A questão da nova piscina tem sido apontada como uma obra faraónica do actual executivo. A crítica é curiosa, pois tão depressa acusam quem governa de não ter obras como de querer fazer obras faraónicas. Fica-se a pensar que tipo de obras gostava a oposição de ver feitas? O pavilhão multiusos? E fica a pergunta: será que um pavilhão multiusos era mais importante que uma nova piscina? Será que o PS possui algum estudo que diga isso?
Mas no caso da piscina cada um pode obviamente ter direito à sua opinião. Há muita gente a quem a piscina não faz falta. Há muita gente que nunca lá meteu os pés e é natural que um projecto de uma nova piscina não lhes diga nada.
Mas só quem não sabe o que está em causa pode dizer que a nova piscina é uma obra dispensável e o PS local não sabe de facto o que está em causa. É claro que devia saber, pois no mandato anterior tomou conhecimento do relatório técnico que foi feito à piscina e dos problemas encontrados e das soluções apontadas. Mas como não há grande contacto entre a actual vereação e a anterior é natural surgirem descoordenações e pedidos de estudos, quando os estudos estão feitos.
Mas convém também dizer neste capítulo, que a linha seguida é coerente. O PS nunca quis uma nova piscina municipal. Tanto assim é que nunca a meteu no seu programa eleitoral. Também votou contra ao plano plurianual de investimentos, onde a obra está prevista. Portanto, ganhava mais em dizer claramente que é contra à nova piscina e que discorda de qualquer obra a esse nível. Usou recentemente o argumento económico, mas a verdade é que mesmo sem a questão económica em jogo, o PS nunca mostrou qualquer entusiasmo pela ideia. Portanto, quanto a isso estamos conversados.
O que está em causa é que actual piscina atingiu o seu período de vida útil e os problemas daí decorrentes são de diversa ordem que passo a enumerar.
- Custos de manutenção elevados – só no ano de 2001 foram gastos mais de 46.000 euros
- Falta de bombas doseadoras de tratamento de água
- Circulação da água insuficiente
- Filtragem insuficiente
- Não existem tanques de compensação
- Não existe Unidade de Tratamento do Ar
- Estrutura metálica, com elevada corrosão
- Falta de estruturas de apoio, nomeadamente local para os pais assistirem às aulas, bancada, cadeira elevatória para deficientes, etc,etc..
Estes foram os problemas que o referido estudo encontrou na actual piscina. E o estudo já tem alguns anos. Alguns foram corrigidos, mas outros subsistem devido à idade da estrutura.
Na altura, o estudo apontava três soluções que passo a citar:
Solução 1
Recuperação do edifício existente. Investimento reduzido, baseado na substituição de revestimentos, tubagens, substituição de equipamentos, substituição de infra-estruturas mecânicas e eléctricas, substituição de caixilharia e correcções pontuais da edificação. Vão contudo prevalecer os problemas funcionais mais graves. O investimento garante o mínimo de condições por mais três/quatro anos
Solução 2
Remodelação total e profunda do edifício existente, com o aproveitamento da parte estrutural. Pretende-se cumprir as normas da Directiva CNQ (Conselho Nacional Qualidade). Implica a demolição dos tanques, para aplicação de caleira finlandesa e tanque de compensação. O resultado fica sempre condicionado pelas áreas e estrutura de betão. O problema crucial do edifício existente (a dimensão dos tanques) não será resolvido. Será uma solução condicionada onde não se poderão efectuar algumas provas de natação, nomeadamente nacionais. Acrescem ainda os problemas inerentes à manutenção.
Solução 3
Construção de um complexo de piscinas municipais totalmente novo.
O projecto cumprirá as mais recentes exigências funcionais e tecnológicas para este tipo de edifícios.
Ora olhando para o estudo a terceira solução surge obviamente como a mais racional. Estar investir na actual piscina é estar a investir numa estrutura velha que não responde às necessidades que temos. Portanto, a terceira solução surge como a mais sensata. E é isto que muita gente ainda não percebeu. Em relação aqueles que não conhecem o estudo, é natural que falem sem saber, mas em relação aqueles que têm conhecimento do mesmo é estranho que falem mesmo sabendo que o estudo existe? É óbvio que atravessamos uma fase de contenção orçamental, mas contenção orçamental não significa adiar para sempre qualquer obra de grande dimensão.
É claro que a oposição devia explicar perante o relatório técnico que solução defende? A primeira ou a segunda? Ou não fazer nada? É que me parece que a opção é mesmo não fazer nada. Bem, fico à espera de uma solução alternativa.