Marisa Macedo na outra assembleia. É que parece que veio dizer outra vez que realmente há falta de democracia na Assembleia Municipal de Estarreja. Mais uma vez foi injusto para com o Presidente da Mesa. Ele sabe muito bem que isso nunca esteve em causa na assembleia e que todos os grupos podem intervir dentro do espírito do regimento e das regras definidas nas reuniões. Aliás, o Presidente da Mesa até tem sido demasiado tolerante em relação a certos abusos como usar a figura da defesa da honra, sem a pessoa em questão ter sido ofendida.

É claro que a deputada Marisa Macedo devia ter começado a sua intervenção por dizer que se equivocou na outra assembleia. Mas não, nem uma palavra de reconhecimento do erro. Nem uma palavra para o Presidente da Mesa. E desta vez voltou a desrespeitá-lo a usar a defesa da honra para lá dos limites do aceitável. E voltou a descair-se com aquela história de não termos vergonha sobre um processo do qual só contou uma parte da história. Era escusado aquilo.

Mas enfim, ninguém é perfeito e todos nós erramos. Mas alguns vão admitindo os erros, outros nem por isso.

Ah, e não podia terminar obviamente sem umas notas finais sobre os aspectos mais mundanos e marginais, que são apenas meras curiosidades que me ficam destas reuniões. Pequenas anotações que faço sempre com grande respeito pelas pessoas em questão.

A intervenção do ex-deputado Manuel Júlio foi o máximo. Sempre apreciei as suas intervenções e o seu espírito humorístico. Esteve bem, embora convencido que ainda é deputado.

Bem, e faltou obviamente o casaco preto da deputada Marisa Macedo que lhe fica muito melhor do que o castanho. Um deputado meu amigo é que me chamou atenção, pois nem tinha reparado. Mas aqui fica o reparo.

E já agora por falar em deputadas, as apreciações extremamente positivas que circulam a respeito da deputada Mónica Pereira. Apesar de discreta, não sabia que ela gerava um nível de desatenção tão elevado entre quem está assistir à assembleia.
 
posted by Jose Matos at 02:48
Na Sexta-Feira passada no programa o Expresso da Meia-Noite da SIC Notícias, o Secretário de Estado dos Transportes disse que a mudança de traçado do IC 1 para poente já tinha custado ao Estado 300 milhões de euros em pagamentos contratualizados e 170 milhões por encargos não previstos na concessão, ou seja, a mudança de traçado.

Fiquei admirado com os valores como também fiquei com os números que o Tribunal de Contas divulgou há tempos em que os pagamentos contratualizados nas concessões das SCUTs ascendiam já a 15,7 mil milhões de euros, a que se juntavam encargos com expropriações, no valor de 365 milhões de euros. A somar a isto é preciso juntar os custos com o processo de reequilíbrio financeiro, que consistem nas compensações dadas pelo Estado ao concessionário por encargos não previstos na concessão, que ascendiam a 894 milhões de euros.

Portanto, um desvio de 17 mil milhões de euros ao custo inicialmente previsto para as SCUTs. É claro que o governante em questão esqueceu-se de dizer que esses desvios já vinham do tempo de António Guterres, mas vou dar isso de barato.

Ora o Secretário de Estado deu o exemplo do traçado a poente do IC 1 para exemplificar que era por causa deste e outros casos que as coisas estavam como estavam. Obviamente que culpou o governo de Durão Barroso pelo sucedido e os próprios autarcas da região por terem feito pressão para que o traçado fosse a poente. Ou seja, parece que afinal de contas, o peso dos nossos autarcas na decisão não foi assim tão pequeno como isso e foram eles que conseguiram mudar a posição do governo a esse respeito.

Mas como já disse atrás, o Secretário de Estado esqueceu-se de dizer que não foi apenas o governo de Durão Barroso que andou a mudar traçados, mas que essa novela de contornos opacos começou no tempo de António Guterres. Porque foi num governo dele que foi definido o traçado a poente. Estiveram para fazer o traçado a poente e só não o fizeram por razões que o tempo e a memória já esqueceram, mas que alguns de nós não.

Depois foi também num governo de António Guterres que se mudou o traçado para nascente, esquecendo-se o governo de explicar qual era o sentido de ter duas vias tipo auto-estrada a par uma da outra? Na altura, quem governava em Estarreja revoltou-se contra isso de início (depois resignou-se) e quem estava na oposição agarrou no tema e levou o protesto até onde foi possível. E o possível foi fazer com que Durão Barroso e Marques Mendes prometessem mudar o traçado, caso chegassem ao governo. E foi isso que fizeram quando lá chegaram. E fizeram aquilo que a população e os autarcas achavam ser o melhor a solução para Estarreja, Murtosa e Albergaria-a-Velha.

Nesse seguimento, foi estudado e apresentado um traçado a poente cujo início estava previsto para o final de 2004. Ora, entretanto, o governo mudou e Santana Lopes continuou apostado em fazer a poente. Quando ocorreu a dissolução da Assembleia da República, o processo ficou estagnado e agora com este governo já sabemos o que nos espera. Aquilo que foi estudado e projectado no tempo de Durão Barroso vai para o lixo e toca a pôr de novo o trajecto a nascente.
E foi pena que em assembleia uma deputada do PS não tenha contado esta história bem contada e só tenha contado uma parte. Esqueceu-se de dizer que depois do traçado a poente ter sido anunciado em Fermelã, que o governo da coligação esteve apenas em funções mais um ano. Ora era em 12 meses que o governo conseguia desencandear um processo de expropriações de terrenos e de início de construção do IC 1? É que fosse possível tal rapidez então o actual governo já devia ter começado a fazer alguma coisa. E nem sequer anunciou ainda o traçado e já lá vai quase 1 ano desde que tomou posse.

É claro que o Secretário de Estado pode dizer agora que os autarcas e o povo estavam errados. Que o governo de Durão Barroso estava enganado, mas nunca tiveram a coragem de explicar de forma clara às pessoas porque razão estavam erradas e porque razão a solução a nascente é a melhor solução. Nesta como noutras decisões do Estado português tudo é feito no segredo dos gabinetes por critérios pouco perceptíveis.

E é por causa desta falta de transparência nas decisões do poder político, desta falta de rumo nas decisões, desta falta de controlo nos processos de decisão, desta falta de racionalidade (o que hoje é certo, amanhã já pode ser errado e etc…) que as SCUTs vão custar ao Estado mais 17 mil milhões de euros do que o previsto.

Em resumo, este Estado que nos governa nunca teve um rumo certo e transparente. Sempre foi um estado de remendos, de mudanças de direcção, de decisões adiadas. É óbvio que perante isto tornou-se permeável aos mais diversos interesses e às mais diversas pressões.

Os autarcas e a população podiam até estar errados nas suas aspirações. Mas competia ao governo definir um rumo certo e uma solução racional. Nunca foi o capaz de o fazer. Portanto, perante isto os autarcas limitaram-se e defender aquilo que achavam ser o melhor para o seu concelho.

Mas este governo também não aprendeu a lição. Começou por dizer erradamente que não havia portagens nas SCUTs. Agora já anunciou que vai apresentar um novo modelo de financiamento para o plano rodoviário até Julho de 2006, anunciando nessa altura quais são as SCUT que passam a ter portagens. Ou seja, mais uma promessa eleitoral que vai por água abaixo.

Ora parece-me evidente que a SCUT entre Angeja e Estarreja (a ser feita) também terá portagens. Se serão ou não mais baratas que na A1 é uma questão que veremos no futuro, mas acho difícil que não venha a ter portagens. Portanto, é este o IC 1 que vamos ter. Mais uma auto-estrada com portagens. E não foi isto que nós pedimos ao longo do tempo.
 
posted by Jose Matos at 01:44
segunda-feira, dezembro 19, 2005
Amanhã, o IC 1 e outros temas farão parte da ementa da Assembleia Muncipal. Esperemos que alguém nos brinde também com a história das bicicletas. Talvez algum deputado mais atento ou algum cidadão mais afoito que tenha a preocupação de levantar o assunto. E se a câmara desse uma bicicleta a cada deputado, não era um excelente ideia?

 
posted by Jose Matos at 20:13
"Mao - a história desconhecida" é o título de uma biografia editada pela Bertrand e pelo Círculo de Leitores que revela o lado negro deste conhecido líder chinês. Segunda a autora do livro, Mao "foi responsável por mais de 70 milhões de mortes", o que não deixa de ser um recorde impressionante. Uma boa prenda para oferecer pelo Natal.

 
posted by Jose Matos at 01:03
domingo, dezembro 18, 2005
É interessante como a luta política deixou os circuitos tradicionais e passou para a blogosfera. Um pouco por todo o lado vão surgindo blogues de políticos no activo e com ideias interessantes. Saliento dois de Aveiro. O Melhor Aveiro do Pedro Silva, que tem publicado as actas da câmara e a ordem de trabalhos das reuniões do município. Ora de repente podemos saber o que se passa na Câmara de Aveiro com a simples consulta deste blogue. Uma ideia interessante que tem tido poucos seguidores. O João Pedro Dias, que é deputado municipal pelo CDS, tem um blogue em que qualquer pessoa pode apresentar as suas queixas ao deputado. Não sei se tem recebido muitas ou poucas, mas não deixa de ser também uma boa ideia. Já agora neste contexto este também sempre esteve aberto a isso. Curiosamente, tanto num caso como noutro não encontramos secções de comentários.

E este é um sinal interessante de que há autores que não estão para aturar uma espécie de bullying online. O bullying tem sido uma prática corrente entre estudantes ingleses e americanos e até mesmo em Espanha, que usam a Internet e os blogues para fazer os mais diversos tipos de insultos e ameaças a certos colegas. Ora até um certo nível podemos encontrar este tipo de prática em alguns blogues anónimos ou em secções de comentários, mas voltados para a política. . As pessoas que o fazem podem ter várias motivações para o fazer, mas no geral usam com frequência o insulto e a calúnia para agredir verbalmente quem bem lhes apetece. Como não são capazes de assumirem o que dizem, optam pela dissimulação para atingir os seus objectivos. Sabem lá no fundo que muito do que dizem não tem qualquer valor e que se fosse submetido a um escrutínio rigoroso perdia qualquer credibilidade. Ora para não caírem no ridículo optam por se esconder. E assim é fácil, pois não temos que prestar contas a ninguém. Como o leão do filme rugem alto, mas depois acovardam-se inexplicavelmente.


Ora este tipo de cultura, além de mostrar falta de educação mostra também uma incapacidade enorme de discutir qualquer assunto de forma séria e franca e também um nível de agressividade pouco edificante. E quando essa capacidade não existe é obviamente impossível discutir qualquer coisa a não ser pela via do insulto e da demagogia. Ora há autores que não estão para aturar isto e simplesmente cortam o mal pela raiz. É pena, mas nós vivemos num país cheio desta gente, que fala muito à boca pequena, mas que jamais se dá ao trabalho de frequentar os verdadeiros espaços de debate público ou de dar cara por uma causa que achem justa.

Cá na terra também temos disto. O discurso que produzem é sempre radical e moralista e quem não estiver com eles está obviamente contra eles e portanto tem que ser combatido. Como são pessoas que não têm que assumir o que dizem, nem têm qualquer memória do passado, falam obviamente como se a verdade fosse única e como se a sua prática estivesse livre de qualquer mácula. Para eles, os “maus” são sempre os outros e o povo é uma cambada de incompetentes, pois escolhe sempre os “maus”. São incapazes de ter uma palavra de apreço por alguém a não ser por eles próprios e para eles o mundo seria bem melhor se os “maus” fossem todos exterminados e condenados ao calabouço.

Esta visão cerrada e fechada da política não deixa obviamente para qualquer espaço para uma discussão franca e saudável. Felizmente que nem toda a gente é assim. Ainda este fim-de-semana num jantar agradável ouvia com atenção um vereador do PS sentado à minha beira e reconhecia que havia naquele discurso ideias válidas e merecedoras de atenção. Não era nem nunca foi do meu partido, mas isso para mim era pouco relevante, pois embora tivesse um trajecto político diferente do meu, nada o impedia de ver um pouco para além da névoa partidária. Era este tipo de discussão que eu gostava de ver em todos os blogues. Infelizmente não é isso que vejo. E muitos autores como eu partilham do mesmo ponto de vista.

Bem, e é óbvio que jamais fiz algum comentário onde quer que fosse onde não tivesse dado a cara pelas palavras que escrevi. Seja em fóruns de discussão, seja em blogues, seja onde for. E quem pensa que algum dia usaria o anonimato para escrever em público está muito mal enganado. Nunca o fiz, nem nunca o farei em lado nenhum. Tudo o que digo aqui posso dizê-lo directamente a quem me lê. Portanto, não me refugio na covardia, nem na dissimulação para falar dos outros. E como eu há felizmente muita gente na blogosfera faz o mesmo. E é por isso que somos levados um pouco mais a sério. Porque se for preciso prestamos contas daquilo que dizemos.
 
posted by Jose Matos at 21:39
sábado, dezembro 17, 2005
Uma das coisas boas da actual Câmara de Estarreja é que se pode detectar sempre o paradeiro das compras camarárias. Um conhecido agitador da blogosfera local perguntou recentemente qual era o paradeiro das 40 bicicletas que o município tinha comprado há tempos. Se calhar ficou a pensar que tinham levado descaminho ou então que tinham desaparecido misteriosamente. Ou talvez nem tenha pensado nada disso e tenha apenas ficado curioso. Mas para o sossegar posso dizer-lhe que as mesmas foram compradas para actividades da câmara (e já foram usadas diversas vezes) e estão guardadas em instalações do município. Posso também dizer-lhe que ao contrário de outros produtos, em Estarreja nunca desapareceu nenhuma bicicleta da câmara e estão todas em bom estado.

Agora, contaram-me ontem ao jantar, que uma série delas estão a ser adaptadas pela SBK em Itália com uns flutuadores especiais que se podem ver na imagem. A ideia é usar algumas no futuro na parte inferior do parque municipal. O chato é que o parque já está seco outra vez, ao contrário do que previam os profetas da desgraça. Mas desconfio que volte a encher este Inverno e aí já vamos poder usar os novos veículos. E quando isso acontecer, o executivo convidará toda a gente para dar uma volta inclusive a oposição, que continua muito reticente em frequentar o espaço.
 
posted by Jose Matos at 18:45
Foi muito interessante o debate que passou hoje na RVR a propósito do Hospital de Salreu e que repete na próxima Segunda. Em primeiro lugar, o tom cordato e franco do mesmo em segundo lugar, o papel elucidativo que o actual administrador desempenhou no mesmo. A sua vinda ao programa foi importante e sua franqueza também. Do que foi dito e analisado ficaram-me 3 impressões que registo aqui.

1- O estudo de 2003 sobre a eficiência e a qualidade dos hospitais é limitado, pois na área da qualidade tem poucos critérios de avaliação (apenas 2) e na área da eficiência usa critérios discutíveis para analisar os hospitais (o caso do critério da despesa e não o critério dos custos efectivos). Embora seja sempre um estudo a levar em linha de conta parece-me que a importância que foi dada ao mesmo foi exagerada e eu próprio tinha do estudo uma impressão muito valorativa. Acho que quando o assunto foi falado pela primeira vez na rádio quem puxou o tema também lhe deu demasiada importância e exagerou de igual forma nas críticas a actual administração, que afinal de contas até fez um bom trabalho nos últimos anos como se pode ver pelo relatório enviado para a câmara. Percebo também que a minha companheira de debate na altura tenha sentido que aquele estudo era negativo para a anterior administração e que podia ser usado contra Nuno Tavares. Percebo também que um jornal local tenha seguido a mesma linha de raciocínio para tentar desviar atenção para o actual conselho de administração. Mas parece-me evidente agora que estavam a dar demasiada importância ao caso e que podiam ter optado por desvalorizar o estudo, pois afinal de contas o mesmo tinha limitações intrínsecas. A própria comunicação social também deu alguma importância ao caso e percebe-se que alguns dirigentes socialistas tenham ficado preocupados com a exposição do assunto. É claro que se o anterior administrador tivesse sido nomeado pelo PSD, a reacção teria sido completamente diferente e o estudo teria sido explorado de outra forma pelo PS. Mas enfim já conheço estas lógicas partidárias e percebo os trajectos das mesmas.

2- Mesmo assim, é um facto que quando o actual administrador chegou ao hospital de Salreu o nível de desmotivação era elevado justamente por não se saber se o hospital ia fechar ou não e também por existirem desavenças internas entre os vários corpos directivos do hospital. Ora parece-me também pelo relatório e pelas explicações de Olinto Ravarra, que esse clima foi ultrapassado e que o hospital melhorou a vários níveis desde então. A produção assistencial subiu a vários níveis: internamento, doentes internados saídos, taxa de ocupação de camas e intervenções no bloco operatório. As consultas externas também aumentaram e de igual forma o número de especialidades médicas. O nível de exames também aumentou em várias valências (radiologia, ecografia e análises clínicas). Tudo isto com uma diminuição de custos correntes e o consequente aumento de proveitos de exploração, o que fez diminuir os resultados negativos do hospital. Por outro lado, este ano, o hospital já apresentava em Setembro um resultado líquido positivo, o que é de salientar. Ocorreram também diversos investimentos no hospital em termos de equipamento. Ora tudo isto foi feito essencialmente com o mesmo pessoal que existia em 2003. Portanto, parece-me que as pessoas trabalharam mais nos últimos anos e que o nível de motivação aumentou. E esta creio que foi uma das principais vitórias do actual conselho de administração. É claro que pode existir sempre gente insatisfeita, mas no geral os números indicam uma maior produtividade dentro do hospital.

3- Uma última impressão é que realmente o hospital precisa de obras que aumentem a sua funcionalidade e segurança. É pena que o governo não aposte aqui na construção de um novo hospital, pois a câmara estaria disposta a arranjar os terrenos e seria de longe a melhor solução. Mas não falta de um novo, este deve ser melhorado e é isso que deve ser feito nos próximos tempos.

Uma outra impressão final e que já me ficou de outros programas. É preciso ter algum cuidado com os boatos e com as coscuvilhices. Já escrevi aqui que quem está em cargos políticos autárquicos tem ter alguma cautela com as notícias de fontes duvidosas e com os comentários ditos à boca pequena. Diz-se muita coisa sobre coisas que acontecem ali e acolá e muitas vezes não passa de maledicência ou de pequenos casos que não podem ser julgados pelo todo. Ou mesmo de invejas. Sei que há pessoas que têm razão de queixa de médicos de enfermeiros e etc… Pode acontecer a qualquer um em qualquer serviço público ou privado ser mal atendido. Agora tomar estes pequenos casos pelo todo é perigoso e mostra desconhecimento do que se passa dentro das instituições. O reparo que a Carla fez no debate a este respeito tem toda a razão de ser. Como também já escrevi aqui: percebe-se que o povo diga, mas um membro de um cargo político não.

Mas não deixem de ouvir novamente o debate na próxima Segunda-Feira.
 
posted by Jose Matos at 17:16
quinta-feira, dezembro 15, 2005
Um blogue muito interessante onde fui roubar esta banda desenhada.

 
posted by Jose Matos at 17:50
No próximo Sábado, no programa da RVR, o ainda administrador do Hospital de Salreu vai estar presente no programa para dar conta da sua gestão nos últimos 2 anos. Ora curiosamente foi neste mesmo programa que partiu o primeiro ataque contra a actual administração do hospital de Salreu. Na altura, uma companheira de debate disse que se fosse feito um estudo sobre a gestão e eficiência do hospital na actualidade voltava a dar os mesmos resultados de 2003. Afirmou também no mesmo programa, que o administrador actual estava a mentir ao dizer que a gestão e a eficiência no hospital de Salreu tinham melhorado desde 2003. Vamos ver se consegue manter o que afirmou na altura.

Entretanto, os deputados da Assembleia Municipal receberam um pequeno relatório da administração do Hospital que dá conta do que foi feito nos últimos 2 anos. É pena que não esteja on-line para que toda a gente pudesse ver o que foi feito. Ora da leitura que fiz parece-me muito difícil que se fosse feito um novo estudo como o de 2003, os resultados fossem os mesmos. Os números do relatório apontam para uma melhoria a vários níveis e o Hospital melhorou durante a actual administração. Os números no relatório mostram claramente isso. Esperemos que quem venha a seguir seja capaz de melhorar ainda mais estes números.

Curiosamente, o PS teve há tempos uma reunião com a actual administração para ser esclarecido sobre o estado actual do hospital. Ora parece que a reunião foi esclarecedora, mas estranhamente não ouvi nada sobre o assunto. Talvez no programa seja também dito alguma coisa sobre isto. E vamos ver se alguns dirigentes do PS continuam a manter a teoria que actual administração é pior ou igual à antiga.
 
posted by Jose Matos at 17:35
O José Nunes do Contra-Indicado decidiu dar uma série de prémios a blogues. Este não ganhou nenhum, mas o Estrela Cansada ganhou o prémio de melhor blogue de divulgação científica.
 
posted by Jose Matos at 17:20
terça-feira, dezembro 13, 2005
 
posted by Jose Matos at 20:18
segunda-feira, dezembro 12, 2005
Um banco que durante muito tempo foi o banqueiro de Portugal. Vale a pena ler este livro do Fernando Sobral e da Paula Alexandra Cordeiro que saiu agora na Oficina do Livro.

 
posted by Jose Matos at 13:31
Uma prova do aquecimento global nas últimas décadas. Talvez seja possível encontrar exemplos semelhantes noutras áreas do vestuário.
 
posted by Jose Matos at 11:04
sábado, dezembro 10, 2005
 
posted by Jose Matos at 21:25
sexta-feira, dezembro 09, 2005
À minha camarada política Catarina Rodrigues pela nomeação para o IPJ de Aveiro. Vai precisar de garra para gerir aquela casa. Sabe tão bem como eu que não é um sítio fácil, mas espero que faça um bom lugar.

E já agora também as minhas eventuais felicitações antecipadas para a deputada Marisa Macedo, cujo nome é insistentemente apontado para a direcção do Hospital de Salreu. Se vier a ser ela (???) desejo-lhe boa sorte, pois se fizer um bom mandato será para bom para o hospital e para quem o utiliza.
 
posted by Jose Matos at 21:45
Mais algumas considerações sobre o IC 1 que vai ser amanhã abordado no programa da RVR.

1- O que existe para já é uma indicação por parte do Instituto de Estradas de que o traçado a nascente será o melhor, pois a poente é demasiado caro e tem custos ambientais elevados. É pena que o Instituto de Estradas só tenha descoberto isso agora e que no passado não tenha dito o mesmo quando o traçado a poente foi apresentado. Mas para já não existe o anúncio de qualquer decisão a nível governamental. Portanto, temos que esperar para ver. Daí a posição também cautelosa do Presidente da Câmara de Estarreja, que nesta novela já ouviu muitas promessas não cumpridas.

2- Em relação à possibilidade de usar a A1 dizem no Instituto de Estradas que é uma solução complicada e quanto a uma variante a nascente dizem que não resolve o problema do trânsito no futuro. Mas em tempos de contenção financeira não me espantaria nada que o governo deixasse mais uma vez o assunto em lista de espera até daqui a uns anitos. Mas pode ser que não. Todos nós desejamos que seja feito alguma coisa. Mas depois de tantos anúncios não me levam a mal de não levar mais este a sério. É claro que se for a solução SCUT a nascente, não tenho a menor dúvida que vamos ter no futuro mais outra auto-estrada com portagens. E não era isso que eu queria nem a população em geral. Aliás, quando o governo de Santana Lopes anunciou (e bem) que algumas SCUTs iam ter portagens fui talvez o primeiro a dizer que assim não. Não era mais uma auto-estrada que Estarreja cria. Mas se o governo for por aí é isso que vamos ter no futuro.

3- E já agora uma palavrinha sobre o Presidente da Câmara da Murtosa. É claro que Santos Sousa veio do Instituto de Estradas com uma mão cheia de nada. Acredito que até pense que trouxe alguma coisa, mas a verdade é que não trouxe nada. Percebo que tenha ficado entusiasmado com o que ouviu na dita reunião, mas devia ser mais cauteloso, pois estamos perante um processo das mil e umas noites e dos mil e um anúncios. Se tivesse sido o Ministro das Obras Públicas ou Secretário de Estado a dizer o mesmo, acho que aí sim tinha todas as razões em dar eco à notícia. Agora quando são pessoas que dependem de um governo que ainda não disse nada, todos os cuidados são poucos.
 
posted by Jose Matos at 21:09
O meu gato quando lhe contei que o IC 1 vai passar para nascente. Fartou-se de rir. Ora se nem ele que é gato acredita, como é que nós vamos acreditar?

 
posted by Jose Matos at 14:24
quinta-feira, dezembro 08, 2005
É curioso como de vez em quando alguém tenta ressuscitar o defunto. Pode ser que quem esteja enganado seja eu e que o defunto nunca tenha realmente falecido. Mas continuo desconfiado que o IC 1 está mesmo morto e enterrado. Mas é engraçado que alguém o tente ressuscitar. Talvez seja do Natal e do espírito natalício propício a estas brincadeiras. Mas quando li o que li, só me lembrei disso. Uma partida de Natal, que outra coisa podia ser senão isso.

Mas vamos então à solução agora sugerida. Fazer uma auto-estrada junto a outra auto-estrada de facto é uma ideia fabulosa num país rico como o nosso. Talvez na Arábia Saudita ou nos Emirados Árabes Unidos também se encontrem soluções destas. Ou talvez seja mesmo do Natal e esta vontade de dar coisas aos outros se sobreponha à realidade.

Ainda por cima, existe a previsão de alargar a A 1 para seis faixas. Ora não seria mais sensato nessa altura introduzir a portagem gratuita entre Albergaria e Estarreja, aumentando também a capacidade das portagens de Estarreja e resolver assim o nosso problema?

E não será também lícito pensar que dentro de 5-10 anos as SCUT terão portagens e que nesse caso uma solução a nascente significa mais uma auto-estrada com portagens?

Já sei que se o governo não fizer a estrada o concessionário vai exigir indemnizações, mas será que não é possível encontrar uma solução mais racional?

Não seria, por exemplo, melhor para todos nós construir uma variante a nascente da 109? Acho que seria uma boa solução e agrada-me particularmente. Seria uma via concerteza livre de qualquer tipo de portagens no futuro e que resolveria o problema da 109. E ficaria até mais barata do que uma via de quatro faixas.

Para terminar, acho que já andamos todos um pouco cansados desta novela. Já estamos fartos de reuniões para acertar projectos, de projectos e estudos que depois são metidos no lixo como se nada tivesse sido estudado. Já estamos cansados das mudanças de ministros e de governos, do eterno jogo entre o nascente e o poente e de anúncios a que outros não dão seguimento. Já estamos um pouco fartos desta brincadeira.

Mas há perguntas que continuam sem resposta. Porque razão se andou a fazer estudos e projectos no tempo de Durão Barroso para agora meterem tudo no lixo? Porque razão se volta a falar agora de uma solução a nascente, sem se explicar porque razão não pode ser a poente? Porque razão continuamos neste momento sem qualquer solução à vista? E para quando a solução a nascente? E para quando um pouco mais de transparência no anúncio destas soluções? Enfim, são perguntas que continuam sem resposta.

Bem, mas pode ser que seja eu que esteja enganado. Pode ser que não seja mais uma partida de Natal. Pode ser que no próximo Natal já alguém tenha decidido alguma coisa de concreto a nascente. Pode ser que até lá alguém explique à população porque diabo é tão difícil encontrar uma solução para a velhinha 109. Pode ser que sim, mas também pode ser que não. Mas cá está é Natal e ninguém leva a mal. Ou será que leva?
 
posted by Jose Matos at 22:01
quarta-feira, dezembro 07, 2005

Road to nowhere
 
posted by Jose Matos at 21:03
segunda-feira, dezembro 05, 2005
Edward Hoper, Morning Sun, Columbus Museum of Art, Ohio
 
posted by Jose Matos at 15:59
Um blogue interessante que não conhecia.
 
posted by Jose Matos at 15:33
Um amigo meu enviou-me um mail dizendo que na questão do governo sueco, os meus números a respeito da percentagem de ministros licenciados podiam não estar correctos. Disse-lhe que os números publicados no outro post foram obtidos a partir de um artigo publicado na última Revista Sábado (pág. 60-61) da autoria de dois jornalistas daquela publicação e que eu até já tinha citado no programa da RVR (e que passa hoje de novo).

Não tinha razão para desconfiar que o artigo estava errado, mas fui investigar. Ora o governo sueco tem 22 ministros. Ora, 8 deles possuem estudos equivalentes a uma licenciatura ou superior, 6 são bacharéis e 8 não possuem qualquer grau académico do nível bacharelato ou superior. Ora fazendo as contas temos realmente 36% de ministros com grau equivalente a licenciatura ou superior. Portanto, o número publicado na revista está correcto.

No entanto, ao ler o artigo da revista com mais atenção reparei numa falha a propósito do ministro Ibrahim Baylan e dos 8 diplomados que a revista refere. Este ministro não é licenciado (ao contrário do que a revista diz), pois tem um certificado de estudos superiores em economia. Mas o seu trajecto não deixa de ser curioso para um ministro ligado à Educação. Não creio que fosse possível em Portugal alguém convidar para o governo uma pessoa com estas características. E aqui fica o exemplo de um ministro jovem que quando chegou à Suécia começou a vida como empregado de mesa.
 
posted by Jose Matos at 14:06
Saiu em França o livro de Ali Magoudi, que durante 11 anos foi psicanalista de François Miterrand. Ora o falecido presidente francês revelou vários segredos ao seu psicanlista e pediu-lhe, em 1993, para escrever tudo o que lhe confidenciou, mas para revelar tudo só 10 anos depois da sua morte. Ora Ali Magoud cumpriu o combinado a lançou agora o livro em França.

 
posted by Jose Matos at 11:53
sexta-feira, dezembro 02, 2005
O último número da revista Skeptic.


 
posted by Jose Matos at 18:59
O José Pontes mandou-me um mail referindo que nas últimas autárquicas na Murtosa, alguns elementos do PS criticaram o facto de uma das candidatas do PSD não ser licenciada, o que na teoria deles seria desprestigiante para o concelho ter uma vereadora sem o título de Dr. ou Eng. Portanto, vejam ao ponto a que isto chega.
Já agora um outro aspecto interessante sobre o recrutamento dos nossos ministros ao longo dos anos e que já foi estudado cá em Portugal é que grande parte deles são docentes universitários. Ou seja, nunca tiveram qualquer contacto com a realidade mais comum. Outros foram sempre políticos. Ora este tipo de recrutamento difere daquilo que acontece na Suécia, onde temos ministros mais ligados à sociedade civil.
 
posted by Jose Matos at 14:36
quinta-feira, dezembro 01, 2005
Já em tempos tinha aqui falado disto. Mas volto ao tema porque os dados dão que pensar. Todos os ministros do nosso governo são licenciados, oito possuem doutoramento, três fizeram mestrado e dois têm uma pós-graduação (José Sócrates incluído).

Quem olha para esta percentagem de ministros licenciados (100%) pode até pensar que é um sinal de desenvolvimento e de progresso. Mas a verdade é que é o contrário, pois quando olhamos para os países mais desenvolvidos da Europa vemos que estes têm nos seus governos percentagens bem inferiores de ministros licenciados. Na Suécia essa percentagem é de 36%, na França 59%; no Reino Unido 69%; na Itália 75%; na Alemanha 86%. Ou seja, todos os países desenvolvidos têm percentagens abaixo dos 90% chegando mesmo aos 36% no caso sueco.

Ora os países mais atrasados como Portugal e Grécia dão um grande valor à formação escolar e considerem isso um factor importante para governar, quando o mais importante na governação é ter uma boa capacidade de comunicação e execução, assim como competência para dirigir equipas que possam aconselhar na tomada de decisão.

Mas isto acontece no nosso país porque realmente vivemos num país de doutores em que os títulos académicos são sinal de estatuto social e de ascendência sobre os não literatos. Toda a sociedade promove esta ascensão e o próprio governo faz o mesmo.

Nas autarquias a cultura dominante é a mesma. Até se criou há tempos, o boato de que o vereador da cultura tinha saído da câmara porque o tratavam por doutor quando ele nem sequer era licenciado. Por acaso, até tem uma licenciatura em economia, mas mesmo que não tivesse, o ridículo do boato mostra bem o quanto estamos impregnados desta cultura de títulos académicos.

Esperemos que isto um dia muda para bem do país e de todos nós.


 
posted by Jose Matos at 19:19