É pena que as assembleias municipais sejam tão pouco frequentadas pelo público, pois há sempre momentos interessantes. A última foi realmente peculiar e cheio de espírito natalício, pois acabou cedo (a horas decentes), discutiu-se o que era importante e não houve guerra. Ficam mais algumas notas sobre questões abordadas que acho interessantes.
Árvores
A questão arbórea não podia obviamente passar em branco na última assembleia. Os arboricultores de serviço puxaram o assunto. É claro que o Presidente da Câmara já sabia que ia ser assim por causa da discussão na blogosfera e vinha preparado. A lista de árvores que apresentou e que vão ser plantadas no parque municipal do Antuã e na nova rotunda do hospital era enorme e fiquei perdido no meio de tantas árvores. E acho que toda a gente ficou arborizada com tanto verde. Mas mais uma vez se mostrou que os arboricultores de serviço exageraram nas preocupações. Aliás, foi dito que tanto num projecto como noutro houve acompanhamento de um arquitecto paisagista. Portanto, parece-me que não se justificava tanta indignação arbórea.
IC 1
Os deputados da oposição continuam a insistir em fazer perguntas sobre uma obra que está mais que morta e enterrada. Eles sabem isso tão bem como eu, mas lá vão cumprir o seu papel. E o presidente da câmara voltou a dizer o mesmo. Que o traçado a poente era a melhor solução, mas caso a obra não avançasse havia que pensar alternativas à actual 109.
TGV
Parece evidente que a actual câmara não tem grande interesse em ter uma linha de alta velocidade a passar pelo concelho. Não traz vantagens nenhumas para nós e é mais uma barreira artificial que nos metem aqui. Acho que o presidente da câmara foi claro a este respeito e estou de acordo com ele. É claro que não sabemos ainda qual é a opção que vai ser tomada em relação ao TGV. Neste momento, existem dois traçados em cima da mesa e tanto num caso como noutro passam por Aveiro, só que diferem ao passar na nossa zona, pois tudo depende do tipo de ligação vamos ter a Espanha, ou seja, se é por Salamanca ou por Cáceres? Seja como for, é um tipo de linha que escusa de passar por cá.
O maior orçamento de sempre
É um facto que este é maior o orçamento de sempre. Também é um facto que isto parece não convencer a oposição, pois argumentam sempre que a taxa de execução é baixa (30%-40%). Mas há logo aqui uma contradição. Se eu tenho um orçamento de 1000 euros e executo 30% quer dizer que gastei 300 euros. Mas se no ano seguinte o orçamento é de 1500 euros é óbvio que mesmo a 30% vou gastar mais dinheiro. Ora se o orçamento da câmara é o maior de sempre é óbvio que mesmo com uma execução de 30%, o investimento é maior que noutros anos. Outra coisa que salta à vista na gestão deste executivo é uma redução nas despesas correntes conseguida obviamente (mas não só) à custa de alguma poupança. É claro que o orçamento continua a ser demasiado virtual, mas isso já não é um problema da câmara, mas sim da própria lei. Aliás, é triste vivermos num país onde ninguém tem coragem para mexer nas regras de orçamentação do sector público, onde ainda está tudo na pré-história.
O Biquíni
O deputado Manuel Júlio do PS, incansável defensor das energias renováveis, comparou o orçamento a um biquíni. Acho que é uma boa comparação, embora não da forma como ele a fez. É que tal como um biquíni temos um orçamento com linhas bem claras e definidas e de conteúdo atraente. Mas, mesmo assim, penso que foi uma comparação feliz e uma das melhores intervenções do ano na assembleia. Só faltou lá a moça para fazer a comparação ao vivo.
CDU
Não se percebeu a posição da CDU na votação do orçamento. O deputado Matos de Almeida disse que vinha disposto a abster-se, mas que depois de ouvir algumas intervenções da coligação mudou de ideias, pois segundo ele ninguém defendeu o orçamento. É estranha esta forma de agir, ou seja, parece que foram os deputados da coligação que o convenceram a votar contra, mas é curioso que este estranho efeito dos deputados da coligação só tenha influenciado o deputado da CDU. O resto da oposição optou pela abstenção. Mas o mais estranho é esta adesão da CDU aos deputados da coligação. Ou melhor dizendo esta falta de posição em que um deputado muda de rumo (numa matéria tão importante) consoante o decorrer da assembleia. Todas as pessoas podem obviamente mudar de opinião, mas não deixa de ser um episódio estranho. Mas com toda esta influência que temos sobre ele, nas próximas eleições ainda vai às tantas aparecer numa lista das nossas.