Diga-se de passagem que mais uma vez o PS esteve melhor na vereação do que na assembleia. Na assembleia surgiu ontem muito apagado sem intervenções de fundo. É claro que na câmara estudou melhor o assunto (mérito para os dois vereadores), embora os vereadores em questão tenham entrado em várias contradições com o passado e usado argumentos pouco consistentes (o caso da derrama). Mas apesar de tudo conseguiram apanhar os pontos mais frágeis do relatório de contas, embora tenha que admitir que a lista que fiz no outro post lhes pudesse dar um certo jeito.
Mas vejamos o que disseram:
Foi dito em reunião de câmara pelos referidos vereadores, que as receitas correntes e despesas correntes atingiram níveis razoáveis de execução (83,5% e 77,6%) “facto que reflecte apenas a gestão corrente da autarquia (…) sem inovação incapaz de aumentar as receitas e controlar as despesas”.
Ora a coligação aumentou as receitas globais em 21 milhões de euros, em relação ao último mandato do PS, enquanto que o PS do 1º para o 2º mandato aumentou as mesmas receitas em 18 milhões de euros. Portanto, se a nossa gestão é corrente e sem inovação então o que podemos nós dizer daquela que existia no passado?
Mas o mais estranho foram os argumentos que usaram para justificar esta teoria: A queda na derrama face a 2004 (-29%), dizendo que esta “queda prova que em vez de estarmos a crescer estamos a regredir e ficar cada vez mais atrasados.”
Ora parece aqui que a câmara é a culpada pela queda na derrama quando sabem perfeitamente que isso é uma tendência nacional devido à situação económica do país.
Depois continuam dizendo que os custos com pessoal representam 50% das despesas correntes e que a câmara perante esta situação admitiu mais 18 funcionários. Esqueceram-se obviamente de dizer que 50% é uma percentagem perfeitamente normal no orçamento de uma autarquia em termos da relação despesas correntes/custos com pessoal como também esqueceram-se de perguntar porque razões foram admitidas essas pessoas.
Como também não devem ter lido a
lista que publiquei aqui em Maio do ano passado a respeito deste assunto. A questão foi levantada na altura pelo jornal da deputada Marisa Macedo e teve aqui resposta. Mas parece que o PS continua a insistir na teoria de que estas novas admissões eram escusadas. Presumo que pensem o mesmo em relação ao passado quando em 98-99, a câmara abriu na altura 19 lugares novos no quadro com reflexos enormes nas despesas com pessoal que no ano seguinte (2000), bateram todos os recordes em termos percentuais. Bem, se calhar também eram escusados como agora. Eu acho que não, mas não sei o que pensarão os vereadores do PS sobre isto?
Depois continuam falando das baixas taxas de execução das receitas e despesas de capital. É uma crítica justa, mas mais uma vez esquecem-se de dizer que os valores líquidos das receitas e das despesas de capital são o 3º e 2º melhor valor de sempre.
Depois criticam a venda de lotes no Parque Industrial cuja taxa de execução foi de 10%. É de novo uma crítica justa, mas mais uma vez esquecem a história do Parque Industrial. Esquecem os atrasos que vinham do passado na infra-estruturação, esquecem que é a câmara sem ajudas comunitárias que tem feito a infra-estruturação sozinha. E esquecem sobretudo que agora pelo menos já há lotes para vender coisa que no passado não havia.
Na questão dos fundos comunitários dizem que a única resposta para uma taxa tão baixa de execução (12,5%) é a inépcia do executivo, a falta de projectos e a falta de capacidade. Ora talvez não tenham percebido que o grande problema aqui foi justamente o Parque Industrial e que não foi por falta de projectos. Os projectos para financiamento foram elaborados, não foram é contemplados por qualquer verba. Aliás, o mesmo já tinha acontecido no passado com projectos elaborados no último mandato de Vladimiro Silva, que pediam financiamento para o Parque Industrial. Nem 1 euro cá chegou. Ora será que no tempo de Vladimiro Silva a falta de financiamento comunitário para o Parque também era por inépcia e falta de projectos? Parece-me que não, mas pelos vistos os vereadores do PS têm uma ideia diferente.
Bem e terminam com as queixas do costume de que somos pobres e cheios de problemas como se a nossa pobreza tivesse surgido agora de repente só porque estamos nós no poder. Mas o mais inacreditável é que digam 70% do apoio comunitário tenha ido para a Rotunda do Hospital e para o Parque do Antuã! É que a falar assim até parece que não gostaram destas duas obras. Até parece que estão contra elas. Ou então parece que queriam que a câmara as pagasse sozinha sem qualquer ajuda comunitária. Era escusado este tipo de queixa, pois aumenta a suspeita de que são duas obras poucos interessantes para o PS.