Como já tinha dito noutro post, a disponibilização no
Estarreja Efervescente da intervenção do PS na assembleia municipal foi importante, pois permite ver as fragilidades da mesma. Espero que mesmo assim a publicação de futuras intervenções continue, pois permitirá o seu escrutínio por todos.
É claro que as fragilidades presentes na intervenção comprometem não só a autora do texto (calculo que a deputada Marisa Macedo seja autora do mesmo) como também o próprio grupo municipal do PS.
Presumo que o grupo esteja solidário com o que foi escrito e dito em assembleia, mas como se pode ver pela análise do texto há pequenos truques e incongruências que eram bem escusados e que fragilizam a posição do grupo e comprometem os deputados do PS em teses completamente irrealistas como o caso da tese de que o orçamento é despesista. Mas vamos então ao texto para perceber porque razão o PS no futuro tem que ter mais cautela com este tipo de abordagens.
O Senhor Presidente acaba o seu texto introdutório às Grandes Opções do Plano e Orçamento para 2006 com a seguinte frase: “Perdoem que termine fazendo descaradamente campanha eleitoral”.
Usa esta frase no fim, dando a entender que tudo o resto que escreveu anteriormente é a mais pura e objectiva realidade, quando na verdade o texto mais não é do que a antecipação da desculpa que iremos ouvir nos próximos anos ao senhor presidente pelo facto de, previsivelmente, Estarreja continuar no bom caminho… para o marasmo a que esta política da coligação nos tem conduzido.
R- Há logo aqui uma tentativa de descontextualização, pois quem lê o texto de introdução ao orçamento sabe que a frase do Presidente da Câmara não é apenas o que está aqui citado, mas sim um jogo de palavras com os lemas dos vários partidos na campanha eleitoral, daí a frase aqui citada. Mas ao cita-la desta forma a autora pretende logo fazer passar a ideia que o Presidente mais não faz do que campanha eleitoral. Depois, logo de seguida, a incontinência verbal do costume. Estarreja caminha para o marasmo? Ora, num concelho onde nos últimos 4 anos foram investidos 40 milhões de euros (contra os 38 milhões que o PS conseguiu executar em 8 anos) apetece logo perguntar se esta política leva ao marasmo então a do PS levava concerteza à estagnação completa, pois a diferença de investimento é substancial nestes dois períodos de tempo. Mas sobre isto nada diz.
Na realidade, as obras marcantes que a gestão socialista do município lhe deixou foram inauguradas nos últimos meses do mandato anterior. Da autoria da coligação não há nenhuma verdadeiramente digna desse nome.R- É engraçado como sem querer as pessoas assumem os erros do passado. Porque razão o Partido Socialista deixou obras emblemáticas para a coligação concluir e inaugurar? Foi por generosidade ou por ineficiência na sua conclusão? E em que estado estavam as mesmas quando nós chegamos ao poder? Era interessante o PS falar disto, pois talvez aí percebesse que as ditas obras estavam longe da conclusão quando o anterior executivo pegou nelas. Portanto, as ditas “obras marcantes” foram deixadas para nós porque simplesmente quem as começou jamais foi capaz de as terminar. Percebe-se que a deputada não goste falar disto, mas sem querer resvala para lá ao dizer o que diz. Mas há depois no discurso uma inverosimilhança interessante. No essencial o excerto diz que a coligação não fez nada de especial e que o PS é que fez tudo.
Ora, não sou eu que vou dizer que o PS em 8 anos não fez nada, como a deputada diz sobre o actual poder. É óbvio que em 8 anos se fizeram obras. Mal de nós se não fosse assim. Quem gasta 38 milhões de euros em dois mandatos tem obviamente que ter alguma obra feita. É natural que assim seja. Agora quem em apenas um mandato investe 40 milhões de euros nesta terra, tem obviamente que fazer mais obra do que aqueles que investiram menos do que isso nos 8 anos anteriores. E não adianta dizer que se andou apenas a inaugurar obras do PS, pois se o actual poder tivesse gasto 40 milhões para concluir as obras do PS então o caso era gravíssimo, pois era um sinal de que as obras herdadas não passavam de projectos no papel. Portanto, há uma inverosimilhança evidente neste excerto. Ou seja, como é que alguém que investiu mais num mandato do que nos dois mandatos anteriores, pode ser acusado de não ter feito nada?
Como vai o senhor presidente desculpar-se então perante os munícipes? Atirando a culpa para o Governo, claro. Que não lhe dá dinheiro. Que não lhe permite endividar-se. Sabendo nós que a política do governo é para todos, também sabemos que uns municípios se desenvolvem mais do que outros. Porquê?R- Uma pequena manipulação que dá um certo jeito para fazer passar a teoria de que o governo trata toda a gente da mesma forma. Em primeiro lugar, a política do governo nunca foi não é igual para todos os municípios. É óbvio que há municípios que pela sua dimensão e localização são muito mais beneficiados pelo governo do que outros. E é óbvio que mesmo nos municípios de igual dimensão e localização há alguns que são mais beneficiados do que outros por diversas razões e até mesmo por razões políticas. A comparação que se deve fazer é com municípios com mesmo nível de receitas que o nosso e ver o que se consegue fazer em Estarreja e noutros com o mesmo dinheiro. Essa é que é verdadeira comparação. E era essa comparação que eu gostava de ver o PS fazer. Agora dizer que o governo trata todos da mesma forma é um artifício interessante, mas que está muito longe da realidade. Aliás, em Estarreja os sucessivos governos nem sequer conseguiram cumprir as suas grandes promessas para com o município. Mas isso é outra história…
A resposta é simples: porque uns têm gente a liderá-los mais capaz, mais competente, mais dinâmica e com novas ideias.
Nos próximos anos vamos ter oportunidade de ver o que vai fazer cada um dos presidentes de câmara com as mesmas oportunidades dadas pelo Governo. Veremos então se a culpa pelo marasmo de Estarreja é do Governo ou se é do presidente da câmara.
R- É um desafio interessante, que vou acompanhar com atenção. E espero que o PS faça o mesmo. É claro que se a culpa do dito marasmo de Estarreja é da coligação pouco adiantará o actual executivo fazer muita coisa, pois na teoria do PS com mais 40 ou menos 40 milhões continua tudo na mesma. É que na teoria da deputada só quando o PS está no poder é que não há marasmo. Ora isto até pode ser verosímil num comício eleitoral, agora numa discussão de orçamento é um tipo de manigância verbal que devia ser evitado.
Voltando ao tema campanha eleitoral, este orçamento não podia ser mais claro quanto ao que nos espera nos próximos 4 anos. Nos 2 primeiros anos, o município vai pagar o preço das obras que serviram para a coligação fazer a campanha eleitoral das autárquicas de 2005.
R- Interessante este excerto. Enquanto que atrás se dizia que a coligação não fez nenhuma obra digna de se ver, agora já se diz que afinal de contas até existem obras e que os dois primeiros anos do orçamento são para pagar essas obras. Ah, claro as obras do PS. Mas há aqui um outro aspecto mais grave escondido nesta afirmação. É a velha teoria de que os eleitores se deixaram enganar por umas “obrinhas” que a coligação fez. Ou seja, deram uma vitória esmagadora à coligação por puro engano ou então mesmo por burrice. Bem, já agora seria interessante perceber quais foram as razões da outra derrota do PS em 2001? Será que não tinham obras para mostrar? Ou será que não conseguiram convencer os eleitores com as obras apresentadas? É que até hoje nunca ouvi a opinião da deputada Marisa a respeito deste desaire eleitoral?
Nos restantes 2 anos, 2008 e 2009, o município vai começar a pagar as obras que o senhor presidente pretende inaugurar na campanha eleitoral para as autárquicas de 2009. É absolutamente claro que este orçamento mais não é do que um plano de pagamento da campanha eleitoral para as autárquicas de 2005 e um plano de obras para apresentar na campanha eleitoral para as autárquicas de 2009. Claro que, já sabemos, se o senhor presidente não for capaz de terminar as obras a tempo da campanha, a culpa vai ser do Governo por não lhe ter dado dinheiro.
R- Gostava de saber se o PS fosse poder na câmara qual seria a estratégia que seguiria em termos de orçamento? Fiquei sem saber, pois neste texto não há um único vislumbre disso. Agora sei o que foi feito no passado durante os 8 anos de Vladimiro Silva. Nesse tempo, os orçamentos mais elevados e com maior investimento de capital foram sempre realizados em anos eleitorais (1997 e 2001). Aliás, no 1º mandato em termos de despesas de capital estas foram sempre diminuindo desde 1994 para depois quase duplicarem em ano eleitoral. Isto foi feito no passado não só em Estarreja como em muitos municípios deste país. Ora o actual plano plurianual tem picos de investimento em 2007 e 2008. Portanto, não pode ser propriamente acusado de eleitoralista. Portanto, a teoria presente neste excerto é no mínimo estranha. Qualquer município que faça uma gestão eleitoralista do seu plano plurianual concentra obviamente o maior pico de investimento no ano eleitoral e não nos anos anteriores. Parece que a deputada Marisa tem uma nova teoria a este respeito. Mas parece estar um pouco desfasada da realidade. Aliás, deve-se ter esquecido que o maior investimento em despesas de capital realizado pelo PS no tempo em que esteve poder, foi justamente em 2001, ou seja, ano eleitoral.
Diz o senhor presidente que “O nosso orçamento para 2006 diminui 9%”. Com isto pretende dizer-nos que o orçamento é de contenção. Ora é precisamente o contrário. É despesista. Porque é que dizemos isto? Basta compararmos o resultado da execução de 2005 com o orçamentado para 2006. Em 2005, a CME gastou cerca de 18 milhões de euros (mais precisamente, 18.186.705,44 euros). Em 2006, a CME prevê gastar cerca de 29 milhões de euros. Temos, portanto, que o Senhor Presidente prevê gastar em 2006 mais 11 milhões de euros do que gastou em 2005. O que significa que as despesas vão aumentar – e não diminuir – cerca de 34,5%. Prevendo um aumento de 34,5% nas despesas, não compreendemos como é que o Senhor Presidente nos diz que é um orçamento de contenção. Só se, de facto, continua a sua campanha eleitoral…
R- Um pequeno truque com números, mas que surpreende pelo amadorismo e que compromete todos os deputados do grupo do PS. O truque consiste em comparar o resultado da execução de 2005 com o orçamento para 2006, quando a comparação não tem qualquer sentido. O que se devia obviamente comparar era o orçamentado em 2005 com o orçamentado em 2006. Ou seja, 31 milhões de euros em 2005 para 29 milhões de euros em 2006. Agora comparar a execução com o orçamentado não tem qualquer cabimento e dizer com base nisso que o orçamento é despesista é completamente irrealista. Aliás, se o orçamento actual tiver a mesma taxa de execução do orçamento de 2005 (57%) teremos uma execução de 16,5 milhões de euros, portanto, abaixo dos 18 milhões de euros de 2005. Portanto, não tem qualquer sentido dizer o que se diz. O problema é que este pequeno truque não é sério nem é tecnicamente correcto. Mas sendo uma tese central nesta intervenção (a tese de que o orçamento é despesista) ficam os próprios deputados do PS comprometidos com isto. Ou seja, se eles participaram na elaboração desta intervenção como é que deixaram passar um truque destes? É claro que há sempre a hipótese que tenha sido a autora a redigir grande parte deste texto e que os deputados pouco ou nada tenham contribuído para o mesmo. E aí a responsabilidade será só da autora. Mas fica sempre a dúvida se os deputados terão ou não participado neste pequeno ilusionismo. É que se participaram de forma activa o caso é mais grave do que eu pensava.
Além do previsto aumento de 34,5% nas despesas, há um outro dado que nos preocupa. Em 2005 as receitas foram de cerca de 17 milhões de euros. Por sua vez, as despesas cifraram-se em cerca de 18 milhões de euros. Há, portanto, 1 milhão de euros de prejuízo evidente no documento da execução referente ao ano passado.R- É uma crítica justa ao documento de execução, embora esteja convencido que esta diferença seja claramente explicada quando surgir em assembleia a discussão da conta de 2005. Mas é realmente uma diferença estranha, embora reserve um juízo de valor para quando o assunto for novamente abordado em assembleia.
Só que a este prejuízo de 1 milhão de euros, falta acrescentar um outro prejuízo que não vem claramente mencionado no documento da execução: é a dívida a curto prazo, ou seja, aos fornecedores, que em Novembro era de cerca de 6,3 milhões de euros. Se somarmos estas duas parcelas – 1 milhão + dívida a fornecedores (6,3 milhões) -, verificamos que há um buraco de cerca de 7,3 milhões de euros de prejuízo sobre o qual o Senhor Presidente nada diz. 7,3 milhões de euros de prejuízo corresponde a 1 milhão e 400 mil contos na moeda antiga. Não há memória dum prejuízo desta dimensão!
Estes 7,3 milhões de euros – ou 1 milhão e 400 mil contos - é que são o prejuízo efectivo da gestão do Senhor Presidente. E não é por causa do governo que a CME apresenta este prejuízo. É por causa da actuação do executivo camarário.
R- É verdade que não há memória de uma dívida desta magnitude, como também não há memória de um executivo que tenha investido 40 milhões de euros em 4 anos, como também não há memória de orçamentos na casa dos 30 milhões de euros como agora. Aliás, em 6 anos, os orçamentos saltaram de 14 para 30 milhões de euros e o investimento em capital duplicou, portanto, é natural que perante este tipo de evolução a dívida também tenha aumentado. Como também é natural que ao longo dos sucessivos mandatos na câmara de Estarreja, a dívida tenha aumentando progressivamente, seja no tempo de Lurdes de Breu seja no tempo de Vladimiro Silva. É claro que se a deputada Marisa tivesse estudado a evolução da dívida do município ao longo do tempo tinha notado isso e não ficava tão preocupada. Como também não ficava tão preocupada se visse que 1,5 milhão de euros dessa dívida é comparticipada em 75% pelo INAG e em 50% pela CCRC, pois refere-se a saneamento. E que mais 2 milhões de euros dessa dívida estão relacionados com o investimento no parque empresarial e que pode ser coberta com a venda dos terrenos do parque. Mas sobre isto nem uma palavra. Aliás, sobre o parque empresarial continuamos à espera que o PS nos diga onde estão os famosos financiamentos do governo para o parque, pois no tempo de Vladimiro Silva foi dito que esses financiamentos estavam garantidos por João Cravinho. Ainda hoje continuamos à procura do rasto dos ditos financiamentos.
É devido à forma como o actual executivo governa que as obras estão paradas. Se a Câmara não paga, os empreiteiros vão parando as obras. É elementar. E se os empreiteiros vão parando as obras, o senhor presidente vai deixando evidentemente de ter os documentos comprovativos da realização das mesmas. Ora só com estes comprovativos é que a Câmara pode ir buscar os fundos comunitários. Como a Câmara de Estarreja paga tarde aos empreiteiros, estes vão parando as obras, logo o senhor presidente não consegue justificar a sua realização perante a CCRC, razão pela qual as verbas não são transferidas…R- Mais uma vez um pequeno truque com confusão à mistura. Não há uma única obra parada por falta de pagamento aos empreiteiros. Depois a transferência de fundos da CCRC não se faz da forma como a deputada diz. Depois das obras executadas, o que é enviado para a CCRC são os autos de execução das obras, a CCRC transfere então o dinheiro e a câmara tem 20 dias para apresentar os recibos.
Por isso, é que se analisarmos a execução de 2005, verificamos que é nas receitas de capital que a diferença é maior entre o que se previu receber e o que efectivamente se recebeu. A CME recebeu menos 9,7 milhões de euros de transferências de capital. Porquê? Não foi pelo facto do Governo ter cortado nas receitas. O senhor presidente é que não conseguiu ir buscar os fundos comunitários previstos, pelo motivo atrás referido.
R- Esta diferença na execução de 2005 será explicada quando as contas da câmara forem discutidas em assembleia. E aí veremos a razão da mesma.
Voltando ao que dissemos inicialmente sobre o orçamento ser, em 2006 e 2007, o plano de pagamento da campanha eleitoral de 2005, justificamo-nos da seguinte forma: se verificarmos, o montante de investimento previsto para 2006 são 16,7 milhões de euros, dos quais 9,6 milhões de euros são para pagar obras já concluídas, ou que pelo menos que foram inauguradas antes das eleições, fazendo crer aos eleitores que estavam concluídas. Só o restante é que se destina a investimentos a iniciar. Portanto, a maior parte do investimento, ou seja, 64% é para pagar o que foi divulgado na comunicação social como sendo obra concluída antes das eleições. Vai-se pagar, portanto, a campanha eleitoral da coligação. Daí dizermos que este orçamento mais não é em 2006 e 2007 do que um plano de pagamentos. Afirma o Senhor Presidente que pretende iniciar um novo ciclo assente no desenvolvimento empresarial. Diz apostar no Parque Eco-Empresarial. Até podemos acreditar que essa seria a sua vontade. Só que o Plano não a traduz. O orçamento limita-se a prever pagamentos em 2006 e 2007. Não se vislumbra qualquer estratégia. Não se vê qualquer proposta concreta que nos faça acreditar que está previsto algo mais do que este lento, lentíssimo, caminho para o que há-de algum dia ser um Parque Empresarial. Do que lemos no documento, o Sr. Presidente apenas prevê ir continuando o que tem sido muito lento até agora. E não nos esqueçamos que o projecto do Parque foi deixado totalmente pronto pelo Partido Socialista, que também deixou a obra adjudicada. Se assim não fosse, não duvidamos que tudo estaria muito pior.
R- Este é um assunto em que o PS devia ter alguma cautela na sua abordagem. A obra que o PS deixou adjudicada caso fosse executada tinha mergulhado a câmara numa dívida colossal e provavelmente neste momento estaria ainda por fazer. É preciso lembrar que quando o PS deixou o poder, o parque industrial era uma manta de retalhos com terrenos espalhados um pouco por todo o lado, mas sem uma continuidade válida para a execução da obra. A coligação parou a empreitada e concentrou-se na execução do parque por fases de forma a conseguir unidades de terrenos válidas para a execução das infra-estruturas. Foi isto que foi feito e que permitiu que o parque avançasse de forma racional e equilibrada. Ora o PS aqui devia ter a noção da estratégia errada que estava a seguir e não devia falar desta forma. A leveza com que um assunto é abordado aqui mostra bem que a deputada Marisa Macedo não conhece bem a história do parque industrial. Acredito que não a conheça, pois caso a conhecesse não falava concerteza desta maneira.
Afirma o Sr. Presidente a “centralidade do ambiente”, mas atribui-lhe 2,8% do orçamento.
Verificamos que, numa altura em que os incêndios tanto afligem a população portuguesa, o Sr. Presidente prevê 0,2% do orçamento para a “Protecção Civil e Luta Contra Incêndios”.
O Sr. Presidente diz que privilegia a “dimensão social do concelho”. As suas intenções são desmentidas pelo orçamento. Por exemplo, estão previstos 4% para o ensino não superior. Se retirarmos os montantes para pagar as obras do que foi dito na campanha eleitoral que estava acabado, ou seja, a Escola do Mato em Avanca e o Jardim-de-infância de Pardilhó, resta-nos 2,3% do orçamento para a educação.
R- Vejamos então o caso da Educação que tanto preocupa o PS. Se olharmos para a verba atribuída à Educação vemos que o valor é de 716 mil euros. Deste montante, 372 mil euros são para novas obras, ou seja, 52% do investimento. Não sei em que aspecto é que o PS fazia melhor, pois mais uma vez não se vislumbra qualquer linha de acção alternativa. Mas há uma coisa que é preciso dizer a este respeito. Em 2002, o anterior executivo definiu uma renovação completa do parque escolar. E é isso que tem feito nos últimos 4 anos e que vai continuar até ao fim deste mandato. Até 2008, todo o parque escolar estará renovado não só com novas instalações como também com obras de beneficiação em muitas escolas. Um dia destes quando o PS quiser podemos comparar o que foi feito a esse nível no período de 1993 a 2001 e o que foi feito no último mandato da Coligação. E vão ver que a diferença é grande. Por outro lado, a atitude da CME também mudou em relação às próprias escolas. A auscultação das necessidades e das preocupações nas assembleias de escolas passou a fazer parte desta nova atitude. Se calhar a deputada Marisa já se esqueceu que o vereador do PS chegou a perder o mandato na Assembleia da Escola Secundária por excesso de faltas injustificadas! Se fosse agora calculo que fizesse uma intervenção na assembleia sobre o assunto ou que fizesse um destaque no jornal que dirige. Mas naquele tempo nem uma palavra, nem uma notícia no jornal.
Mas se atendermos à Cultura, parece que se pretende investir 5%. Na realidade, são apenas 3,8%, uma vez que a restante verba se destina a pagar o Cinema, inaugurado em campanha.
Se esmiuçarmos o Desporto, Recreio e Lazer, verificamos que não são 6% do orçamento que vão ser aplicados nesta área, mas 3% do orçamento para 2006, porque metade da verba é para pagar o Parque Municipal do Antuã e o Parque Municipal do Mato também inaugurados em plena campanha.R- O José Cláudio respondeu a esta questão no seu
blogue. Não vale a pena acrescentar mais nada. Transcrevo aqui a resposta:
Por outro lado, o exercício trabalhoso mas obviamente incoerente do PS (que subtraiu às percentagens por si calculadas os montantes que fazem parte dos normais planos de pagamentos das obras), não levou em conta, nas suas conclusões, que novas obras recorrerão ao mesmo instrumento e, por isso, o Orçamento não reflecte nunca os montantes reais de investimento. Interessa-nos, mais do que a tradução contabilística dos planos de pagamento, a obra feita. Mas também não reconheceu que esta é uma prática antiga, normal, corrente e contabilisticamente correcta.Mas o Dr. José Eduardo tenta transmitir no texto uma grande preocupação com a modernização administrativa. Se virmos o que pretende investir em 2006 nesta área, poderíamos concluir por 5% do orçamento. Só que este montante facilmente se reduz a 3,6%, se descontarmos as obras no edifício dos Paços do Concelho, máquinas diversas, viaturas e ferramentas, e a aquisição de mobiliário.
R- Aqui lembrava à deputada Marisa Macedo que quando o PS deixou a câmara em 2001, nem sequer existia um terminal Multibanco na Tesouraria da Câmara. Agora parece que o PS está mais preocupado com o assunto do que o próprio Presidente da Câmara, o que é bom. É pena é que não tenha tido essa preocupação em tempos, pois tinha-nos poupado uns bons anos de avanço.
Só uma breve nota para o facto do Sr. Presidente sublinhar no seu texto que o site da câmara obteve o 3º lugar a nível nacional. Dito assim, qualquer um pode entender que de entre os 308 municípios portugueses, o site da CME ficou em 3º lugar. Seria um excelente resultado sem dúvida. A realidade, porém, é diferente. De facto, o site ficou em 3º lugar num dos indicadores (mais precisamente no que respeita às melhores práticas ao nível da disponibilização de informação via web nas autarquias de média dimensão). Só que o estudo contemplava quatro indicadores, sendo que um deles não foi classificado. Resta-nos, portanto, dois indicadores. Ora a CME obteve o 17º lugar na geral, com classificação “Insuficiente”, no indicador “Melhores práticas na disponibilização de formulários para download”. E no outro indicador - “melhores práticas no preenchimento de formulários online e consulta online de processo” -, pode ler-se no relatório que a CME obteve a classificação de “Muito Insuficiente”. No geral, a CME obteve o 19º lugar ao nível das autarquias de média dimensão e se verificarmos a classificação final geral nacional a CME figura na 36º posição nacional. Ou seja, o Senhor Presidente transforma um 3º lugar obtido num dos indicadores em análise, num 3º lugar nacional a todos os indicadores o que não é, nem de perto nem de longe, a mesma coisa. Aqui está uma evidente manobra demagógica e mais um exemplo da campanha eleitoral que o Sr. Presidente faz neste documento que hoje analisamos. Quem tiver dúvidas sobre este estudo pode sempre consultar o seguinte site: purl.ptR- É uma crítica justa, mas já agora convém referir que no geral a página da câmara tem qualidade e qualquer pessoa que a consulte nota isso perfeitamente. Por outro lado, este tipo de avaliações é sempre um incentivo para se fazer melhor e corrigir as fragilidades detectadas.
Já agora, baseado no que este plano nos revela – e principalmente para a comunicação social presente -, vamos adivinhar a campanha do Dr. José Eduardo em 2009. Conforme referimos já, em 2006 e 2007 vai pagar as obras deixadas pelo PS e inauguradas à pressa antes das eleições. Em 2008 tenciona começar a piscina municipal, as obras na Escola Padre Donaciano e a Unidade de Saúde de Veiros. Em 2008 e também 2009 pretende iniciar a habitação social, o plano de pormenor da zona da estação e o plano de urbanização de Salreu. O novo mercado municipal também é para 2009, mas entender-se-á para 2010. Se o Sr. Presidente não terminar nada disto, a culpa será sempre e só do Governo. Nunca de si próprio e da Coligação que gere os destinos de Estarreja ao sabor dos seus interesses eleitorais.
E é nisto, nesta ilusão, que assenta a estratégia de desenvolvimento de Estarreja preconizada pela Coligação. O futuro da nossa terra é feito, segundo o orçamento do Senhor presidente, ao sabor das suas ambições eleitorais. O Partido Socialista faria diferente.
R- O Partido Socialista fez a mesma coisa no passado gerindo os orçamentos em função das eleições. É claro que quando agora diz que faria diferente fica a dúvida como? É que não apresenta uma única proposta nesse sentido?
Por isso, não podemos votar a favor de um orçamento que pretende pagar a última campanha da coligação e preparar a de 2009.
Mas a Coligação é que acabou de ganhar com maioria absoluta, por isso tem toda a legitimidade para fazer o que quiser, da forma que entender. Os estarrejenses vão ter 4 anos para perceber o que vale o senhor presidente sem as obras do Partido Socialista.R- Veremos daqui a 4 anos quem é que vai ganhar as eleições? Mas se o PS pensa que a Coligação vale assim tão pouco é porque então ainda não percebeu o que lhe aconteceu em Outubro passado. E é pena, pois já tinha tempo de ter percebido.