terça-feira, outubro 31, 2006
Era de esperar uma intervenção dos vingadores depois da história do IKEA. Fico contente e em breve quando tiver tempo gostaria de comentar a intervenção. Mas para já assinalo a posição contra as portagens na A29. Depois de alguma ausência eis que os vingadores estão de volta. Mas a vida continua como se nada fosse.


 
posted by Jose Matos at 10:15
segunda-feira, outubro 30, 2006
Eu sei que é quente demais para esta época do ano. Mas é justo que esteja calor. Era até justo que estivesse o resto do ano, mesmo com chuva à mistura. Contava-se em tempos que Portugal um dia seria uma extensão do Sara. Não é preciso tanto. Mas este calor é sempre bem-vindo. Que venha mais de África.
 
posted by Jose Matos at 22:30
A entrevista do Presidente da Câmara ao Jornal de Estarreja. Os tempos de contenção vão continuar. E o orçamento para 2007 será claro em relação a isso.
 
posted by Jose Matos at 15:47
Não é preciso fazer grandes contas para ver que o distrito de Aveiro perdeu em termos de PIDACC em relação a anos anteriores. Passou do 3º para o 5º lugar em termos nacionais. Ora em termos concelhios, isto tem consequências. Estarreja vai receber pouco mais de 800 mil euros. Não é dos que recebe menos (9º lugar em 19), mas realmente não é grande fartura. E há um erro de programação que pode atirar-nos para o fundo da tabela. E é este erro que me preocupa. Agora concordo no essencial com aquilo que José Eduardo Matos diz ao Jornal de Estarreja a este respeito. O governo tem passado ao lado de Estarreja. Mas não é de agora. É de há muito tempo.

Por isso, é que me custa ver notícias a dizer que o governo meteu Estarreja na rota dos grandes investimentos, como anunciava um jornal local há poucas semanas atrás. É que escrever uma coisa dessas no jornal só pode ser por brincadeira ou por desconhecimento da história.

Já agora no documento em PDF, a parte de Estarreja pode ser encontrada na pág. 42 com o caricato da Ponte da Varela estar no nosso concelho. Ora como está prevista uma verba de 733 mil euros para esta obra estamos bem sujeitos a cair para o fundo da tabela quando este erro for corrigido. Se nos tiram a verba ficamos reduzidos a pouco menos de 150 mil euros.
 
posted by Jose Matos at 14:13
Em resposta ao Vladimiro mais algumas considerações para o chamar de volta à realidade.

Como já escrevi não me parece que exista alguma ilegalidade no processo da instalação do Ikea em Paços de Ferreira. Portanto, nesse aspecto mantenho alguma distância em relação ao que a câmara disse. Concordo que houve parcialidade, agora ilegalidade acho mais difícil.

Quanto ao estudo sobre a piscina é uma boa ideia a sua colocação on-line. Agora parece-me evidente que seria um desperdício de dinheiro estar a investir numa piscina velha que já atingiu o seu período de vida útil.

Quanto ao governo compensar o concelho, acho que o devia fazer apoiando, por exemplo, o eco-parque, mas não sou ingénuo ao ponto de pensar que o governo vai ter algum dia uma atenção especial em relação a Estarreja.

Nunca a teve no passado. Nem no tempo de Lurdes de Breu, nem no tempo de Vladimiro Silva. E isto porque Estarreja nunca teve grande peso político junto do poder central. Estarreja não é nenhuma capital de distrito, não é nenhuma grande cidade no distrito, não tem aos olhos do poder central grande relevância no contexto nacional. É neste contexto histórico que nos movemos. E só quem nunca governou é que pode pensar que somos muito importantes ou que o governo vai ter uma atenção especial em relação a nós.

O concelho teve ao longo do tempo direito ao que outros também tiveram. Infra-estruturas básicas, nomeadamente, saneamento básico, electricidade e abastecimento público de água. Equipamentos colectivos de lazer, desporto, cultura, saúde e educação, mas pouco mais. Mesmo na questão do Eco-Parque somos nós sozinhos que estamos a arcar com a infra-estruturação e compra de terrenos. Do governo nem uma ajudinha.

Não é muito justo é óbvio, mas em critérios de justiça há muita gente no interior e mesmo no litoral (como nós) com mais razões de queixa do governo central.

Nós também as temos, mas não sou ingénuo ao ponto de pensar que um murro na mesa resolve alguma coisa. E os tempos que se avizinham são ainda mais difíceis, pois o governo anuncia restrições fortíssimas à acção do poder local.

Portanto, não espero tratamentos de favor em relação a nós. O que devemos obviamente fazer é trabalhar e lutar para que exista desenvolvimento no nosso concelho. Mas não espero favores de ninguém. Nem compensações por injustiças. Se estamos à espera disso, bem podemos esperar sentados. Aliás, o PIDACC deste ano mostra bem isso.
 
posted by Jose Matos at 12:31
sexta-feira, outubro 27, 2006
Hoje como ontem muitos vão jogar em força com a esperança de ganhar o 1º prémio do Euromilhões. Afinal são 113 milhões de euros. Mas se soubessem que as probabilidades de ter os 5 números certos e as 2 estrelas são de 1 em 76 milhões de hipóteses negativas, muitos não gastavam dinheiro.
 
posted by Jose Matos at 14:02
O Vladimiro continua sem nos dizer porque razão não tem assumido o seu lugar de deputado na assembleia. Mas como se pode pela blogosfera continua activo politicamente, embora desfasado da realidade. Confunde a blogosfera com a realidade, confunde também governo com câmara, quer obrigar o governo a pagar não sei quê, e tece considerações muito estranhas a respeito do projecto da nova piscina e que são incompreensíveis para quem já foi deputado como ele. Mas vejamos o que diz:

O comunicado com a posição do Presidente da Câmara de Estarreja sobre o Caso IKEA globalmente até nem está mal feito. No entanto, estranha-se a ausência de referência aos grandes amigos de outrora (a API, que segundo a comunicação social, terá tido um papel decisivo no processo) e sobretudo a brandura da reacção. O que se passou é muito grave, é ilegal e justificaria uma atitude pública de firmeza da parte da Câmara Municipal de Estarreja.

R- O comunicado da câmara é um comunicado diplomático. Não era expectável que fosse mais longe e que vociferasse contra o Ikea. Ataca quem deve atacar. A CCDR-Norte e o governo pelos critérios PIN poucos exigentes em relação ao ambiente. É claro que a questão do ambiente aqui é discutível, pois existe um estudo de impacte ambiental sobre a área a desanexar em Paços de Ferreira, que pelos vistos dá parecer positivo à instalação das fábricas do Ikea.

Sobre a questão do que se passou ser ilegal acho a afirmação forte demais e mal sustentada. Não me parece que exista alguma coisa de ilegal no processo.

Além disso, vem acrescentar mais um capítulo à já longa série de afrontas ao concelho de Estarreja verificadas nos últimos tempos:
- IC1/A29 construída a nascente enquanto José Eduardo de Matos a garantia a poente do concelho;

R- Um assunto mais que debatido aqui. Não foi o Presidente da Câmara que a mandou construir a nascente, nem mandou introduzir portagens.

- Perda da ligação directa do Eco-Parque ao IC1/A29 (que constava do projecto inicial);

R- Desconheço a origem desta afirmação, mas que eu saiba existe previsão de dotar o parque de ligação directa a A29.

- Não financiamento do Eco-Parque por parte do Estado;

R- É um problema antigo e grave que afecta a infra-estruturação do parque. Foram apresentadas candidaturas, mas nenhuma foi financiada.

- Abandono do Eco-Parque por parte da API;

R- A partir do momento que as ALEs foram congeladas, o desinteresse na parceria foi mútuo. Nem API mostrou grande interesse, nem a câmara insistiu muito no assunto.

- Criação de portagens no IC1/A29;

R- Mais uma vez não foi o Presidente da Câmara que decidiu meter portagens na A29.

- Mais que provável encerramento da Urgência do Hospital Visconde de Salreu;

R- Vamos ver. Tudo está a ser feito para que não seja assim.

- Descargas poluentes em vários pontos do concelho perante a passividade do Ministério do Ambiente e da própria CME.

R- Outro assunto mais que debatido aqui. Sempre existiram descargas poluentes no concelho e infelizmente vão continuar a existir no futuro. É impossível ter uma vigilância 24 horas/dia que impeça isso. É preciso é que os infractores sejam punidos, para que a punição sirva de exemplo e desincentivo a outros. É isso que espero das autoridades competentes.

Até quando é que isto vai durar? Fica-se com a sensação de que o concelho vive em permanente crise política e que tudo corre mal a JEM.

R- Essa sensação existe apenas na blogosfera, mas não tem aplicação na realidade. E confundir a blogosfera com a realidade é mau sinal. É sinal de que não andamos por aí a falar com as pessoas a perceber o que pensam.

Com o fim das obras e projectos herdadas dos mandatos anteriores a actividade da CME parece ter ficado reduzida à Escola Municipal de Desporto e a ocasionais colaborações em festas e passeios da terceira idade. A própria página dedicada aos projectos actualmente promovidos pela Câmara impressiona pela sua pobreza (qualquer pequeno arranjo é um "projecto"), falta de novidades (o Eco-Parque vem dos tempos em que o PS estava na Câmara...) e sentido estratégico.

R- Falta um projecto de referência na página da câmara. O centro Ciência Viva de Avanca. O parque vem dos tempos do PS é verdade, mas bem sabemos em que estado estava. O saneamento vem dos tempos do PS é verdade, mas bem sabemos a cobertura que tinha. Foram investidos no último mandato 40 milhões de euros no concelho. Foi o maior investimento de sempre no concelho. O objectivo é ultrapassar este valor até 2009. Mas se em vez de 40 milhões tivéssemos 80 ou 100, as obras podiam obviamente ser outras. Mas talvez o Vladimiro nos diga que tipo de obras fazia ele com 40 milhões de euros?

É especialmente ridícula (e desesperada!) a ideia faraónica do novo complexo de piscinas (que felizmente não acredito que algum dia possa ser concretizada).

R- Como é que uma pessoa que já teve responsabilidades políticas pode dizer uma coisa destas? Como é que se pode dizer isto, quando todos sabemos que a actual piscina já atingiu o seu período máximo de vida útil! Como é que se diz isto, quanto existe um estudo técnico aprovado por unanimidade na câmara que aconselha a construção de uma nova piscina como a melhor solução! Realmente não dá para perceber?

É constrangedor ver que a promoção do Eco-Parque (que no passado era apresentado como ponta de lança da API para o desenvolvimento económico nacional) ficou reduzida a meia dúzia de ideias vagas e imprecisas num canto da página da internet da CME.

R- O Eco-Parque terá no futuro uma página própria na net, bem feita e bem organizada. Mas terá isso quando estiver devidamente construído e infra-estruturado em larga escala. Aí voltaremos a falar.

Não se vislumbram dias felizes para o concelho de Estarreja e sobretudo não se percebe de que forma é que José Eduardo de Matos poderá obrigar o governo a pagar pelo que tem feito nos últimos tempos.

R- Quem diz isto obviamente não conhece o governo nem faz a mínima ideia do que está a dizer. Então o governo vai pagar pelo que fez? Só se for nas próximas eleições legislativas, porque fora isso não estou a ver como é que o governo vai pagar o que seja?

Não me parece que com comunicados suaves se consiga alguma coisa. É necessário criar projectos viáveis e estimulantes para o governo se poder retractar do mal feito. Seguramente que não é através da construção de elefantes brancos que isso será possível...

R- Estamos abertos a sugestões. Aliás tentei ver na antiga página do PS o programa eleitoral a ver se encontrava boas ideias a esse nível. Mas continua inactiva. Talvez tu me possas dar algumas…
 
posted by Jose Matos at 11:41
quinta-feira, outubro 26, 2006
Foi positiva a visita no início da semana dos deputados da Assembleia da República ao hospital de Salreu. Ficaram assim a conhecer a situação no terreno. É também importante que todas as forças políticas estejam solidárias nesta questão.

No entanto, por cá, essa solidariedade é apenas aparente e de circunstância. Se um dia, as urgências encerrarem a solidariedade vai por água abaixo e o Presidente da Câmara será logo o primeiro culpado.

Acredito obviamente que o PS local esteja preocupado com a questão das urgências. Mas também está preocupado com outra coisa. Com a perseguição à actual administração que contra a vontade dos socialistas locais continua em funções.

Vejamos, por exemplo, o que dizia em Fevereiro deste ano, a deputada Marisa Macedo sobre os rumores do fecho das urgências em Salreu.

“Correm rumores de que o Hospital do Visconde de Salreu corre o risco de ver encerrada o serviço de urgências a curto prazo, o que significará um rude golpe no sistema de saúde do concelho. Parece certo que tal se deve ao facto do Estado se ter apercebido que os utentes que recorrem ao serviço de urgências do nosso hospital são sistematicamente transferidos para o Hospital de Aveiro. Sendo assim, os responsáveis governamentais terão chegado à conclusão que, uma vez que o Hospital de Estarreja transfere as pessoas sistematicamente para Aveiro, será mais lógico que estas sejam levadas directamente para Aveiro sem paragem em Estarreja, o que significa desde logo uma redução de custos. A forma como as pessoas são atendidas nas urgências do nosso hospital é mais um dos reflexos da gestão da actual administração. Por isso, a Administração Regional de Saúde do Centro terá dado 4 meses para o Conselho de Administração alterar a actual situação, e criar condições que permitam que as urgências não sejam encerradas, como é sua obrigação. Sabemos que o Sr. Presidente apoia incondicionalmente o actual conselho de administração nomeado pelo governo de Durão Barroso, pelo que pretendemos saber quais as diligências que já efectuou sobre este assunto.”

Isto foi dito em assembleia municipal e ao ler isto percebemos a teoria. As urgências vão fechar porque o HVS transfere sistematicamente os doentes para Aveiro. Ora como o governo percebeu isto vai fechar as urgências. É o que está aqui dito claramente.

É interessante ler isto e perceber como isto não tem qualquer sentido no contexto actual, nem tinha qualquer sentido no contexto da altura.

A requalificação das urgências nada tem a ver com o que foi proferido nesta intervenção, mas sim com o estudo que foi feito pela tal comissão de especialistas.

Na altura (como agora), a deputada não sabia a percentagem de doentes das urgências transferida para Aveiro. Mas não se importou de dizer o que disse, mesmo não tendo qualquer número para sustentar a afirmação. Também sabia muito bem, que o governo não tinha chegado a conclusão alguma sobre o fecho das urgências, mas não se importou de dizer o que disse, tecendo considerações que não eram verdadeiras.

E tudo isto movido por uma perseguição contra o actual conselho de administração, em relação ao qual o governo (ao contrário de outros hospitais), deixou terminar calmamente o seu mandato, um sinal claro de que não tinha qualquer motivo para o exonerar.

Mas esta perseguição tinha por trás uma ambição. Substituir quem gere o HVS por pessoas da confiança do PS. Ou melhor dizendo por alguém do PS local. E é esta ambição que ainda move o PS local nesta questão.
 
posted by Jose Matos at 13:04
quarta-feira, outubro 25, 2006
Vale a pena ler hoje o Público, para perceber a trapalhada de desculpas que o governo usou para introduzir portagens em algumas SCUTs.
 
posted by Jose Matos at 14:19
No Primeiro de Janeiro.

O grupo Swedwood tinha pré-seleccionado três municípios para a instalação da primeira fábrica em Portugal – Paços de Ferreira, Paredes e Estarreja. A escolha recaiu sobre a candidatura pacense, aquela “que apresentou a melhor proposta ao nível dos critérios avaliados – nível e dimensão do terreno, localização, proximidade de boas vias de comunicação, acessibilidades e boas infra-estruturas e capacidade para fornecimento energético”, lê-se no comunicado.

Ora, quem olha para estas razões da Swedwood só pode achar graça. Onde é que está o parque industrial de Paços de Ferreira com nível e dimensão? Será que o tal parque industrial com nível e dimensão é neste momento uma área REN e onde a câmara ainda vai comprar os terrenos?

E a proximidade de boas vias comunicação. É um facto que as tem, mas Estarreja também as tem e é possível chegar de forma mais rápida a Espanha por fronteira terrestre a partir de Estarreja.

Mas a do fornecimento energético é a melhor. Então Paços de Ferreira tem melhor fornecimento energético que Estarreja?

É pena é que a Swedwood não tenha dito por quanto a câmara vai vender os terrenos da REN? É pena que não tenha falado noutros incentivos dados pela câmara de Paços de Ferreira. Se falasse disso ficávamos todos mais esclarecidos em relação à decisão tomada.
 
posted by Jose Matos at 13:59
O Pedro Vaz escreveu-me a propósito de um post anterior sobre ele. Aproveito o mail para esclarecer alguns aspectos.

Escrevo-lhe em primeiro para o cumprimentar por ver que continua activamente a escrever sobre o nosso concelho. Independentemente de discordar de quase tudo o que escreve, mas isso acaba por nem ser relevante.

No entanto, solicitava-lhe que repusesse a verdade no que diz respeito a um post que fez relativamente à minha pessoa, nomeadamente na questão do meu nome aparecer na
Wikipedia. Não sei como lá foi parar, não tinha conhecimento disso. E acho de muito mau tom o facto de se afirmar que tenha sido eu próprio a fazê-lo e ainda por cima por causa de uma ambição que supostamente eu tenho. Gostaria que pudesse repor essa questão.

R- Como disse no post pareceu-me que a entrada na Wikipedia era da autoria dele. Não sendo aqui fica a correcção. No entanto, quando disse o que disse não foi em tom crítico. Qualquer pessoa pode escrever sobre si na Wikipedia. Não acho que seja incorrecto, embora possa conter alguma vaidade.

Depois sobre a questão da ambição é perfeitamente natural que a tenha e eu acho que não deve ter problemas em assumi-la. É natural que assim seja. Ninguém ascende ao secretariado da JS sem ambição. Ninguém anda lá por desporto. Mas desejo ao Pedro um bom trabalho na recuperação da JS distrital, que bem precisa de gente dinâmica para a liderar.
 
posted by Jose Matos at 13:10
terça-feira, outubro 24, 2006
Terminou hoje a novela do IKEA. Depois de meses de especulações de ditos e mexericos, o grupo sueco anunciou a construção de três fábricas em Paços de Ferreira. A primeira vai começar a ser construída até ao final deste ano. A segunda fábrica está prevista para 2008 e a terceira para 2010.

Não percebo como é que vão instalar a primeira fábrica até ao final deste ano, quando parece que não há terrenos para isso, mas espero para ver.

Também não foi dito a que preço é que a câmara ofereceu os terrenos e que contrapartidas foram dadas pelo governo? Esperemos um dia descobrir os meandros deste fabuloso negócio e os favorecimentos que Paços de Ferreira teve em todo este processo.

Mas agora que a novela acabou é altura de voltar à normalidade dos dias e trabalhar para que outros investimentos venham para Estarreja.
É claro que não faltarão agora os vingadores do costume a dizer que a culpa é da câmara. Mas era bom que descobrissem primeiro como é que o negócio foi feito e falassem depois. Como sei que possuem boas relações com o Ministro da Economia pode ser que ele vos forneça o dossier do processo.
 
posted by Jose Matos at 13:33
segunda-feira, outubro 23, 2006
Em Junho passado fazia uma série de perguntas a respeito da visita dos deputados do PS ao concelho por causa da A29. Que dirão agora a propósito das portagens? E o PS local envolto no mais profundo silêncio?
 
posted by Jose Matos at 14:22
Quando o ministro das Obras Públicas anunciou há dias, a intenção de meter portagens em 3 SCUTs (Costa de Prata, Norte Litoral e Grande Porto), disse que a decisão tinha como base critérios técnicos.

Um deles era que o Produto Interno Bruto (PIB) per capita do conjunto dos concelhos afectados não ultrapasse 80%.

O segundo, que o mesmo conjunto de concelhos tenha um poder de compra per capita acima de 90% da média nacional.

O terceiro critério é de que o tempo gasto no percurso pelas estradas alternativas não superasse em 2,3 vezes o tempo gasto nas auto-estradas.

Sobre os dois primeiros é estranho que de um ano para o outro, o nosso concelho tenha atingido tais metas tão rapidamente. É óbvio que Estarreja e outros concelhos abrangidos pela medida não atingiram os tais valores de PIB e de poder de compra de um ano para o outro. É que há um ano, o governo dizia que não ia introduzir portagens, agora de repente já satisfazemos os critérios.

Quanto ao terceiro critério é para rir. Vejam a experiência que o JN fez há dias a este respeito.
 
posted by Jose Matos at 14:05
Há uns meses saiu no Jornal de Estarreja este artigo de opinião a propósito da A29. Agora que as portagens são mais que certas cá fica de novo:


Numa entrevista recente a um jornal de referência o Secretário de Estado das Obras Públicas, Paulo Campos, confirmava de que a A29 vai mesmo avançar a nascente como já era evidente há algum tempo. O governo já tinha dado sinais públicos nesse sentido. De início, o silêncio foi grande sobre o assunto, mas quando quem governa se apercebeu dos custos do traçado a poente a viragem para nascente era a mais do natural.

Infelizmente na entrevista que deu o Secretário de Estado não explicou qual a racionalidade de construir uma auto-estrada junto a outra auto-estrada. Quando interrogado sobre isso, esquivou-se e disse apenas que “há tempo para pensar nas matérias e tempo para tomar decisões”. Disse mesmo que “às vezes mais vale tomar uma decisão que não é muito boa do que não tomar decisão nenhuma”. Portanto, disse o óbvio, ou seja, de que quem governa também acha de que a A29 a nascente não é uma boa solução, mas que neste momento não há outra solução senão fazê-la.

Mas disse também aquilo que alguns de nós já sentimos há muito tempo. É que o grande problema aqui nunca foi a questão do nascente/poente. O grande problema aqui foi sempre o da racionalidade da nossa rede viária. O grande problema aqui é de um país que para resolver o problema de uma estrada nacional faz uma auto-estrada ainda por cima colada a outra auto-estrada.

Mas não fomos nós que pedimos uma A29. Pedimos sempre foi um IC1 semelhante aquele que vai de Valadares a Maceda. Esse sim, uma verdadeira alternativa à EN109 e sem portagens. É óbvio que a construção da A29 ou do antigo IC1 junto à A1 foi sempre a opção mais barata e com menos impacto ambiental. Não é preciso ser um especialista para perceber isso. Mas a localização próxima a uma auto-estrada com portagens não era algo aconselhável em termos de eficiência e de utilidade. Talvez, por isso, os projectistas iniciais do IC1 o concebessem a poente.
Mas a situação tornou-se ainda mais absurda quando alguém decidiu acabar com o IC1 e criar a A29, ou seja, uma via com características claras de auto-estrada. E será ainda mais absurda no futuro quando a A29 tiver portagens ficando nesse caso distanciada 500 metros de uma outra auto-estrada com portagens.

Portanto, o problema actual não está tanto no poente ou no nascente. Ou melhor dizendo essa discussão fazia sentido quando o que estava em causa era o IC1 e não uma coisa chamada A29. É que esta coisa chamada agora A29 tanto é uma má solução a nascente como a poente, a partir do momento em que se transforma numa auto-estrada com portagens.

Ou seja, temos aqui uma falta de racionalidade clara, porque o que se devia ter feito era uma via rápida simples ou com 4 faixas que nunca teria portagens e que seria uma verdadeira alternativa à EN109. Um dia quando a A29 tiver portagens a alternativa sem portagens será apenas a EN109, o que nos deixa exactamente na mesma como estamos agora.

É claro que o governo agora já não pode recuar. Os custos da indemnização ao concessionário por atrasos na obra já são elevados e vão continuar caso nada seja feito. Portanto, qualquer solução alternativa ao que já está planeado não tem agora qualquer sentido. E é notório que o governo só faz o que está a fazer porque não está disposto a pagar mais dinheiro ao concessionário pelos atrasos na obra e não por acreditar na solução proposta.

Portanto, o que devia ter sido pensado há muito tempo não era uma A29 como vamos ter, mas sim um IC1 com características de via rápida que unisse o Porto a Aveiro, e que fosse uma verdadeira alternativa à EN109. E aí sim até podia ser a nascente, pois nunca seria uma auto-estrada encostada a outra auto-estrada como vai ser no futuro e ainda por cima com portagens. Se tivéssemos um planeamento correcto da nossa rede viária e do nosso dinheiro público era isto que tínhamos feito.

 
posted by Jose Matos at 13:00
Vida de Cão no Acto.
 
posted by Jose Matos at 12:58
sexta-feira, outubro 20, 2006
Os Balla estão de regresso. Ouvi hoje o "Fim da Luta"e gostei do que ouvi. Podem ouvir a música no site. Um bom exemplo como ainda se faz boa música em português.

 
posted by Jose Matos at 22:43
Novamente em resposta ao Vladimiro nunca chegou de facto a ser constituída a escritura da ParqueEsta. Neste momento, é a câmara que gere o parque sozinha. Mas se alguém souber de alguma escritura onde diga que é a APIParques que manda no parque faça favor de dizer.

Em relação às ALEs vejamos o argumentário:

O conjunto de benefícios que as ALE têm para oferecer não pode, de modo algum, ser algo de exclusivo para um grupo de empresas ou cidadãos. O Estado não tem legitimidade para tratar diferentes empresas e pessoas de forma diversa, apenas porque a uns saiu a lotaria geográfica de calharem numa ALE e a outros a desgraça de serem proprietários de uma empresa que já existia antes das ALE, ou então que está localizada fora de uma das novas áreas abençoadas. Este tipo de discriminações é absolutamente insustentável e fere gravemente os princípios da livre concorrência e igualdade de oportunidades entre as empresas. É absolutamente perverso que o Estado exija ser proprietário do nosso parque industrial para que as empresas que nele se instalem não sejam submetidas a um qualquer massacre burocrático.(...)

R- As ALEs foram criadas para promover o reordenamento industrial e logístico, numa lógica de progressiva concentração de unidades industriais em zonas apropriadas e qualificadas. Ora qualquer pessoa que constituísse uma nova empresa podia obviamente instalar-se numa ALE. E quem já tinha uma empresa podia migrar para lá. Aliás, nunca ouvi nenhum empresário queixar-se das ALEs? Parece que o Vladimiro era mesmo o único queixoso.

Além disso, numa fase mais avançada seria perfeitamente credível permitir a conversão de antigos parques industriais e zonas industriais em ALEs, desde que cumprissem certos critérios. Portanto, as ALEs eram um processo de agilização de procedimentos para permitir de forma mais rápida a realização de investimentos. Eram também um processo de reestruturação industrial, que a longo termo podia criar uma nova matriz industrial. Portanto ser contra isto não é do meu ponto de vista muito razoável.

Por isso, tenho pena que tenham morrido.

Quanto ao resto já disse e volto dizer. Não há um único escrito que diga que as ALEs iam ser suspensas pelo poder político. Onde está uma palavra a dizer que as ALEs iam acabar? Nenhuma em lado algum.


P.S. E já agora por falar em assembleias continuamos sem saber porque razão o Vladimiro Jorge nunca mais voltou à assembleia?
 
posted by Jose Matos at 20:42
quinta-feira, outubro 19, 2006
É sempre com gosto que respondo às provocações do Vladimiro Jorge. Vejo que ele continua convencido que tinha toda a razão no que disse na altura, mas a verdade é que ninguém percebeu o que podia correr mal na altura.

Em primeiro lugar, é pena que ainda não tenha percebido o erro que cometeu ao dizer que a API é a dona do parque, quando na verdade nunca foi constituída a sociedade que formalizava a parceria entre a CME e a API Parques. Portanto, legalmente a API não é dona de nada em Estarreja.

E é essa constituição não ocorreu pelo simples facto das ALEs terem sido congeladas pelo actual governo. A partir daí, o principal benefício que a parceria oferecia deixou de existir. É óbvio que não era o único, mas era o principal, como se pode ver pela discussão na altura.

E ao contrário do Vladimiro, apoiei a criação das ALEs e continuo a achar hoje que eram um chamariz interessante para a captação de empresas. Portanto, continuo a discordar completamente dos argumentos que ele utilizou na altura contra as ALEs. E aqui estamos completamente em desacordo. Aliás, mantenho os mesmos argumentos daquele tempo, a favor destas áreas empresariais.

Como também continuo a discordar frontalmente de toda a diabolização que fez na altura contra a APIParques. Quem lê a intervenção que fez continua a notar isso. Desconfianças, ilações mal sustentadas, processos de intenção, está lá tudo. A sensação que continua a transparecer depois destes anos é que a APIParques era uma entidade pouco recomendável, uma espécie de entidade de gente de pouca confiança, que vinha para Estarreja para roubar o nosso parque. Ora isto não me parece uma argumentação credível. Nem agora, nem na altura.

A verdade sobre todo este processo é que ninguém, desde a oposição até à câmara, passando pelo Vladimiro ou por mim, foi capaz de prever na altura uma coisa que parecia impossível de acontecer. Que as ALEs nunca passariam de letra morta e que tudo deixaria de fazer sentido por essa razão. A este nível todos nós falhamos. Nem uma palavra na altura. Nem um único escrito a chamar atenção para um princípio que podia ser posto em causa. Portanto, aqui faltou-nos visão, a todos, incluindo o Presidente da Mesa da Assembleia, que foi um grande defensor do modelo. Portanto, não vale a pena cantar de profeta agora. Ninguém disse uma única palavra sobre algo que realmente podia ser posto em causa e que estava na base da parceria.

Quanto à actual gestão da câmara do parque continuo achar que é uma solução limitada. Não mudo uma vírgula ao que disse. Está como está, porque os pressupostos de base mudaram e a câmara assumiu o parque. Mas não me parece sinceramente que seja uma solução de futuro.
 
posted by Jose Matos at 23:05
quarta-feira, outubro 18, 2006
Vale a pena ler a notícia. E esta também. É certo que o Ikea ainda não decidiu nada, mas vale a pena esperar para ver o que vai fazer. É claro que a tendência por Paços de Ferreira é muito simples. Vão-lhe oferecer os terrenos a um preço muito baixo. Por isso, é que gostam da ideia. Nada mais do que isso.
 
posted by Jose Matos at 19:14
É certo que o Vladimiro Jorge deixou de ser deputado há um ano e por essa razão pode andar desactualizado. É certo que também se deixa entusiasmar pela escrita e fala muitas vezes de forma aérea.

Também é certo que já podia ter voltado à assembleia através do regime de substituições. Estranhamente não voltou?

Mas o que disse no seu último post a propósito do Ikea e do Parque Eco-Empresarial merece obviamente algumas correcções pelas imprecisões cometidas e pela salada que cozinhou.

Dizer que a “API (dona do Parque de Estarreja) parece nada ter feito para garantir que o Ikea ficasse no seu destino aparentemente mais óbvio (e que teoricamente mais interessaria à própria API)”, é realmente espantoso, quando a API nunca foi, nem é dona do parque empresarial. A parceria com a API nunca foi para a frente em relação à gestão do parque, porque o actual governo congelou as ALEs e a partir desse momento, a parceria com a API deixou de fazer sentido. Portanto, quem gere o parque é a câmara de Estarreja e mais ninguém. Quem é dono do parque é a câmara e a mais ninguém. Portanto, gostava de saber donde surgiu esta ideia peregrina que a API é dona do parque?

Dizer também que “em Estarreja, a Câmara optou por pôr as culpas na oposição (em quem mais poderia ser?)”, é também espantoso. O que Presidente da Câmara disse claramente é que houve uma queixa no IGAT feita pelo PS de Estarreja contra a câmara, a respeito dos terrenos do parque. Nunca disse, nem nunca dirá concerteza, que a culpa do Ikea não vir eventualmente para Estarreja é do PS de Estarreja. O PS é que parece estar pouco à vontade com isso, pois disse que só falava da queixa (a tal de que o PS nada sabe?) depois da decisão do Ikea. É estranho esta conversa, pois não vejo que raio de ligação existe entre o Ikea e a queixa?

Quanto às derrotas, como “o IC1, Ikea, Caso Mariazinha, ERSUC, depósitos ilegais de lamas por baixo do seu nariz, areias desaparecidas do Eco-Parque, a API que desapareceu de Estarreja, fim das ALEs, Urgência do HVS, etc.” é realmente espantoso a salada presente nesta afirmação. Então foi o Presidente da Câmara que decidiu que o IC 1 era a nascente? Foi ele que decidiu que o Ikea não vinha eventualmente para Estarreja? Foi ele que mandou requalificar as urgências do hospital? Foi ele que mandou pôr as lamas em Canelas? Então e agora mudar da ERSUC para outra empresa é uma derrota?

E já agora em nome do rigor duas coisinhas.

O Ikea não anunciou ainda coisa nenhuma. Diz que o faz até ao fim do mês? Será?

E sobre as urgências do hospital o governo também ainda não decidiu coisa nenhuma.
 
posted by Jose Matos at 19:01
terça-feira, outubro 17, 2006
A nova lei para o licenciamento das explorações bovinas vai levar ao fecho de muitas vacarias. Muitas estão ilegais e os agricultores devem proceder à legalização da sua exploração e ao licenciamento da actividade, até ao dia 31 de Dezembro de 2008, sob pena de perderem direito a fundos comunitários e de serem proibidos de exercer a actividade. Ora para legalizar as vacarias, muitos terão que gastar verbas elevadas para modernizar as infra-estruturas. Ora sem ajudas comunitárias, muito produtores não terão hipótese de fazer obras e terão que fechar. Portanto, existe um grande pessimismo no sector.

Mas o espantoso nisto é como que é que deixaram durante anos a fio construir vacarias que não satisfaziam os critérios agora impostos. A lei pretende meter na ordem a forma como os agricultores se desfazem dos efluentes que as vacarias produzem. Portanto, é positiva. Mas é incrível como foi preciso tanto tempo para meter na ordem este problema.

Vale a pena ler esta apresentação sobre o assunto.
 
posted by Jose Matos at 20:45
segunda-feira, outubro 16, 2006
Há muito que não ouvia falar dele. Ou melhor dizendo ouvia pontualmente. Pelos vistos vai ser candidato à Federação da JS de Aveiro. Mas o mais incrível é esta entrada na Wikipédia para ele. Provavelmente foi ele que a escreveu, mas não deixa de ser curiosa a ambição deste jovem socialista. Vai preparando o caminho para em 2009 ser deputado.
 
posted by Jose Matos at 14:24
sábado, outubro 14, 2006
Á memória de Fernando Pessoa

Vem, serenidade!
Vem cobrir a longa
fadiga dos homens,
este antigo desejo de nunca ser feliz
a não ser pela dupla humanidade das bocas.

Vem serenidade!
Faz com que os beijos cheguem à altura dos ombros
e com que os lábios cheguem à altura dos beijos.

Carrega para a cama dos desempregados
todas as coisas verdes, todas as coisas vis
fechadas no cofre das águas:
os corais, as anémonas, os montros sublunares,
as algas, porque um fio de prata lhes enfeita os cabelos.

Vem serenidade,
com o país veloz e viginal das ondas,
com o mart]irio leve dos amantes sem Deus,
com o cheiro sensual das pernas no cinema,
com o vinho e as uvas e o frémito das virgens,
com o macio ventre das mulheres violadas,
com os filhos que os pais amaldiçoam,
com as lanternas postas à beira dos abismos,
e os segredos e os ninhos e o feno
e as procissões sem padre, sem anjos e, contudo,
com Deus molhando os olhos
e as esperanças dos pobres.

Vem, serenidade,
com a paz e a guerra
derrubar as selvagens
florestas do instinto.

Vem, e levanta
palácios na sombra.
Tem a paciência de quem deixa entre os lábios
um espaço absoluto.

Vem, e desponta,
oriunda dos mares,
orquídea fresca das noites vagabundas,
serena espécie de contentamento,
suroresa, plenitude.

Vem dos prédios sem almas e sem luzes,
dos números irreais de todas as semanas,
dos caixeiros sem cor e sem família,
das flores que rebentam nas mãos dos namorados,
dos bancos que os jardins afogam no silêncio,
das jarras que os marujos trazem sempre da China,
dos aventais vermelhos com que as mulheres esperam
a chegada da força e da vertigem.

Vem, serenidade,
e põe no peito sujo dos ladrões
a cruz dos crimes sem cadeia,
põe na boca dos pobres o pão que eles precisam,
põe nos olhos dos cegos a luz que lhes pertence.
Vem nos bicos dos pés para junto dos berços,
para junto das campas dos jovens que morreram,
para junto das artérias que servem
de campo para o trigo, de mar para os navios.

Vem, serenidade!
E do salgado bojo das tuas naus felizes
despeja a confiança,
a grande confiança.
Grande como os teus braços,
grande serenidade!

E põe teus pés na terra,
e deixa que outras vozes
se comovam contigo
no Outono, no Inverno,
no Verão, na Primavera.

Vem, serenidade,
para que não se fale
nem de paz nem de guerra nem de Deus,
porque foi tudo junto
e guardado e levado
para a casa dos homens.

Vem, serenidade,
vem com a madrugada,
vem com os anjos de oiro que fugiram da Lua,
com as núvens que proíbem o céu,
vem com o nevoeiro.

Vem com as meretrizes que chamam da janela,
volume dos corpos saciados na cama,
as mil aparições do amor nas esquinas,
as dívidas que os pais nos pagam em segredo,
as costas que os marinheiros levantam
quando arrastam o mar pelas ruas.

Vem serenidade,
e lembra-te de nós,
que te esperamos há séculos sempre no mesmo sítio,
um sítio aonde a morte tem todos os direitos.

Lembra-te da miséria dourada dos meus versos,
desta roupa de imagens que me cobre
corpo silencioso,
das noites que passei perseguindo uma estrela,
do hálito, da fome, da doença, do crime,
com que dou vida e morte
a mim próprio e aos outros.

Vem serenidade,
e acaba com o vício
de plantar roseiras no duro chão dos dias,
vício de beber água
com o copo do vinho milagroso do sangue.

Vem, serenidade,
não apagues ainda
a lâmpada que forra
os cantos do meu quarto,
papel com que embrulho meus rios de aventura
em que vai navegando o futuro.

Vem, serenidade!
E pousa, mais serena que as mãos de minha Mâe,
mais húmida que a pele marítima da cais,
mais branca que o soluço, o silêncio, a origem,
mais livre que uma ave em seu voo,
mais branda que a grávida brandura do papel em que escrevo,
mais humana e alegre que o sorriso das noivas,
do que a voz dos amigos, do que o sol nas searas.

Vem serenidade,
para perto de mim e para nunca.
… … ... … ... … … … … … … … … … … … … … … … … … … …
De manhã, quando as carroças de hortaliça
chiam por dentro da lisa e sonolenta
tarefa terminada,
quando um ramo de flores matinais
é uma ofensa ao nosso limitado horizonte,
quando os astros entregam ao carteiro surpreendido
mais um postal da esperança enigmática,
quando os tacões furados pelos relógios podres,
pelas tardes por trás das grades e dos muros,
pelas convencionais visitas aos enfermos,
formam, em densos ângulos de humano desespero,
uma núvem que aumenta a vâ periferia
que rodeia a cidade,
é então que eu peço como quem pede amor:
Vem serenidade!
Com a medalha, os gestos e os teus olhos azuis,
vem, serenidade!

Com as horas maiúsculas do cio,
com os músculos inchados da preguiça,
vem, serenidade!

Vem, com o perturbante mistério dos cabelos,
o riso que não é da boca nem dos dentes
mas que se espalha, inteiro,
num corpo alucinado de bandeira.

Vem serenidade,
antes que os passos da noite vigilante
arranquem as primeiras unhas da madrugada,
antes que as ruas cheias de corações de gás
se percam no fantástico cenário da cidade,
antes que, nos pés dormentes dos pedintes,
a cólera lhes acenda brasas nos cinco dedos,
a revolta semeie florestas de gritos
e a raiva vá partir as amarras diárias.

Vem, serenidade,
leva-me num vagon de mercadorias,
num convés de algodão e borracha e madeira,
na hélice emigrante, na tábua azul dos peixes,
na carnívora concha do sono.

Leva-me para longe
deste bíblico espaço,
desta confusão abúlica dos mitos,
deste enorme pulmão de silêncio e vergonha.
Longe das sentinelas de mármore
que exigem passaporte a quem passa.
A bordo, no porão,
conversando com velhos tripulantes descalços,
crianças criminosas fugidas à polícia,
moços contrabandistas, negociantes mouros,
emigrados políticos que vão
em busca da perdida liberdade.
Vem, serenidade
e leva-me contigo.

Com ciganos comendo amoras e limões,
e música de harmónio, e ciúme, e vinganças,
e subindo nos ares o livre e musical
facho rubro que une os seios da terra ao Sol.

Vem, serenidade!
Os comboios nos esperam.
Há famílias inteiras com o jantar na mesa,
aguardando que batam, que empurrem, que irrompam
pela porta levíssima,
e que a porta se abra e por ela se entornem
os frutos e a justiça.

Serenidade, eu rezo:
Acorda minha mãe quando ela dorme,
quando ela tem no rosto a solidão completa
de quem passou a noite perguntando por mim,
de quem perdeu de vista o meu destino.

Ajuda-me a cumprir a missão de poeta,
a confundir, numa só e lúcida claridade,
a palavra esquecida no coração do homem.

Vem serenidade
lve os vencidos,
regulariza o trânsito cardíaco dos sonhos
e dá-lhes nomes novos,
novos ventos, novos portos, novos pulsos.

E recorda comigo o barulho das ondas,
as mentiras da fé, os amigos medrosos,
os assombros da Índia imaginada,
o espanto aprendiz da nossa fala,
ainda nossa, ainda bela, ainda livre
destes montes altíssimos que tapam
as veias ao Oceano.

Vem, serenidade,
e faz que não fiquemos doentes, só de ver
que a beleza não nasce dia a dia na terra.
E reúne os pedaços dos espelhos partidos,
e não cedas demais ao vislumbre de vermos
a nossa idade exacta
outra vez paralela ao percurso dos pássaros.

E dá asas ao peso
da melancolia,
e põe ordem no caoss e carne nos espectros,
e ensina aos suicidas a volúpia do baile,
e enfeitiça os dois corpos quando eles se apertarem,
e não apagues nunca o fogo que os consome,
o impulso que os coloca, nus e iluminados,
no topo das montanhas, no extremo dos mastros,
na chaminé do sangue.

Serenidade, assiste
à multiplicação original do Mundo:
Um manto terníssimo de espuma,
um ninho de corais, de limos, de cabelos,
um universo de algas despidas e retrácteis,
um polvo de ternura deliciosa e fresca.

Vem, e compartilha
das mais simples paixões,
do jogo que jogamos sem parceiro,
dos humilhantes nós que a garganta irradia,
da suspeita violenta, do inesperado abrigo.

Vem, com teu frio de esquecimento,
com a tua alucinante e alucinada mão,
e põe, no religioso ofício do poema,
a alegria, a fé, os milagres, a luz!

Vem, e defende-me
da traição dos encontros,
do engano na presença de Aquele
cuja palavra é silêncio,
cujo corpo é de ar,
cujo amor é demais
absoluto e eterno
para ser meu, que o amo.

Para sempre irreal,
para sempre obscena,
para sempre inocente
Serenidade, és minha.

(Raul de Carvalho in Antologia de Poetas Alentejanos)
 
posted by Jose Matos at 16:02
No dia 4 escrevi aqui:

"Mantenho em relação ao Ikea um grande distanciamento e serenidade. Não partilho de grandes optimismos em relação à sua vinda para Estarreja. Também não estou pessimista. Acho que Estarreja e Paredes são os dois municípios que oferecem melhores condições para a instalação da fábrica sueca. Nessa perspectiva acharia muito estranho que Paços de Ferreira fosse escolhido.
Espero que a decisão a anunciar seja clara e transparente. É claro que se vier para Estarreja muitos se colarão ao governo dizendo que foi graças ao Ministro da Economia que o Ikea se instalou em Estarreja. Outros dirão mesmo que foi graças ao esforço do PS no passado.Mas se não vier, as culpas cairão apenas no Presidente da Câmara. Será acusado de tudo, de inércia, de deixar fugir tudo, de não saber governar e por aí fora. É assim que as coisas funcionam em política. É um filme que já vi muitas vezes. Por isso, espero com serenidade. Sem grandes alaridos, sem grandes optimismos."


Mantenho tudo o que disse. É muito estranho que o concelho que menos tinha para oferecer ao Ikea seja o escolhido? É muito estranho que uma câmara que ainda vai desanexar terrenos de uma REN, que ainda vai ter que legalizar esses terrenos e criar infra-estruturas, para depois poder instalar uma fábrica, seja contemplada com tal projecto? Se a notícia é verdadeira não se percebe como é que o Ikea decide uma coisa destas? Também não se percebe como é que Paços de Ferreira aparece como candidato a este projecto, quando não tinha nada para oferecer? Há aqui critérios muitos estranhos? Esperemos que no anúncio da decisão sejam apresentadas as razões de tal escolha?
 
posted by Jose Matos at 15:49
quinta-feira, outubro 12, 2006
1

De mãos dadas, entre as paredes do sonho,
graníticas paredes, o homem do inverno
murmurava as suas últimas palavras, a boca
próxima, os olhos cerrados, desenhava a luz
que se inventa em cada noite, a luz negra.


a boca libertava cada botão, e a cada botão
o corpo, os lábios: os espelhos desapareciam
marcados pelo hálito do fundo do sonho,
com as palavras roucas, sempre as últimas
a perderem-se na garganta,
a língua humedecendo
as saborosas colinas onde o meu rosto está,



2

A casa era ali, mas já nos conhecíamos
de outra república, do chão coberto de pó
ao encontro do desejo, acesa a vela
que nos iluminaria os despojos,


a alva perda no pardo instante,
tão próximas as bocas quanto o medo
de uma porta que se abre para o outro lado
de todas as noites: passado? as pedras
desse altar silencioso foram levadas
para muito longe, ficaram as mãos em chama,


as mãos que procuram no corpo
o doce passeio, mãos vagarosas
para um destino mal encontrado
entre a língua e a ponta de um seio,
na cera da cor dos nossos olhos,



3

Que terra de fogo coberta de pó,
que leito rasgado entre as cadeiras,
que esconderijo é o nosso, que beijo fica
perdido nos teus ombros,
que afastamento é este
que se mede e mete entre as árvores?


entardece e perde a terra, metendo por terra
a minha mão esquerda, narinas abertas,
desconhecendo tudo e todos,


bem escondido no meu peito, um grito
para os teus lábios entreabertos, secos,



4

Ah, as serras estão aí, mansas serranias,
por todo o teu corpo, erguendo-se murmúrios,
suspiros e em todos esses ruídos
que afogam as palavras, que encobrem
o mais íntimo dos olhares,
que endurece os músculos
esconde-se no mais profundo sítio,


aí o ar despede-se do ar
no céu da boca, onde toca o extremo
e se desenha o sal,
esse segredo que se transforma em odor,


viajamos, manchamo-nos, vejamos:
as mãos conduzem na tua pele
a fina película que resta do fundo de nós,
humor maior, lenda dos nossos corpos,


5

Ardemos em tudo o que se adia,
abraçados, súplices,
em extremos transbordos:


as nossas mãos abrindo os corpos
como flores amorosas,
terras de multiplicadas chamas,


as nossas bocas seguindo a hera
até que um último estertor nos confunda,


na garganta e no ventre,
esta misteriosa seda licorosa
que nos escreve nos sentidos,






(in «E Se a Manhã Fosse Outra?»
Colecção pequeno Formato,
Edições ASA, 2001)



José Viale Moutinho
 
posted by Jose Matos at 19:10
quarta-feira, outubro 11, 2006
Uma das iniciativas que o PS de Estarreja podia promover a propósito da questão da requalificação das urgências, era a visita dos deputados do PS eleitos por Aveiro ao Hospital de Salreu de forma a constatarem que a urgência deve continuar. E digo do PS porque são neste momento os parlamentares com mais influência junto do governo. Aqui fica a ideia.
 
posted by Jose Matos at 12:48
Pouco interessa. O mundo continua com os seus problemas pouco se importando com queixas. Mas a história fez-me lembrar aquela anedota da professora que chega a casa muito chateada e encontra o marido sentado no sofá, a ler o jornal.

Pergunta-lhe este: - Então o dia correu bem? - Ora, deixa-me cá. Hoje perguntei a um aluno quem escreveu "Os Lusíadas". Começou a gaguejar, que não sabia, que não tinha sido ele, e pôs-se a chorar. Chamei o pai, e o pai diz-me que ele não costuma ser mentiroso e que às tantas foi o irmão. Que hei-de fazer a isto?

O marido, confortando-a: Olha, esquece. Janta, dorme e amanhã tudo se resolve. Vais ver que se calhar foste tu e já não te lembras...


Ora, parece-me um pouco a mesma história. Parece que quem a fez já não se lembra. Ou então tem problemas em assumir que fez. E aqui há uma grande distinção entre o passado e o presente. É que no passado, quem as fazia assumia claramente as razões das mesmas e não se escondia em jogos de palavras. Agora quem as faz tem medo de as assumir.
 
posted by Jose Matos at 10:40
terça-feira, outubro 10, 2006
Encontraram-se no inferno: José Sócrates, George W.Bush e a Rainha da Inglaterra, Elizabeth II de Windsor.

Bush pediu ao diabo uma autorização para fazer uma chamada para os EUA, porque queria saber como ficou o país depois da sua partida. O diabo permitiu a chamada e Bush falou durante 2 minutos. Ao terminar, o diabo disse que a chamada custou 1000 euros, Bush fez um cheque e pagou...

Quando a rainha soube, quis fazer o mesmo, e ligou para a Inglaterra, mas conversou durante 5 minutos. O diabo passou a conta, em libras esterlinas, equivalente a 500 euros.

Obviamente que Sócrates ficou intrigado e também quis ligar para Portugal para ver como havia ficado o país, mas conversou mais de 3 horas. Quando desligou, o diabo disse que eram 100 euros.

O próprio ficou espantado, porque viu as cobranças anteriores que duraram muito menos tempo e pagaram muito mais. Então, perguntou ao diabo porque custava tão pouco ligar para Portugal... O diabo respondeu: - De inferno para inferno é chamada local...
 
posted by Jose Matos at 17:25
É curioso como decorrem as votações em assembleia. A oposição vota sistematicamente contra tudo que é taxas. É contra o IMI, é contra as taxas de passagem é contra a derrama enfim, não há nada que escape. Se estivéssemos distraídos e votássemos da mesma forma, a câmara deixava de poder colectar qualquer tipo de imposto, ou seja, fechava as portas.

Portanto, um dia destes havemos de combinar uma estratégia conjunta (como aquela do hospital). Votamos contra a tudo que é taxa. E no fim a câmara entrega-nos a chave e passamos nós a governar.
 
posted by Jose Matos at 00:45
Se existiam dúvidas acerca da origem da queixa feita ao IGAT sobre o parque empresarial hoje deixaram de existir. A dramatização do caso feita em assembleia pela deputada Marisa Macedo só prova uma coisa. Que tudo não passa de um mero jogo de palavras levado ao extremo máximo da dramatização.

É um facto que não foi o PS (partido) que fez a queixa, como também não foi o PSD (partido) no passado que fez queixas ao IGAT, ao contrário do que disse a deputada na semana passada. Mas nunca negamos que as queixas tivessem partido de pessoas ligadas ao PSD e sempre as assumimos como tal sem qualquer problema.

Ora, a deputada Marisa Macedo sabe perfeitamente quem fez a queixa, assim como nós sabíamos no passado quem as fazia por nós.

Agora pedir ao IGAT que mandasse uma declaração a dizer que não foi o PS que fez a queixa, quando a deputada está a farta de saber quem é que fez a queixa é realmente demais.

Imaginem nós no passado a fazer o mesmo papel. A pedirmos ao IGAT um papel para dizer que não foi o PSD que fez as queixas ao contrário do que dizia o Dr. Vladimiro na altura.

Mas o grave disto é que estamos a falar de uma deputada que é líder da comissão política do maior partido da oposição. Ora um líder que faz uma encenação destas em plena assembleia não tem obviamente consciência do cargo que ocupa. É que um líder que é líder assume as queixas que faz ou de que tem conhecimento. Não se escuda em encenações ou em meros jogos de palavras.

É pena que o IGAT num momento de inspiração não tenha dito no fax o seguinte: Confirmamos que não recebemos nenhuma queixa do PS de Estarreja, mas recebemos uma assinada por um de vós.

Quanto ao Presidente da Câmara realmente enganou-se numa coisa. Devia ter dito da outra vez: apresentada pelo PS ou por alguém ligado ao PS. Faltou-lhe a última parte. Esqueceu-se de facto que o PS não assina queixas, mas que alguém as assina por ele.
 
posted by Jose Matos at 00:31
segunda-feira, outubro 09, 2006
Faz hoje um ano é verdade. Mas lembro-me no dia de hoje de uma outra altura (há dez anos atrás), quando tentamos convencer este autarca a ser candidato à Presidência da Câmara.



E do trabalho que foi convencê-lo a aceitar. E das resistências que ele tinha em desempenhar tal papel. Mas depois de muita insistência lá aceitou. Mas não foi fácil, pois o homem não queria ser candidato. E hoje lembro-me disso e daquela reunião distante em que pela primeira vez o nome dele foi falado. Não o conhecia de lado nenhum, mas pelo consenso que se gerou na sala pareceu-me de repente ser um nome forte. E era realmente uma escolha acertada. E as duas vitórias que teve mostram que naquela noite distante o nome dele tinha razão de ser.
 
posted by Jose Matos at 17:14
Já não me lembrava que faz hoje um ano que tivemos aquele resultado histórico. Mas obrigado ao Vladimiro pela lembrança. É pena que um ano depois, ele continua sem aceitar o meu desafio de fazer uma avaliação séria sobre as razões que levaram o PS aquela derrota também histórica. Continuo à espera dessa avaliação. Talvez num próximo post, quem sabe? Quanto à avaliação que faz do primeiro ano de mandato merece obviamente umas achegas.

1-Estarreja perdeu definitivamente a batalha do IC1;

R- Já me cansei aqui de relatar a história do IC1. Os arquivos estão cheios de textos sobre isso. Mas continua a ser espantoso ouvir que a culpa é do Presidente da Câmara, quando foi o próprio governo que disse há tempos, que o traçado mudou para poente no tempo de Durão Barroso por causa da pressão dos autarcas. Portanto, se o Presidente da Câmara tem culpa é neste capítulo da mudança para poente e não o contrário. Aí sim tivemos culpa. Agora quem decide é o governo não é o Presidente da Câmara. E é pena que sobre o governo nem uma palavra.

2- Diversas entidades poluiram impunemente vários pontos do concelho (perante a passividade da CME, que se limitou a chamar a polícia e a afirmar que o assunto "não era da sua competência");

R- Outra coisa que já foi discutida até à exaustão. Até hoje ainda não percebi que estratégia mais eficiente podia ter sido usada? A das conferências de imprensa? A das queixas em tribunal? Realmente as conferências de imprensa foram usadas no passado no caso da Proleite e do rio Antuã. Mas o curioso é que nunca soubemos se a Proleite chegou mesmo a ser multada (e se foi não foi por causas dos jornais, mas sim das entidades competentes para o fazer), e mesmo depois da fábrica ter sido encerrada as descargas continuaram. Portanto, parece que as conferências de imprensa tiveram um efeito muito limitado. Mas estou aberto a outras sugestões.

3- O governo anunciou publicamente a intenção de fechar a urgência do Hospital Visconde de Salreu;

R- Um erro crasso esta afirmação. O governo não anunciou coisa nenhuma a este respeito. E quando anunciar vamos ver. Pode ser que sim, pode ser que não. Mas até lá muito há para discutir.

4- O Parque Industrial continuou sem atrair investimentos importantes, mesmo num cenário em que o seu real proprietário (a Agência Portuguesa para o Investimento - API, a quem a CME ofereceu o Parque a troco de nada) distribuía alegremente investimentos pelo resto do país. Mesmo o projecto do Ikea, que seria aparentemente fácil de conseguir (pois Paços de Ferreira só tem para oferecer terrenos localizados na REN e Paredes tem condições substancialmente inferiores às de Estarreja), parece estar em risco (tendo em conta as notícias recentes);

R- Vamos ver o que Ikea vai fazer? Pelo menos temos um parque empresarial e isso já é um bom começo seja para o Ikea, seja para outra empresa qualquer. E já lá estão empresas, meu caro amigo. E até ao final deste mandato (2009), vamos ver como estará o Parque Empresarial.
Sobre o modelo de gestão do parque ele baseava-se nas vantagens das ALEs, coisa que este governo dissolveu completamente. Sem ALEs é natural que se opte por outra solução de gestão. Mas também não percebi na altura qual era o modelo de gestão proposto pelo PS. Ou melhor percebi. Era ser a câmara a gerir, o que nunca me pareceu grande solução.

5- A própria ERSUC, cuja contratação foi tão criticada pela oposição (lembro as múltiplas intervenções públicas do Eng. Duarte Drummond Esmeraldo), infelizmente parece ter correspondido aos piores receios dos críticos e no final da semana passada a comunicação social local anunciava a possibilidade da CME dispensar os seus serviços.

R- Aqui sou muito objectivo. A oposição do PS à ERSUC na altura foi baseada numa série de impressões vagas e pessoais. Se tinham na altura fortes suspeitas que a ERSUC era uma empresa pouco séria e que não prestava para o serviço em questão deviam ter sustentado isso com base em factos concretos ou em números. Nunca vi nada sobre isso, nem nunca tive qualquer razão para suspeitar que a ERSUC desempenhasse um mau serviço.

Já agora estamos a falar de uma empresa que serve actualmente 36 municípios, ou seja, não é propriamente uma empresa de vão de escada.

E não me venham dizer que o contrato assinado não representou uma profunda mudança na qualidade do serviço, porque na verdade qualquer pessoa pode ver isso.

Basta olhar para os números da recolha de resíduos sólidos e urbanos:

Antes
6 vezes por semana só em Beduído;
2/3 vezes por semana em 6 freguesias;

Agora
6 vezes por semana na cidade
5 vezes por semana em Beduído, Avanca, Pardilhó, Salreu e Veiros
3 vezes por semana em Canelas e Fermelã

Agora é óbvio que em algumas áreas não estamos satisfeitos e, por isso, faz sentido procurar quem preste um serviço melhor. Mas, apesar das falhas, é um facto que o serviço de recolha de lixo melhorou muito nos últimos anos.


E terminava dizendo uma coisa muito simples que já disse aqui várias vezes. O que me interessa nestas avaliações é chegarmos ao final deste mandato e termos ultrapassado claramente o valor de investimento em despesas de capital do mandato anterior. Isso é o que conta no final. O resto são pontos de vista.
 
posted by Jose Matos at 16:20
Comentarei nos próximos dias alguns aspectos que considero relevantes a propósito da requalificação das urgências.

Começava hoje com a questão dos 150 episódios/dia definidos como mínimo pela comissão técnica. Então e porque não 100 ou 120? Defendo que deve existir um critério mínimo, mas não é clara a razão dos 150? Em Salreu, a média de antendimento é de 110/dia e, por isso, não cumpre o critério definido, mas não se percebe realmente a ideia dos 150? Parece-me um número como outro qualquer.
 
posted by Jose Matos at 14:31
A entrevista do Filipe Pereira, director artístico do ACTO ao Voz de Estarreja. Em breve será comentada por mim.
 
posted by Jose Matos at 14:23
domingo, outubro 08, 2006
Há dias a GNR de Aveiro apreendeu um macaco numa residência na Gafanha da Encarnação, cuja proprietária foi identificada por posse ilegal de animal protegido e nomeada fiel depositário. Ver o resto da notícia no Diário de Aveiro.
 
posted by Jose Matos at 22:26
Como o Jorge Coelho disse há dias a respeito da restruturação das urgências hospitalares, o estudo da Comissão Técnica é um estudo tecnocrático. Compete ao governo decidir e decidir não quer dizer fazer exactamente como manda o estudo.
 
posted by Jose Matos at 22:21
Um livro excelente com explicações para as coisas mais bizarras e muito à volta da chamada lei de Murphy. Os autocarros chegam aos três de cada vez, a fila que escolhe é sempre a mais lenta, quando tem as mãos ocupadas sente comichão no nariz e lembra-se de várias coisas importantes assim que está prestes a adormecer... E o Richard Robinson é um excelente divulgador. E já agora os meus cumprimentos à Verso da Kapa por ter traduzido o livro.

 
posted by Jose Matos at 18:21
sexta-feira, outubro 06, 2006
Como já disse há tempos as micro-causas são importantes nos blogues, mas podem facilmente contaminar os debates.

O comentário do Abel Cunha no Efervescente mostra bem isso e a resposta do Vladimiro em nada ajuda o esclarecimento e dá mesmo ideia de um poder que não existe.

É óbvio que a criação de uma comissão de acompanhamento a nível da Assembleia de Freguesia de Canelas para o caso das lamas não acrescentará nada mais ao que já foi produzido. Nem a assembleia tem qualquer competência nessa área, nem qualquer poder decisório. Mas acho que as pessoas de Canelas também não podem ficar caladas e mesmo sem poder decisório, devem manifestar-se contra qualquer ilegalidade que esteja a ser cometida. Acho que o crime não pode ficar impune.

É claro que penso que ninguém avançará para os tribunais, não só pelos custos do processo como também pela incerteza do seu desfecho, além de ser um caso claro da competência do Ministério do Ambiente.

O que é importante exigir é que as autoridades competentes actuem. São elas que devem actuar e aplicar a lei. E é delas que espero uma resposta firme.
 
posted by Jose Matos at 20:25
O João do Estarreja Hotel escreveu-me a propósito do post sobre o impacto dos blogues. Terei todo o gosto em responder.

Discordo consigo, o impacto dos blogs locais têm-se mostrado quando chegam às 1ªs paginas dos jornais como no caso do camião que ardeu na entrada da quimiparque e que foi publicado em 1º no Estarrejahotel e depois de contactado pelo jornal de noticias cedi as imagens para o artigo no jornal de noticias, no caso das lamas de canelas no noticiasdaaldeia foi a mesma coisa.

R – Poucas vezes uma notícia publicada num blogue local chega às páginas dos jornais. Existem de facto alguns casos pontuais como os citados, mas são muito poucos. Portanto, o seu impacto em termos globais é muito reduzido e a sua influência também.


Em relação às visitas o estarrejahotel está neste momento com uma média de 100 visitantes diários menos ao fim de semana que desce para os 50 , de todo o mundo e chegam à caixa de correio do estarrejahotel muitos mails com noticias e novidades de todo o mundo da nossa comunidade de emigrantes.

R- É um dos aspectos positivos dos blogues locais. Permitem que qualquer pessoa no mundo tenha uma ideia do que se passa por cá. Permitem também acesso a discussões locais e a debates políticos que muitas vezes não passam nos jornais. Mas uma média de 50 ou mesmo de 100 visitas por dia, não sustenta a ideia de que possuem impacto. Depois convém lembrar que estamos num país onde a Internet chega a 30% das casas. O acesso à net ainda é limitado a menos de metade da população. Portanto, grande parte da comunidade não lê blogues.


Não é que sejam números que espantem ou que tenham realmente um grande impacto na comunidade, mas as visitas são de qualidade e principalmente são consultados diariamente pela comunicação social nacional que aqui vem beber muita da informação que pública, disso lhe garanto, até porque trabalho directamente com alguns orgãos de comunicação social nacional e sei que os blogs são de uma importância extrema para os caçadores de noticias. O que a meu ver nos dá a todos que seriamente por cá vão publicando uns posts uma responsabilidade extra e um cuidado grande no que se diz e mostra.

R- É um facto que os jornalistas são leitores atentos de blogues. Perceberam que os blogues podem suscitar debates interessantes e despoletar coisas novas. Neste ponto estamos de acordo. Mas muito do que se publica nos blogues não é aproveitável do ponto de vista jornalístico, pois estamos a falar muitas vezes de impressões, de estados de alma, de afirmações fáceis e etc…
Concordo obviamente que devemos ter cuidado com o que publicamos. Já o disse em tempos.
 
posted by Jose Matos at 20:01
Lembro-me de um tempo em que as matas e florestas eram limpas e cuidadas. Também me lembro do tempo em que os campos eram amanhados e cuidados. Já não me lembro do tempo em que os barcos vinham trazer peixe a Canelas. Do tempo em que os lobos caminhavam nos campos em busca de gado. Esse tempo morreu ainda antes de eu nascer. Muita coisa morreu desde que eu nasci.

E agora que os campos são apenas uma imensa mancha de aves e de água, de juncais e de valas, de sombras e de caminhos de terra esquecidos, de nomes apagados, de bocados de tempo que nunca mais voltam, não sabemos o que fazer com eles? Que diriam os antigos se cá voltassem? Saberiam ainda percorrer os caminhos esquecidos?
 
posted by Jose Matos at 14:25
A caça em zonas húmidas como a Ria de Aveiro é permitida em determinadas alturas do ano. As espécies que podem ser caçadas nestas zonas são os patos, as galinhas de água, o galeirão e a narceja.

Este tipo de caça tem obviamente regras e compete à GNR fiscalizar o cumprimento das mesmas. Sempre assim foi ao longo do tempo. É claro que é fácil perceber que a fiscalização da caça nunca foi muito eficiente. E o bom senso dos caçadores também não.



No caso, por exemplo, da caça ao pato muitos atiram para o meio do bando (ferindo várias aves) e nunca para a frente ou para trás.

Outros nem sequer respeitam as propriedades onde caçam, outros abatem espécies não autorizadas e no geral todos deixam lixo por onde andam. Este desmazelo é muito característico dos nossos caçadores livres, que caçam obviamente sem grandes preocupações. Cada um caça o mais que pode, sem se responsabilizar por criar a caça, sem pagar nada pelo que caça.

Ora a única medida sensata que podia acabar com este anacronismo era acabar com o regime cinegético livre. Lembro-me do governo ter falado nisso há um ano atrás e da intenção de o fazer até ao final da legislatura. Vamos ver se tem coragem para isso. Agora enquanto isso não acontecer vamos continuar a ver coisas como aquelas que o Estarreja Hotel denuncia.
 
posted by Jose Matos at 13:50
O impacto de um blogue local como este ou outros é muito reduzido. Por dia passam por aqui algumas dezenas de pessoas (50 em dias bons), mas o impacto do que escrevo aqui é diminuto. Por isso, a vida continua com a maior das normalidades e muitas das pessoas que vivem aqui ou noutro sítio qualquer do concelho nunca vão ler o que escrevo. Nem querem saber de mim para nada ou de outros bloguistas activos. Por isso, muitas das denúncias que circulam na blogosfera não possuem qualquer visibilidade na atmosfera ou melhor dizendo na vida comum das pessoas.
 
posted by Jose Matos at 13:48
quarta-feira, outubro 04, 2006
Mantenho em relação ao Ikea um grande distanciamento e serenidade. Não partilho de grandes optimismos em relação à sua vinda para Estarreja. Também não estou pessimista. Acho que Estarreja e Paredes são os dois municípios que oferecem melhores condições para a instalação da fábrica sueca. Nessa perspectiva acharia muito estranho que Paços de Ferreira fosse escolhido.

Espero que a decisão a anunciar seja clara e transparente. É claro que se vier para Estarreja muitos se colarão ao governo dizendo que foi graças ao Ministro da Economia que o Ikea se instalou em Estarreja. Outros dirão mesmo que foi graças ao esforço do PS no passado.

Mas se não vier, as culpas cairão apenas no Presidente da Câmara. Será acusado de tudo, de inércia, de deixar fugir tudo, de não saber governar e por aí fora. É assim que as coisas funcionam em política. É um filme que já vi muitas vezes. Por isso, espero com serenidade. Sem grandes alaridos, sem grandes optimismos.
 
posted by Jose Matos at 10:35
terça-feira, outubro 03, 2006
O famoso estudo sobre a requalificação das urgências já está on-line a partir de hoje para quem o quiser consultar.
 
posted by Jose Matos at 19:26
Interessante este exercício de prever o futuro. Ninguém sabe como será o mundo em 2020, mas é sempre possível adivinhar. Mas daqui a 15 anos quando olharmos para este livro que sentido terá?

 
posted by Jose Matos at 14:19
Um dia há-de chegar ao fim. O ouro negro. Calcula-se que seja este século. Como será o mundo então. A ver.
 
posted by Jose Matos at 14:10
segunda-feira, outubro 02, 2006
Um comentário ao desmentido que a deputada Marisa Macedo enviou para o Efervescente.

1º O Partido Socialista não apresentou qualquer queixa no IGAT contra a Câmara Municipal de Estarreja, designadamente quanto a qualquer assunto que abranja o Parque Eco-Empresarial de Estarreja.

R- Qualquer um hoje em dia pode apresentar uma queixa no IGAT, pois este serviço até possui um sistema de queixas electrónicas. Portanto, não precisa de ser um partido a apresentar queixa. Qualquer militante pode fazê-lo. Qualquer dirigente do PS podia fazê-lo a título pessoal. Ora será que aqui não estamos perante um mero jogo de palavras? É uma pergunta que faço e que não está claramente explicada neste desmentido. No entanto, aguardo obviamente que um dia seja divulgado o autor da queixa. E como é hábito não faço qualquer julgamento sobre isso. Quem a apresentou estava no seu direito legítimo.

2º Enquanto não soubermos a decisão do Ikea nem sequer nos pronunciamos sobre o estado do parque, nem sobre o conteúdo da alegada queixa que o Sr. Presidente leu na Assembleia Municipal.

R- Não se pronunciam sobre o conteúdo da alegada queixa? Então, mas se não foi o PS a fazer queixa, o que é que interessa o vosso pronunciamento sobre o conteúdo da alegada queixa? É estranha esta frase, pois denota preocupação por algo alheio a vós. Quanto ao facto de não se pronunciarem sobre o estado do parque antes da decisão do Ikea, há aqui um lapso. Vocês já se pronunciaram em assembleia sobre isso insinuando que alguma coisa não estaria bem em relação aos terrenos e às empresas lá instaladas. Portanto, podem falar à vontade, pois já o insinuaram em assembleia. Mas sinceramente acho que não se devem preocupar com isso. O Ikea sabe muito bem as condições do Parque Eco-Empresarial. Como todas as empresas recebeu toda a informação sobre esse dossier. Portanto, estão bem informados.

3º Depois da decisão do Ikea, o PS vai querer saber se o que o Sr. Presidente leu é verdade, porque a ser, estamos perante um caso grave.

R- Pois vamos ver isso. Se o PS ou qualquer um dos seus dirigentes nada tem a ver com a queixa, então o Presidente da Câmara tem que pedir desculpas pelo que disse em assembleia. Agora se existe alguma conexão partidária entre o PS de Estarreja e a dita queixa, então tudo não passou de um mero jogo de palavras e o Presidente terá cometido o lapso de não ter dito: “o PS ou alguém ligado ao PS”.

4º A ser verdade que exista uma queixa, nada justifica a sua divulgação pública.

R- Essa é boa. Então não se pode divulgar uma queixa? O Dr. Vladimiro Silva sempre as divulgou no passado. Não vejo que a actual câmara não possa fazer o mesmo. As queixas não são secretas.

5º Conforme referiu o Sr. Presidente, a Ikea fez-se acompanhar de advogados nas suas visitas a Estarreja, para verificarem em detalhe, as condições que o município oferece. Qualquer advogado facilmente se apercebe do estado do Parque Eco-Empresarial. Pelo que, mesmo que a queixa exista, em nada pode influir na decisão do Ikea.

R- Concordo plenamente. O Ikea quando decidir não é com base em queixas. É com base nas condições que forem oferecidas pelos vários concorrentes. Pelo menos, é isso que todos nós esperamos. Transparência na decisão.

6º Os membros da AM do PS ficaram com a sensação de que o Sr. Presidente já deve saber qual o sentido da decisão do Ikea e, por isso, resolveu atacar o PS para tentar desculpar uma possível não vinda daquela multinacional.

R- Pois se ficaram com essa impressão estão enganados. O Presidente sobre o Ikea sabe tanto como o governo ou como os outros presidentes de câmara, ou seja, que o Ikea ainda não tomou decisão nenhuma. Agora há uma coisa que todos sabemos. É que um órgão tutelado pelo governo ofereceu-se para desanexar de uma REN uma área para a dita fábrica em Paços de Ferreira. E isso é muito estranho, pois dos três municípios concorrentes, Paços de Ferreira é aquele que tem menos condições para oferecer ao Ikea.

7º Mesmo que o PS tivesse apresentado uma queixa – o que não é verdade – não estava a fazer nada que o Sr. Presidente e o seu partido não tivesse feito quando o PS era poder. Relembramos que apresentou dezenas de queixas contra o PS e duas pessoas deste partido, apesar de até hoje não ter ganho nenhuma. Caso o PS tivesse apresentado queixa, o Sr. Presidente apenas estaria a provar do seu próprio veneno.

R- As pessoas e os partidos são obviamente livres de apresentar as queixas que bem entenderem. Por acaso, não foram dezenas de queixas, mas para o caso não interessa, pois sempre tiveram como objectivo fiscalizar situações menos claras para a oposição. Mas em relação a inspecções do IGAT (sejam por queixas ou de rotina) é bom lembrar que uma delas detectou irregularidades no último mandato do PS na área da cultura e que eu saiba, também nunca foi arquivado no IGAT, o dossier referente às viagens do Dr. Vladimiro Silva no seu tempo de Presidente da Câmara.
 
posted by Jose Matos at 14:39
Há dias encontrei-a à venda em Coimbra. Nunca a tinha visto à venda por cá. Quando queria algum número encomendava directamente de França. Portanto, foi uma surpresa agradável ver que a Diplomatie também já chega a Portugal. A ver com atenção.

 
posted by Jose Matos at 13:57
domingo, outubro 01, 2006
Uma performance de Helena Botto e Joaquim Pavão de 2 a 7 de Outubro em Estarreja pelo ACTO. Calculo que seja uma adaptação da peça de Eurípides? Ou talvez não? Só mesmo vendo.
 
posted by Jose Matos at 12:59
São Miguel Arcanjo, cujo nome significa "o que é um com Deus", é o chefe dos exércitos celestiais. É ele que no Apocalipse derrota o demónio e o lança não sei bem para onde. Por isso, aparece nas gravuras atacando o anjo infernal. Acho-lhe piada com aquela espada a dar cabo do pobre demónio. Do diabo, do sedutor da Terra.

 
posted by Jose Matos at 12:38