É curioso como podemos facilmente cair em depressão pós-eleitoral e ter dificuldade em explicar porque estamos deprimidos.
Quem venceu não necessita muito de explicar a vitória e quem perdeu tem dificuldades em explicar porque perdeu. Diria mesmo que tem dificuldade em perceber o que lhe aconteceu. E tem dificuldade em apontar os culpados e as falhas. É certo que já aqui poupei algum trabalho a esse nível, mas é sempre bom ouvir o outro lado.
O Estarreja Efervescente podia fazer isso. Mas na sua primeira análise tem também essa dificuldade. Nota-se mesmo uma vontade escondida de falar, mas ao mesmo tempo uma grande contenção para não partir ainda mais a loiça. O Vladimiro Jorge sempre soube ao longo do tempo que houve erros e estratégias mal definidas que se foram acumulando. Nunca as denunciou. Aliás, escreveu mesmo coisas que faziam acreditar no contrário, de que estava tudo bem e a vitória estava ao alcance do PS. Aqui do meu barco sorria sempre quando o via fazer isso, pois percebia que estava a remar contra a maré. Estava a tentar evitar o naufrágio. Estava no fundo a fazer campanha.
É compreensível, mas agora que as eleições já passaram, podia falar à vontade. Mas prefere a contenção. Prefere não meter mais água para dentro do barco. Mas agora que o barco foi ao fundo, a quantidade de água que metemos ou tiramos acaba por ser irrelevante. Portanto, espero que faças uma análise mesmo a sério e até podes usar as memórias deste blogue para te dar uma ajuda.
Não vou repetir muito do que já disse aqui, ou seja, que nunca me pareceu boa ideia que Vladimiro Silva fosse novamente candidato do PS nestas eleições. Nem a mim nem a muita gente dentro do PS. É claro que o seu peso pessoal no contexto local teve relevância no passado nas vitórias que o PS obteve, mas sabe-se que as suas duas vitórias foram em grande parte devido ao cansaço do adversário e alguma dinâmica de vitória que beneficiou em 97 pelo facto de estar no poder. Mas esquecem-se que a sua segunda vitória para a câmara foi por 80 votos, o que já era um sinal de que o PSD estava prestes conquistar de novo o poder. O seu estilo de governação também nunca foi muito conciliardor e polido, o que criou fricções inúteis.
Portanto, a sua vontade de ser candidato de novo foi um erro não só dele como também do partido que o aceitou inicialmente. Mesmo que não tivesse sido afastado teria nestas eleições uma derrota pesada, não diferindo muito do que aconteceu no domingo.
É certo que Teixeira da Silva sempre foi um candidato de recurso e com dificuldade em fazer passar a mensagem do PS, mas soube renovar as listas do partido e até apresentar um bom programa eleitoral, embora com alguma falta de preparação.
O PS sempre esteve e sempre estará em águas adversas. E é isso que tem que perceber de uma vez por todas. O que tem a fazer é preparar pacientemente uma alternativa de poder. Mas ao fazê-lo tem que ter em linha de conta que nunca será fácil conquistar de novo a câmara. E se calhar vai ter que esperar muito tempo para isso. Mas a paciência um dia há-de compensar, quando o PSD estiver cansado e esgotado. Mas isso vai demorar e não será concerteza em 2009.