Todos os anos os recados são sempre os mesmos. Todos os anos assinalamos o feriado como a data mais importante da nossa democracia. Mas todos os anos ficamos enfiados em casa ou então vamos passear sem que o acontecimento tenha qualquer relevância na nossa vida pública ou privada a não ser o facto de ser feriado e de não fazermos nenhum. Mesmo nas escolas pouco se fala do 25 do Abril e a memória do acontecimento nas gerações mais novas vai ficando cada vez mais baça.
A História sempre foi uma dor de cabeça nas escolas. Já no meu tempo o nº de negativas era elevado na disciplina e parece que hoje continua. Ou seja, temos gerações sucessivas de alunos para quem a História sempre foi uma seca e uma coisa para esquecer. Tudo isto somado ao facto de muitas vezes o assunto não ser abordado na disciplina criou na sociedade uma ignorância enorme sobre o antes e depois do 25 de Abril. Quem não viveu a ditadura já não sabe como foi e mesmo quem viveu, assimilou apenas o que interessava ao Estado Novo, ou seja, assimilou uma sociedade disciplinada com mecanismos de regulação e de censura que permitiam apenas uma expressão reduzida do cidadão, que não se devia imiscuir nos assuntos da Nação.
Daí que ainda hoje se ouve nos mais velhos a expressão do que “o Salazar é que era bom” ou que “faz falta é outro Salazar para endireitar isto”. É espantoso que o digam, mas é um sinal claro do grau de domesticação social e política que dominava toda a sociedade com algumas bolsas de resistência ali e acolá. Nesse tempo, não se via mais longe do que a ponta do nariz e a vida estava reduzida ao essencial, ou seja, comer, dormir, trabalhar e pouco mais. A cultura e a ciência eram coisas estranhas e a política uma área perigosa que se devia evitar a todo o custo.
Por outro lado, as hierarquizações da sociedade eram enormes e as reverências também. As elites detentoras do conhecimento ou do capital económico tinham um poder enorme sobre as classes mais pobres ou iletradas. Um título de doutor dava de imediato ascensão social e prestígio público. E os ricos tinham uma influência considerável em qualquer sector. Isto desde que não afrontassem o estado ou o poder político vigente, pois se o fizessem arriscavam muita coisa (faz lembrar um pouco a Rússia dos tempos actuais).
A História sempre foi uma dor de cabeça nas escolas. Já no meu tempo o nº de negativas era elevado na disciplina e parece que hoje continua. Ou seja, temos gerações sucessivas de alunos para quem a História sempre foi uma seca e uma coisa para esquecer. Tudo isto somado ao facto de muitas vezes o assunto não ser abordado na disciplina criou na sociedade uma ignorância enorme sobre o antes e depois do 25 de Abril. Quem não viveu a ditadura já não sabe como foi e mesmo quem viveu, assimilou apenas o que interessava ao Estado Novo, ou seja, assimilou uma sociedade disciplinada com mecanismos de regulação e de censura que permitiam apenas uma expressão reduzida do cidadão, que não se devia imiscuir nos assuntos da Nação.
Daí que ainda hoje se ouve nos mais velhos a expressão do que “o Salazar é que era bom” ou que “faz falta é outro Salazar para endireitar isto”. É espantoso que o digam, mas é um sinal claro do grau de domesticação social e política que dominava toda a sociedade com algumas bolsas de resistência ali e acolá. Nesse tempo, não se via mais longe do que a ponta do nariz e a vida estava reduzida ao essencial, ou seja, comer, dormir, trabalhar e pouco mais. A cultura e a ciência eram coisas estranhas e a política uma área perigosa que se devia evitar a todo o custo.
Por outro lado, as hierarquizações da sociedade eram enormes e as reverências também. As elites detentoras do conhecimento ou do capital económico tinham um poder enorme sobre as classes mais pobres ou iletradas. Um título de doutor dava de imediato ascensão social e prestígio público. E os ricos tinham uma influência considerável em qualquer sector. Isto desde que não afrontassem o estado ou o poder político vigente, pois se o fizessem arriscavam muita coisa (faz lembrar um pouco a Rússia dos tempos actuais).
Ora, o 25 de Abril foi uma revolução para mudar todo este estado de coisas. Todavia, em muitos aspectos não cumpriu os seus objectivos. As antigas inércias, os vícios, as burocracias, a iletracia, a falta de cultura democrática, não desapareceram por causa de uma simples revolução. Continuaram presentes embora disfarçadas pela mudança política para a democracia. E é isto que o 25 de Abril nos devia lembrar. Que o país, embora tenha mudado muito no seu espaço físico, continua imerso em esquemas mentais arcaicos e antigos. E não é fácil fugir a isso.